sexta-feira, 29 de março de 2013

Não acreditar em nada até que seja oficialmente desmentido (2)

Neste caso em particular, em papel timbrado de uma venerável instituição membro do Eurogrupo - o banco central de Chipre, em ofício datado de 11 de Fevereiro último. Consigo até imaginar a qualidade superior do papel utilizado. Pro memoria.

O acordo do Chipre e o desemaranhar do sistema bancário de reservas fraccionárias

Praticamente todos os analistas concordam que, após o ocorrido em Chipre, "nada será como dantes". O abalo telúrico que percorreu a zona euro tornou evidente, para um significativo número de pessoas, que, afinal, os bancos não eram - não são - um oásis de segurança para os valores lá "depositados" (as aspas são propositadas). Joseph Salerno, um especialista em questões monetárias da Escola Austríaca, dá-nos a sua perspectiva, num texto publicado em 27-03-2012, de quais poderão ser esses efeitos no seu texto The Cyprus Deal and the Unraveling of Fractional-Reserve Banking (abaixo traduzido por mim1), assinalando um facto que qualifica de "feliz", assim acompanhando a análise de Detlev Schlichter de que aqui fiz eco.

O tema do sistema bancário de reservas fraccionárias tem sido visto em Portugal como um tema desinteressante, do domínio do esotérico, de que só alguns excêntricos falam e escrevem (e só em ambientes "controlados"). Um caso notável na blogosfera, pela persistência denodada e praticamente solitária, tem sido Carlos Novais o qual, desde que ingressou no "quadro" dos bloggers do Portugal Contemporâneo, vem amplificando o seu significado (e respectivas consequências). Também ele viu uma oportunidade "feliz" para agora animar agora uma recolha de assinaturas para uma petição tendo em vista definir legalmente que os depósitos à ordem sejam cobertos a 100% por reservas - e, portanto, não tenham risco associado - e não, como hoje acontece, constituam na realidade empréstimos aos bancos e, consequentemente, estejam sujeitos aos riscos correspondentes. Eu já a assinei e convido todos os leitores a fazê-lo também.
_______________________
1 - Dei entretanto conta da existência de uma outra tradução no Mises Brasil.
O "acordo do Chipre", como tem sido amplamente designado nos meios de comunicação social, poderá assinalar algo próximo do último acto do lento colapso do sistema bancário de reservas fraccionárias o qual começou com a implosão da indústria das sociedades de poupança e empréstimos [S&L] nos EUA nos finais dos anos 80. Essa tendência continuou com as crises cambiais na Rússia, no México, na Ásia Oriental e na Argentina nos anos 90 onde o sistema de reservas fraccionárias desempenhou um papel decisivo. O desmoronamento do sistema de reservas fraccionárias tornou-se visível, até mesmo para o depositante comum, durante a crise financeira de 2008 que desencadeou corridas a bancos em algumas das maiores e mais veneráveis instituições financeiras do mundo. O colapso final só foi evitado pelo resgate, no montante de milhões de milhões de dólares, dos bancos americanos e estrangeiros levado a cabo pela Reserva Federal.

Mais do que a crise financeira sem precedentes de 2008, no entanto, os recentes acontecimentos no Chipre podem ter desferido o golpe mortal no sistema bancário de reservas fraccionárias. Isto porque o sistema bancário de reservas fraccionárias apenas pode existir enquanto os depositantes tiverem uma total confiança de que, independentemente das dificuldades financeiras que vierem a suceder ao banco a que confiaram os seus "depósitos", serão sempre capazes de os levantar em dinheiro, à sua ordem, a qualquer momento e integralmente. Desde a II Guerra Mundial que o seguro governamental de depósitos bancários, assegurado pelo poder emissor do banco central, foi tido como a garantia inabalável que justificava essa confiança. Com efeito, o sistema bancário de reservas fraccionárias foi percebido como sendo um sistema de reservas a 100 por cento pelos depositantes, que agiam como se o seu dinheiro estivesse sempre "no banco", graças à capacidade dos bancos centrais de fabricar dinheiro a partir do nada (ou no ciberespaço). Perversamente, as diversas crises envolvendo o sistema bancário de reservas fraccionárias, que emergiram uma e outra vez desde os finais dos anos 80, apenas reforçaram essa crença entre os depositantes, porque os bancos problemáticos e as instituições de poupança sempre foram resgatados entre grande animação, especialmente os maiores e os menos estáveis.

Foi assim que surgiu a doutrina do "grande demais para falir" [too big to fail]. Sob esta doutrina, os depositantes e obrigacionistas não segurados foram geralmente resgatados por inteiro sempre que um grande banco faliu, porque era amplamente entendido que a confiança em todo o sistema bancário era algo frágil e evanescente que se poderia quebrar e dissipar por completo em resultado da falência de uma única grande instituição.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Dívida pública e a crueza da aritmética

O gráfico abaixo (construído a partir dos dados disponibilizados aqui) pretende  evidenciar, mais do que a atribuição de quotas-partes de responsabilidade pelo explodir da dívida pública, duas ideias simples: 1) Todos os governos deste período (Guterres II, Durão Barroso/Santana Lopes e Sócrates I e II) contribuíram negativamente para a sua evolução (ainda que em graus diferentes); 2) Que, a não acontecerem excedentes orçamentais significativos num futuro muito próximo e durante muitos anos, o necessário "ajustamento", quando chegar, será brutal. Infelizmente, tendo presente o quadro cultural estatista em que vivemos, tanto na oposição como no governo, como no Tribunal Constitucional e também na Presidência da República, não consigo descortinar qualquer outra saída. A aritmética pode ser de uma crueza atroz e este é certamente um desses casos. Vem aí o "Grande Incumprimento" anunciado por Gary North e a razão é esta: "Politicians cannot bring themselves to stop spending money the governments do not have".


