quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Como e para quê fabricam os estados dinheiro a partir do nada

Ontem, no Jornal das Nove, João Cantiga Esteves, tentou - e em boa medida julgo que o conseguiu - chamar a atenção para duas questões económicas essenciais: 1) Não é possível gastar o que não se tem, décadas a fio, sem que tal tenha consequências; 2) Como os governos, chegados a um ponto em que o serviço da dívida (juros e amortizações) se torna asfixiante e esgotado que seja o recurso ao aumento dos impostos - por receio da erupção de motins e/ou de fuga generalizada aos mesmos -, há a terrível tentação, que diria ser inevitável em regime de papel-moeda, de os governos se virarem para os bancos centrais e pedir-lhes que, pura e simplesmente, emitam moeda nas quantidades tidas por "necessárias"; ora, é historicamente consabido como esta última "solução" é equivalente à do toxicodependente: os estados tornam-se cada vez mais dela dependentes necessitando de "doses" sempre crescentes. O desmame é horrível.

Antes de passar ao vídeo, que aconselho a que seja visionado na íntegra, atenhamo-nos à simplicidade com que, na era digital, esta operação de fazer dinheiro "do nada" se resume. Suponhamos que o BCE necessita, para comprar títulos da dívida pública dos PIIGS, de mil milhões de euros. Como se trata de um banco emissor basta que alguém se sente a um computador e transforme um registo sob a forma inicial,

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num outro, agora com este "aspecto":

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E já está! Simples, não é? Chama-se a isto "imprimir" dinheiro. E não há limites!

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