terça-feira, 10 de maio de 2016

MasterClass - Nassim Taleb

"Anti-frágil é vencer o teste do tempo"

Partilhamos com os nossos leitores uma muito recente palestra de Nassim Taleb na Colômbia. Esta masterclass, promovida pelo Banco de Comércio Exterior, concentra-se na exploração das relações dilemáticas entre os conceitos centrais da obra recente de Taleb - frágil e anti-frágil.

Os exemplos explorados são muito interessantes e desafiam noções instaladas quanto à estabilidade e progresso. Seja das empresas e das economias, seja das tecnologias ou das peças de teatro.
Muito importa considerar na perspectiva que parece resultar da reflexão de Taleb quanto à desvalorização do conhecimento face ao saber-fazer, da episteme face à techne. A ponderar, portanto.

Interessante conclusão do estudo acerca da volatilidade e da adaptação à volatilidade dos sistemas: dois grupos de países; um dos grupos com países com um só governo nas últimas quatro décadas; outro grupo de países com dezenas de governos nas últimas décadas; Conclusão: neste segundo grupo concentram-se os países (e economias) mais resilientes e produtivas. A volatilidade foi negociada com relativa facilidade e êxito.
Um dos exemplos do primeiro grupo é a Síria. Um exemplo do segundo grupo é a Itália.
O argumento faz pensar. O que seria, então, um mercado sem governo centralizado?
Concluo, a partir do próprio Taleb, que seria um excelente exemplar de um objecto anti-frágil.

Promissor.

Boas reflexões.

2 comentários:

JS disse...

Excelente. Subtil. Bem a propósito. Sem "medo" do eleitorado os responsáveis são irresponsáveis, como também se consta por cá.

E o que pensará disto o comentador, feito Presidente, que não quer, "já chega de eleições" (porque agora já tenho o que sempre quiz ?). Tudo bem, paz em Belém
Será que está a pensar em quem ?. Nele ou no "seu" belo País?.
Abraço cordial e mais uma vez obg.

LV disse...

Caro JS,

Nem imagina o esforço que tenho feito para evitar escrever alguma coisa acerca do comentador tornado animador-presidente. Não é pela facilidade em atacar esta sufocante presença do senhor, das suas danças e comportamentos de fingida naturalidade.
Antes é por me escapar - ainda - a melhor expressão para o que sinto acerca da natureza deste mandato e do seu executante.
Vejo nesta presença constante, para além de uma viciada atitude paternalista, um gesto de desespero em tapar alguma coisa. Em esconder e ofuscar algo de muito doente que tresanda por detrás da cortina. Pelo excesso de presença, pelo desespero de querer orientar a dinâmica da narrativa, sublinhando certos momentos, conferindo tensão e significado forçado para certas ideias e emoções. Um esforçado animador-presidente-encenador.

Complexa, ainda, esta minha expressão. Terei de a "marinar" um pouco mais.

Quanto a Taleb, a naturalidade e a frescura do desafio que nos lança ao considerar modos de considerar a resiliência em múltiplas plataformas/objectos é pedagógica. E motivadora, até. O alcance do seu olhar para as escolas ("seria determinante ter mais milhões de liceus na Índia, do que mais uma universidade") é tremendo. E desafia convicções muito arreigadas na nossa cultura. Onde a autoridade também se projecta a partir da cátedra. Ao apertar os parafusos das cabeças dos jovens numa concepção de educação como linha de montagem. O lema desta fábrica pode ser: Um ensino para formar bons contribuintes, não seres livres e criativos.
Triste. Mas o confronto com esta dificuldade será determinante.

Que dizem os demais leitores?

Retribuo-lhe a simpatia, agradecendo a leitura crítica e o estímulo que as suas intervenções sempre me dão.

Saudações,
LV