Próximo?

Seguindo a máxima de "não acreditar em nada até que seja oficialmente desmentido", dir-se-ia que se consolidam as probabilidades de mais um candidato a ainda mais um pedido de resgate: Primeira-ministra da Eslovénia exclui pedido de ajuda internacional.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A insanidade da política energética europeia: está a chegar a conta

Christopher Booker tem sido uma presença regular neste blogue praticamente desde o seu início. Jornalista da velha escola tem dedicado a sua vida ao fact-checking, coisa que em Portugal duvido que alguma vez tenha existido e que, pelo menos pelo mundo ocidental, está em vias de extinção nos MSM (Mainstream media). Sozinho, ou em parelha com Richard North, dedicou todo o seu esforço ao exame minucioso dos sucessivos pânicos (amplificados pelos media e assim compelindo os políticos a "fazer alguma coisa") de que o "aquecimento global" constitui, certamente, o zénite da irracionalidade ruinosa. Muita atenção dedicou também à génese da União Europeia e ao modo como ela se desenvolveu, estudando aturadamente o seu "método" e, desse modo, antevendo sem dificuldade o evoluir do monstro globalista de Bruxelas.

A crónica que se segue, publicada no sábado passado na coluna que mantém no Telegraph, é de um brilhantismo difícil de igualar, constituindo prova adicional que os governantes britânicos, Labour ou Tory, ainda que vocalmente em fricção com os "colleagues" da "Europa", se têm limitado a isso mesmo: a uma modulação mais ou menos estridente no tempo para ocupar as manchetes. Entretanto, o declínio ocidental, e em particular o europeu, prossegue, aparentemente irreversível. (A tradução do texto é minha, bem como os realces introduzidos.)
Imagem retirada daqui
Enquanto a neve do mais frio mês de Março desde 1963 continua a cair, ficámos a saber que temos armazenado gás para nos manter aquecidos apenas para 48 horas, e que o primeiro responsável pela nossa segunda maior companhia de electricidade, a SSE, alertou para o facto de que a nossa capacidade geradora [de produção fiável de electricidade] ter caído para níveis tão baixos que podemos esperar, a qualquer momento, cortes no fornecimento de energia eléctrica ["apagões"]. A tempestade perfeita parece pairar sobre nós.

A grotesca gestão da política energética da Grã-Bretanha pelos políticos de todos os partidos, de perseguir as suas quimeras infantis do CO2 induzido pelo aquecimento global e das ventoinhas eólicas, tem vindo a constituir, provavelmente, o maior acto de irresponsabilidade política da nossa história.

Três novos eventos da semana passada trouxeram-nos de novo a bolha louca do faz-de-conta em que estas pessoas vivem. Sob a Directiva da União Europeia das Grandes Instalações de Combustão [link], perdemos mais duas grandes centrais electroprodutoras alimentadas a carvão, a Didcot A e a Cockenzie, capazes de contribuir com nada menos que um décimo das nossas necessidades médias de energia eléctrica. Vimos atribuída a uma empresa estatal francesa, a EDF, autorização para despender uma verba planeada de 14 mil milhões de libras na construção de dois novos reactores nucleares em Somerset, mas em que a empresa diz que a sua conclusão só ocorrerá num horizonte temporal de 10 anos, se lhe for garantido um subsídio que irá duplicar o preço de sua electricidade. Em seguida, escondidos em letras pequenas no Orçamento, surgiram novos números para o imposto em rápida escalada que o Governo irá apresentar na próxima semana que recairá sobre cada tonelada de CO2 emitido pelas centrais alimentadas a combustíveis fósseis, que em breve acrescentarão milhares de milhões de libras às nossas contas de energia eléctrica todos os anos.

À atenção daqueles que acham que a solução passa, necessariamente, pela saída do euro: o exemplar caso do Reino Unido

Godfrey Bloom explica, recorrendo a umas "pinceladas" a partir do "cadeirão":

Próximo!

Ok, o "Armagedeão" terá sido, por agora, adiado evitado. De um modo algo surpreendente (?), devo dizer, através de um arranjo moralmente mais defensável do que o inicialmente previsto (as perdas dos depositantes e accionistas - a componente "bail-in" do pacote de resgate - circunscrever-se-ão aos dois bancos falidos em maiores dificuldades e não a todos os depositantes de todos os bancos, o que indiciava uma punição colectiva de ressonância calvinista).

Há quem tenha ficado entusiasmado com o feito. Afinal de contas, com o S&P nos píncaros, as coisas só podem estar, agora, muito bem encaminhadas. Próximo!!

Imagem retirada daqui

Por que é a crise do Chipre de 2003 pior que a da Argentina em 2001 e do Kreditanstalt (1931)

Martin Sibileau, em Why Cyprus 2013 is worse than the KreditAnstalt (1931) and Argentina 2001 crises, publicado em 24-03-2013, oferece-nos uma leitura histórica comparada entre o "evento" Chipre 2013 e dois outros clássicos homólogos - o da Argentina em 2001 e um outro, mais recuado no tempo - a bancarrota do banco austríaco Kreditanstalt -, que muitos historiadores identificam como extremamente relevante para a hecatombe que se abateria sobre o mundo poucos anos depois. Como pertenço ao grupo daqueles que subscreve, em termos vigorosos, estas asserções de Maria do Carmo Tavares - particularmente, a necessidade de o economista saber História (para que possa ligar os acontecimentos) -, achei interessante partilhar mais um texto não ortodoxo sobre o "evento" Chipre 2013.  A tradução, rápida, é da minha responsabilidade.
O Chipre de 2013, como qualquer outro acontecimento, pode ser analisado em termos políticos e económicos.

Análise política: duas dimensões

Politicamente, consigo distinguir duas dimensões. A primeira dimensão pertence à história geopolítica da região, a que se juntaram as recém-descobertas reservas de gás natural. A relevância histórica vem desde 1853, o ano em que se iniciou a Guerra da Crimeia. A Guerra da Crimeia ocorreu no adjacente mar Negro, mas o propósito político era o mesmo: evitar a expansão da Rússia para o Mediterrâneo. A relevância desse episódio residiu no rompimento do equilíbrio de poder estabelecido após as Guerras Napoleónicas, fixado no Congresso de Viena, em 1815. A partir daí, toda uma nova série de acontecimentos inesperados levaria a uma França mais fraca, a uma Prússia mais forte, a novas alianças e a uma solução final 60 anos depois: a I Guerra Mundial. É neste mesmo quadro que eu vejo o Chipre de 2013 como um acontecimento político muito relevante: caso a Rússia, eventualmente, proporcione um resgate a Chipre (à hora que escrevo, tal não parece provável) contra o penhor das reservas de gás natural ou de uma base naval, um novo equilíbrio de poder terá sido alcançado na região, em que Israel será o maior perdedor.

A segunda dimensão política refere-se a um observação que fiz, há exactamente um ano atrás, precisamente inspirada no evento Kreditanstalt [link] de 1931. Num artigo intitulado: "Acerca do ouro, de acções, da repressão financeira e do Kreditanstalt de 1931", escrevi:
"(O evento Kreditanstalt) foi accionado porque a França, uma credora do sector público, introduziu uma condição política à Áustria, em troca de um resgate ao Kreditanstalt. Hoje, como em 1931, na zona euro, o sector público é, cada vez mais, o credor do sector público. Em 1931, a Inglaterra e a França eram credoras da Áustria e exigiram condições que nenhum investidor privado teria exigido.

Os investidores privados vivem e morrem pelos lucros e prejuízos que obtiverem. Os políticos vivem e morrem pelos votos que consigam alcançar. Os investidores privados preocupam-se com a sustentabilidade e estrutura de capital daquele que pede emprestado, com a exigência de garantias e com o perfil de financiamento dos seus créditos. Os políticos preocupam-se com a sustentabilidade do seu poder. É um facto e temos de aprender a viver com ele.

Em 2012, a Grécia e cada vez mais outros países periféricos da União Europeia são devedores de outros estados, do FMI e do Banco Central Europeu. Os investidores privados foram devastados e não regressarão tão cedo. Tememos que, tal como em 1931, quando o próximo resgate ocorrer, quer novamente à Grécia quer a Portugal ou a Espanha, serão exigidas condições políticas que um investidor privado, no seu pleno juízo, jamais teria exigido.

Pense-se nisto ... Que diabo tinha a união aduaneira entre a Áustria e a Alemanha, em 1931, a ver com o rácio de capitalização do Kreditanstalt??? Nada! E no entanto, milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro foram condenadas à miséria em apenas uma questão de dias enquanto as suas poupanças se evaporavam! Senhoras e senhores, bem-vindos ao mundo das moedas fiat [fiduciárias]! Você foi avisado! Se o leitor, uns meses a partir de agora, ler nos jornais que Conselho da União Europeia irresponsavelmente vier a exigir  coisas estranhas a um país periférico necessitado de um resgate, lembre-se do Kreditanstalt. Lembre-se de 1931 ...

Por favor, compreenda que este não é um risco extremo [tail risk]. O risco extremo é precisamente o oposto [ou seja, é muito significativo]. O real risco extremo aqui [ou seja, o altamente improvável] é que, quando o próximo resgate ocorrer, os políticos pensem como investidores privados pensariam e dêem prioridade à economia e não a considerações políticas. Esse é o risco extremo! Se uma tal crise vier a ocorrer, os media irão falar de correlações crescentes e dir-lhe-ão que tudo está realmente bem neste lado do Atlântico. Mas se nos ler a nós, irá saber que tudo o que levou a tal situação era perfeitamente previsível e nada está realmente bem, também deste lado do Atlântico. Ter-se-á lembrado de 1931..."

Chegado aqui, eu acho que tudo está dito e não tenho mais nada a acrescentar. As minhas preocupações de há um ano estão-se mostrando demasiado correctas.

domingo, 24 de março de 2013

Citação do dia (107)

Da natureza do regime democrático. Nada de novo mas a ter sempre presente.
Os investidores privados vivem e morrem pelos lucros e prejuízos que obtiverem. Os políticos vivem e morrem pelos votos que consigam alcançar. Os investidores privados preocupam-se com a sustentabilidade e estrutura de capital daquele que pede emprestado, com a exigência de garantias e com o perfil de financiamento dos seus créditos. Os políticos preocupam-se com a sustentabilidade do seu poder. É um facto e temos de aprender a viver com ele.

A queda do IV Reich ou do Império da dívida

Similitudes históricas inquietantes.


Via TBP

sábado, 23 de março de 2013

No 10º aniversário da invasão do Iraque

E, como seria de esperar, a descoberta de mais uma "Arma de Destruição Maciça" deu-se em pleno (sub)solo americano.


Por Michael Ramirez.

Curiosidade irrelevante

O nome do actual governador do banco central do Chipre que, imagino, esteja em regime de laboração contínua há já uns dias largos, é, muito apropriadamente, Panicos Demetriades (Wikipédia).

Evocação politicamente incorrecta na "Hora do Planeta"

Recordando todos aqueles que, não apenas entre as 20:30 e as 21:30 de hoje, mas também durante as restantes horas do dia, como de resto aconteceu ao longo de todas as suas vidas, continuam sem poder beneficiar do acesso à electricidade. Calcula-se que sejam mais de 1,3 mil milhões. Um bom motivo para promover uma reflexão, certamente mais proveitosa (e menos hipócrita) que participar em patetices como esta. "Let's keep the lights on!"

Plano inclinado

Já não deve demorar muito: Cyprus Officially Passes Capital Controls Into Law

Retirado daqui

sexta-feira, 22 de março de 2013

Porquê o ouro? Um exemplo prático

Sempre que ocorre uma subida generalizada (e continuada) dos preços num dado país, um dos grupos que muito beneficia dessa situação é o dos grandes devedores (em prejuízo de todos os outros, nomeadamente os aforradores). O Estado está, naturalmente, nesse grupo. Não admira pois que recorra, uma e outra vez, ao truque de promover doses "adequadas" de inflação para "resolver" os problemas da sua tesouraria (chamar-lhe-ão "liquidez") recorrendo à impressora do banco central de que detém o monopólio legal. Esta é também a história da Argentina, mais coisa menos coisa, desde há cerca de 80 anos com um inimigo exterior sempre presente para servir de espantalho para os néscios.

Se nós viermos a sair do euro não acredito que consigamos sucumbir à mesma tentação.

Ai só agora é que é?

Vítor Gaspar garante que prioridade actual é "contribuir para o crescimento".

Parece, assim, que Vítor Gaspar aderiu finalmente às teses "crescimentistas" o que alguns muitos tomarão como "prova" das supostamente erradas políticas de "austeridade" que vêm sendo seguidas desde os tímidos PEC iniciais, ao pedido de socorro, já sob o sufoco da bancarrota, quando-aquele-que-se-apresta-a-voltar-ao-comentarismo-na-"nossa"-televisão governava (?) o país.

E eu que julgava que a prioridade deveria ser, sempre, o crescimento económico embora não aquele medido pelas estatísticas de agregados indiferenciadores (como o PIB) que muito pouco significam e se prestam a todo o tipo de manipulação pelos governos, nomeadamente através dos famigerados "estímulos" (pagos pelos impostos presentes e futuros e, cada vez mais, pelos desemprego) que se limitam a fazer elevar artificialmente os níveis de despesa. Mas devo ser eu que estou a ver mal a coisa pois, afinal de contas, é opinião quase universal de que este é um governo ultra-neo-liberal e, de todo, não é de modo algum um governo de pendor socialista. O seu colega, Álvaro Santos Pereira, por vezes, parece querer vocalizar alguma dose de verdade mas por aí se fica tendo-se já rendido a umas inúteis e dispendiosas politicas "activas" de emprego, ou seja, distribuição de subsídios a esmo.

Uma tradução do discurso de despedida do Congresso de Ron Paul

Um leitor do EI, remeteu-me o link para o vídeo (editado) do discurso de despedida de Ron Paul do Congresso em Novembro último, legendado em português na variante brasileira. Isto fez-me recordar que tinha deixado por concretizar, na altura, um compromisso público - o de proporcionar uma tradução do magistral discurso que Ron Paul então proferiu (a partir daqui). Concretizo-o agora lamentando não poder proporcionar aos leitores interessados a qualidade que gostaria ter conseguido neste empreendimento.

Esta pode muito bem ser a última vez que falo na Câmara. No final do ano irei deixar o Congresso após 23 anos de mandatos ao longo de um período de 36 anos. Os meus objectivos em 1976 eram os mesmos que são hoje: promover a paz e a prosperidade através da estrita adesão aos princípios da liberdade individual.

Era minha opinião que o rumo que os EUA iniciaram na última parte do século XX nos iria levar a uma grave crise financeira e nos mergulharia numa política externa que nos iria sobrecarregar enormemente e comprometer a nossa segurança nacional.

Para atingir os objectivos que procurava, o governo teria que reduzir a despesa, em dimensão e no âmbito, de mudar o sistema monetário e de rejeitar os custos insustentáveis ​​de policiar o mundo e expandir o Império Americano.

Os problemas pareciam ser esmagadores e impossíveis de resolver e porém, do meu ponto de vista, o simples respeito pelas limitações impostas sobre o governo federal pela Constituição teria sido um bom lugar para começar.

Quanto é que consegui realizar?

De muitos pontos de vista, segundo a sabedoria convencional, a minha intermitente carreira no Congresso, de 1976 a 2012, conseguiu muito pouco. Nenhuma legislação tem o meu nome, nem nenhum edifício federal, nem nenhuma auto-estrada - felizmente. Apesar dos meus esforços, o governo cresceu exponencialmente, os impostos permanecem excessivos, e o prolífico aumento de regulamentações incompreensíveis continua. As guerras são constantes e são iniciadas sem que sejam declaradas pelo Congresso, os défices sobem até ao céu, a pobreza está desenfreada e a dependência do governo federal é agora pior do que em qualquer outro momento da nossa história.

Tudo isto com preocupações mínimas para com os défices e responsabilidades não cobertas [pensões futuras, etc.] que o senso comum nos diz que não poderão continuar por muito mais tempo. Um grande, embora nunca mencionado, acordo bipartidário permite manter o segredo bem guardado que consente a manutenção dos níveis de despesa [pública federal]. Um dos lados não abre a mão de um cêntimo nos gastos militares, o outro não desiste de um cêntimo nas despesas sociais, enquanto ambos os lados apoiam os resgates e subsídios à elite bancária e corporativa. E o despesismo continua enquanto a economia enfraquece e continua a espiral descendente. Como o governo continua a tergiversar, as nossas liberdades e a nossa riqueza estão a ser incineradas nas chamas de uma política externa que nos torna menos seguros.

O maior obstáculo para uma mudança real em Washington está na resistência total em admitir que o país está falido. Isso tem implicado que o compromisso, exclusivamente para tornar inevitável o aumenta da despesa, uma vez que nenhum dos lados tem qualquer intenção de a diminuir.

O país e o Congresso continuarão divididos uma vez que já "não há saque para repartir" [com a intensificação da crise financeira e económica].

Sem o reconhecimento deste facto [da falência do estado] os despesistas em Washington vão continuar a sua marcha em direcção a um abismo fiscal muito maior do que o antecipado para Janeiro do ano que vem.

Eu tenho pensado muito sobre o por quê de aqueles de nós que acreditam na liberdade como uma solução, têm tido tão pouco sucesso em convencerem os outros dos seus benefícios. Se a liberdade é o que nós afirmamos ser - o princípio que protege todas as decisões pessoais, sociais e económicas necessárias para a prosperidade máxima e a melhor oportunidade para a paz - deveria ser uma tarefa fácil. Todavia, a história tem mostrado que as massas têm sido bastante receptivas às promessas de autoritários, que raramente ou nunca são cumpridas.

quinta-feira, 21 de março de 2013

O zénite do serviço público de televisão

Sócrates comentador da RTP a partir de Abril.

Nada que me mereça uma especial indignação agora relativamente à personagem. Quanto à instituição e à sua iniciativa,  apenas me parece ser o corolário lógico de uma mistificação que vem perdurando, até mesmo na idade da internet: a de que a televisão e a rádio públicas prestam um tão relevante serviço aos cidadãos que estes, coitados, para seu próprio bem, são obrigados a custeá-las. Se isto não é socialismo, é o quê?

Por favor, acordem!

É o apelo que Detlev Schlichter deixa ficar quando, ainda que a contragosto, defende a opção de haircut dos depositantes cipriotas e, por extensão, de outros cidadãos de outras nacionalidades, Portugal incluído - Cyprus and the reality of banking: Deposit haircuts are both inevitable and the right thing to do. Artigo a ler com muita atenção diria (acompanhando Carlos Novais na recomendação), datado de dia 19 de Março. Esta é uma análise que, a meu ver, tem muitos pontos de contacto com a que Jesús Huerta de Soto aqui fez em defesa do euro e que eu subscrevo (como expliquei anteriormente). A tradução é, como habitualmente, da minha responsabilidade.
Imagem por Pixomar
Também eu fiquei chocado ontem de manhã. Não tanto com a notícia de que os depositantes em bancos cipriotas teriam de enfrentar um haircut, ou uma "taxa" ou um "imposto" sobre os seus depósitos, entendido como uma contribuição para ainda mais outro bailout na zona euro financiado pelos contribuintes de outros países, mas antes pela reacção da imprensa. Aqui estava, de acordo com a maioria dos comentadores internacionais, mais um exemplo da inépcia, ou mesquinhez pura e simples, da elite política da zona euro, um outro exemplo da imposição de sofrimento desnecessário e contraproducente e de uma brutal "austeridade" sobre os cidadãos inocentes dos pequenos e conturbados países. O Daily Telegraph, na sua primeira página, fez uso da hipérbole habitual de um "raide da União Europeia sobre as poupanças" e, naturalmente, de outra "ameaça à recuperação". O que agitou a maioria dos comentadores foi ter sido violada, levianamente, a "santidade" do seguro de depósitos pois mesmo os depósitos de montante inferior a 100 mil euros foram, pelo menos inicialmente, também sujeitos a um haircut, se bem que reduzido. É suposto que este tipo de depósitos desfruta de uma "garantia" que, por um passe de mágica, os protege da dura realidade feita de bancos falidos e de estados falidos. Minar essa "garantia" pode ter consequências de grande alcance para além do pequeno Chipre, uma vez que tem o potencial de erodir a confiança nos sistemas bancários na Grécia, em Espanha e em Portugal.

Concordo que esta é uma medida arriscada. O sistema bancário internacional está altamente alavancado [escorado em dívida] e boa parte dele vem oscilando à beira do abismo há já  muitos anos. Qualquer coisa que afecte os depositantes pode ter graves consequências. Mas, dado o estado de coisas, qualquer tentativa séria para lidar com os problemas dos sistemas bancários deve, inevitavelmente, acarretar riscos. As perguntas são as seguintes: Estão a ser avaliados os tipos correctos de riscos? E qual deveria ser a alternativa?

A banca é um negócio arriscado porque os bancos são empresas altamente alavancadas. (Desculpem-me por lhes dar esta notícia). Num  sistema bancário de reservas fraccionárias os "depósitos" não são depósitos (ou seja, contratos relativos aos serviços de custódia) mas antes empréstimos aos bancos e, como tal, empréstimos a negócios altamente alavancados.

A maioria das pessoas nos países desenvolvidos acostumou-se a não se preocupar com a saúde de cada um dos bancos individualmente considerados. Elas têm sido, ao longo de décadas, levadas a acreditar que todos os bancos são regulados pelo Estado e, em última análise, protegidos pelo estado. É verdade, mas apenas na medida necessária para que os bancos possam assumir riscos ainda maiores e se alavancarem ainda mais. A "protecção" do estado criou agora um monstro bancário que está engolindo os recursos do próprio estado. E isto dificilmente pode constituir um choque surpresa nos inícios de 2013!

A crença ingénua de que os depósitos bancários são sempre "dinheiro bom" por serem garantidos pelo estado e o estado, afinal de contas, é uma cornucópia sem fim, foi talvez compreensível, ou pelo menos desculpável, até cerca de 2008, quando o então primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, em plena crise bancária irlandesa, teve a genial ideia de simplesmente declarar que estariam garantidos pelo estado todos os depósitos em bancos irlandeses. E, pronto, problema resolvido! Obviamente, Cowen não tinha feito as contas e não percebeu quão grande essa garantia iria ser. Bem, tal foi determinado pelos mercados - e a Irlanda, o país, foi à falência.

terça-feira, 19 de março de 2013

Ninguém ousou chamar-lhe roubo

Julgo estarem a alvo de uma perigosa ilusão (que irá provavelmente vir a pagar-se bem cara) aqueles que rejubilam com o que se anuncia - Parlamento cipriota recusa taxa sobre depósitos - preferindo esquecer o que esteve (ainda está?) para acontecer. Algum dos problemas estruturais foi resolvido? Sequer endereçado? Não, tudo continua essencialmente na mesma. Como alguém dizia, com graça, todos "querem emagrecer sem fazer dieta". Por isso, a contra-corrente, parece-me útil divulgar o que me parece ser um excelente texto de Jeffrey Tucker ("None Dare Call It Theft") onde se sublinha que cada um de nós deve retirar lições permanentes do que ocorreu (ou esteve para ocorrer, ou apenas foi adiado ou ainda, de forma mais pérfida, simplesmente substituída por opções ainda piores embora talvez mais subtis). E essas lições têm directamente a ver com a gestão próxima das poupanças de cada um o que melhor se compreende se nos aproximarmos da verdadeira natureza do sistema bancário em que vivemos desde que se abandonaram os últimos vestígios do padrão-ouro. (Peço alguma indulgência para a tradução, algo livre, da minha responsabilidade). 
As euro-elites não o designam por furto ou roubo ou mesmo por um imposto, muito menos e sem rodeios, um default por parte dos bancos cipriotas. Eles estão falando de uma "taxa de estabilidade", um plano que poderá levar não à estabilidade mas a um colapso, num efeito dominó, do sistema bancário na Europa.

Fiel à natureza da propaganda governamental, o chefe de Estado cipriota, Nicos Anastasiades, diz que esta "taxa de estabilidade" é necessária para evitar "um colapso completo do sector bancário". É exactamente o mesmo tipo de linguagem que ouvimos no Outono de 2008 - uma táctica de intimidação usada para fazer aprovar de sopetão [e sem escrutínio] o TARP [link] e os intermináveis resgates subsequentes.

Mais provavelmente, o plano de tributar todos os depósitos bancários no Chipre, de 6,75 a 10%, desencadeará um colapso. Ou talvez apenas a sua simples menção já o tenha feito. Não podemos saber com certeza porque o governo de Chipre declarou um feriado bancário, um termo que significa que os ladrões tiram umas férias para não serem responsabilizados pelas suas acções.

O que este plano sinaliza é bastante claro: o seu dinheiro não está no banco. Se você lá chegar depressa e retirar o que puder, talvez consiga sobreviver. Se se atrasar, ficará totalmente desprotegido. Significa isto uma corrida aos bancos à moda antiga - a prova última quanto à solidez do sistema bancário.

Outra maneira de olhar para isto: trata-se de um jogo da dança das cadeiras e a música acabou de parar. O objectivo do "feriado" é atordoar as pessoas para que elas não consigam encontrar a sua cadeira.

O imposto é parte de um resgate de 10 mil milhões de dólares organizado pelos países da zona euro, juntamente com o FMI. Até agora, durante o longo, lento e imparável desmoronamento dos sistemas bancários do mundo ao longo dos últimas décadas, a ideia do confisco puro e duro tem sido algo que os governos em geral têm tentado evitar.

Acontece que as pessoas não gostam de ser roubadas. Elas normalmente gostam de pensar que o dinheiro que colocaram no banco lhes está acessível. Assim, quando Anastasiades exigiu isto, ele foi alvo de um repúdio maciço dos membros do parlamento e dos depositantes.

Enquanto isso, as pessoas estavam lutando para conseguir retirar dinheiro das máquinas ATM ["Multibanco"] e transferir electronicamente dinheiro para locais mais seguros. Foi quando a desagradável surpresa chegou: as contas estavam bloqueadas e as transferências interrompidas. As caixas automáticas foram dadas como estando "em funcionamento interrompido".

domingo, 17 de março de 2013

Auto-explicativo

Citação do dia (106)

“Como é que algo que é imoral, quando praticado por privados, se torna moral quando é levado a cabo colectivamente? Mais: estabelecerá a legalidade a moralidade? A escravidão era legal; o apartheid é [era] legal; as purgas estalinistas, nazis e maoístas eram legais. Evidentemente, a legalidade de facto não justifica estes crimes. A legalidade, por si só, não pode ser o talismã das pessoas morais.”
Walter Williams

Se pensava que o seu dinheiro estava seguro no banco pense outra vez

Se pensava que o Chipre ficava numa distante ilha na Micronésia não longe da República de Palau, está na altura de rever os seus conhecimentos de Geografia. E se também pensava que acabar com o dinheiro físico era o "ideal" porque, dessa forma, se evitariam, por se terem tornado inúteis, os assaltos aos bancos, conclua pela necessidade de rever esse entendimento já que os sujeitos passivos de assaltos podem facilmente tornar-se em agentes activos dos mesmos. 

sábado, 16 de março de 2013

Bolas! Ainda mais?

Retirado daqui

Não, não é uma blague. É, antes, a real substância da natureza do regime democrático cuja lógica, logo que os seus agentes políticos entenderam por bem levar à prática, no espírito e até na letra, o manifesto de Marx e Engels de 1848, tem sido avassaladora. Não vejo como revertê-la sobretudo se a "solução" passar por slogans que apelam ao "aprofundamento da democracia". Bolas! Ainda mais?

A banalização da extorsão legalizada dá nisto


Uma lição a retirar daqui é que o "colchão", nas suas diversas variantes, voltou a ser um local relativamente seguro para guardar as suas poupanças.

 E, temo, ainda haverá muito que ver que poucos julgariam ser possível acontecer.

_____________________________
Leitura recomendada: Europe Does It Again: Cyprus Depositor Haircut "Bailout" Turns Into Saver "Panic", Frozen Assets, Bank Runs, Broken ATMs

sexta-feira, 15 de março de 2013

Citação do dia (105)

"Se um homem estiver a beber vinho e não água não poderei dizer que ele esteja a agir irracionalmente. O máximo que poderei dizer é que eu no seu lugar não o faria. Mas a busca da sua felicidade é um assunto dele e não meu."
Ludwig von Mises, Socialismo

quinta-feira, 14 de março de 2013

De como a queima de combustíveis fósseis está tornando o planeta mais verde

Literalmente, segundo a opinião de Matt Ridley, o surpreendente "Optimista Racional", que se refere ao crescimento da mancha verde na Terra (reflorestação incluída) contrariando assim o que muitos vêm propagando (e que eu próprio acreditava piamente).


Via ReasonTv

quarta-feira, 13 de março de 2013

Seguro Calimero

António José Seguro diz que a Europa está a ser liderada por gente egoísta.

Será porque lá "conseguimos" que deixassem que o Estado possa gastar mais mil milhões de contos por ano, daqui a 2015 (via Viriatos), dinheiro que não tem, e que, assim, vai directamente engrossar a dívida pública que já atinge os 125% do PIB?

Mais tempo, mais dívida. Mais dívida...

terça-feira, 12 de março de 2013

O filibuster de Rand Paul: vitória ou derrota?

Ter obtido, por parte da administração do actual Executor-em-chefe, uma declaração em que esta nega ter o poder de assassinar um cidadão americano em solo dos EUA, sem processo judicial, por meio de veículos voadores não tripulados (drones), não é uma vitória do constitucionalismo e da separação de poderes. Parece-me ser antes, e apesar disto, a aceitação tácita do que é moralmente inaceitável: a existência de um suposto "direito" de assassinato de um suspeito, através de drones, desde que fora do solo pátrio. Americano ou de outra qualquer nacionalidade.


Por Lisa Benson

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sete pisos com vista para o Tejo ou a loucura continua

Ao que leio no Público, na versão em papel, "Biblioteca de 5,6 milhões [está] em risco por falta de empréstimo bancário". Segundo parece, com o intuito de substituir a actual biblioteca que apresenta "más condições de acesso e sérios problemas de infiltração de águas" e em projecto enquadrado na reabilitação da frente ribeirinha, terá sido estabelecido um contrato-promessa de compra e venda entre a Câmara de Vila franca de Xira e a empresa construtora mediante o qual, perante a obra acabada, aquela pagaria a esta o remanescente do adiantamento inicial previsto de 1,5 milhões de euros. Sucede que o empreiteiro corre o sério risco de não conseguir o financiamento bancário pelo que a presidente da autarquia, Maria da Luz Rosinha, tem neste momento "muitas dúvidas" que o projecto se concretize.

Está em causa, como o leitor já terá adivinhado, "aproveitar" a oportunidade [dos fundos europeus disponíveis] "que não se vai repetir de ter na cidade uma biblioteca com características únicas em Portugal" (itálicos meus). Eis pois mais uma ilustração, ao vivo e a cores, dos "estímulos" europeus que nos impelem, mesmo que às vezes a contragosto (tese peregrina de António Costa), a gastar o dinheiro que não há (neste caso, note-se, com o beneplácito do "bloco central" municipal e a louvável oposição dos comunistas).

Termino transcrevendo parte da "caixa" com uma pequena memória descritiva da coisa, intitulada "Sete pisos com vista para o Tejo" (meus itálicos):
"O projecto desenhado por Miguel Arruda contempla um conceito relativamente inovador, criando um equipamento que é muito mais que uma biblioteca, funcionando também como espaço de convivência intergeracional (...) Inicialmente, a ideia passou até pela instalação de meios robóticos para transporte de livros, mas depois foi necessário [austeridade a quanto obrigas...] reduzir o custo estimado de 7 milhões para os actuais 5,6 milhões. Segundo Miguel Arruda, os sete pisos distribuem-se pelas valências de átrio de entrada e sala polivalente (piso zero), áreas de exposição e cafetaria (piso 1), secção infantil (piso 2), secção de adultos (pisos 3 e 4), arquivos (5) e área social (piso 6)."
 A loucura despesista continua infrene.

Um problema ambiental sério: a desertificação

Se há algo que me provoca uma forte reacção alérgica é a alegada superioridade moral do discurso "crescimentista" relativamente aos defensores da "austeridade", extensão natural da supostamente benigna "solidariedade" se imposta (ou seja, obtida com o dinheiro alheio à custa da coerção) versus a nefasta "caridade" de índole voluntária (Bastiat). A razão que leva muita gente a acreditar que é o chapéu ("público" ou "privado") que a pessoa usa que determina a bondade (ou falta dela) do seu comportamento é algo do domínio do Mistério (também Bastiat) ou, mais prosaicamente, da mistificação da igreja secular jacobina e marxista. Enfim.

Mecanismo em tudo idêntico ocorre em matéria ambiental. Se alguém ousa questionar o conteúdo da mensagem alarmista sem se deixar impressionar pela espuma palavrosa (ou pela autoridade dos que proclamam que "a ciência está estabelecida") é de imediato catalogado como um crente pré-Ptolomeu da planitude da Terra ou, numa versão mais mesquinha, como um agente a soldo do Grande Capital associado às energias de origem fóssil (se o mesmo Grande Capital se dedicar às energias "renováveis" já não há problema algum).

"De boas intenções está o inferno cheio" dizia-se, repetidamente, quando eu era miúdo. Ia sendo tempo que se instaurasse um saudável cepticismo quanto à transitividade da trindade "boas intenções" » "pias palavras" » "bons resultados" mas já desisti de esperar por isso.

Não obstante, hoje, através de Allan Savory (via WUWT), veiculo aquilo que me parece ser um verdadeiro e muito sério problema ambiental: o processo da desertificação. Exemplar no que respeita à humildade científica, o oposto do dogma de que "a ciência está estabelecida". Extra-ordinária a solução apresentada: a mimetização da Natureza, o mesmo é dizer, contrariando as receitas dos "planificadores".

domingo, 10 de março de 2013

O alarmismo mais ruinoso de sempre

é, de longe, a grande distância do já poeirento (porque inóquo) bug milenar, aquele supostamente provocado pelo "aquecimento global de origem antropogénica", expressão que por sinal praticamente desapareceu nos meios alarmistas após uma bem orquestrada e bem sucedida campanha que os media se aprestaram a amplificar (como sempre ocorre em todo o movimento politicamente correcto).

Com muita mestria e igual perfídia - reconheça-se - foi substituída por uma outra, mais abrangente e pluralizada. Tinham chegado as "alterações climáticas" que depressa se instalaram de armas e bagagens (inclusivamente na denominação de ministérios em múltiplos governos). Esta "ligeira" alteração terminológica - exemplo perfeito do desenvolvimento da novilíngua activista e do sempre ávido intervencionismo governamental (sempre pronto a proteger-nos de nós próprios, seja à esquerda ou à "direita") - viria permitir que virtualmente qualquer desastre natural, furacão ou tornado, seca ou cheia, etc., constituísse "prova" evidente da mão humana e da sua "pegada carbónica". (Não me admiraria que se vulgarizasse a expressão "desastres climáticos" com que já alguns tentam "enriquecer" o léxico catastrofista).

De facto, quando nos últimos 15 anos, e usando as próprias estatísticas das temperaturas mundiais dessa instituição co-líder na eco-teocracia mundial que é o Hadley Centre do Met Office1 do Reino Unido, o que se obtém é o que está figurado, percebe-se melhor a o estado de necessidade da golpada semântica verificada.

Imagem daqui
Como Lawrence Solomon (o autor do gráfico) explica, de um ponto de vista estatístico, não está fácil ser-se verde  (via  Christopher Booker, na sua coluna de ontem no Telegraph).

O gelo do Árctico regressou a patamares de que não havia registo há já várias décadas e a teimosia do Antárctico em resistir aos profetas da desgraça é igualmente notável. Aliás, globalmente, a extensão de gelo das calotes polares é agora a maior desde que se iniciaram as mensurações por satélite, em 1979.

Quanto aos furacões e tornados, cheias e secas, as "novidades" são do mesmo teor. Não admira pois que a opinião pública, por todo o mundo, venha perdendo o entusiasmo pela coisa.

Quanto aos governos, capturados pelo complexo ambio-industrial e pela regulação que o  próprio promove, temo que só a bancarrota financeira os conseguirá afastar do caminho que têm vindo trilhando (Portugal incluído).

_______________________________

1 - Se o leitor experimentar "googlar" a expressão Met Office (o equivalente ao nosso ex-Instituto de Meteorologia, o primeiríssimo link que lhe aparecerá tem este aspecto: Met Office: Weather and climate change. Todas as dúvidas ficam esclarecidas. Inclusive por parte do motor de busca (o resultado é bem diferente se usarmos o Bing...).

Ron Paul em Otawa

Em grande forma, Ron Paul continua a propagar a mensagem da liberdade. Via LRC.

sábado, 9 de março de 2013

Citação do dia (104)

[É]-me impossível separar a palavra fraternidade da palavra voluntária. Eu não consigo sinceramente entender como a fraternidade pode ser legalmente forçada, sem que a liberdade seja legalmente destruída e, em consequência, a justiça seja legalmente deturpada. A espoliação legal tem duas raízes: uma delas, como já lhe disse anteriormente, está no egoísmo humano; a outra, na falsa filantropia.
Frédéric Bastiat, A Lei

Ficamos todos mais descansados ou talvez não


"Caixa" do caderno de Economia do Expresso de hoje, 9/3/2013. Quererá esta notícia (?) dizer que há  em Portugal lugar a buscas com base em suspeitas infundadas? Tudo isto me cheira a tentativa de correcção da alça de mira mas cujo resultado prático é um verdadeiro tiro pela culatra...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Políticas activíssimas de promoção do desemprego

Seguro insiste no aumento do salário mínimo

Seguro propõe que seja UE a pagar subsídios de desemprego.

O ódio dos governantes ao padrão-ouro

resulta da sua recusa em aceitar que "minudências" como a quantidade de moeda emitida (e a emitir) possam impor-lhes limites à sua actuação no que toca à dimensão da despesa pública. (Veja-se a displicência de um Mário Soares que se pode dar hoje ao luxo, que outros não podem por razões de pudor, de falar abertamente em fabricar dinheiro para "solucionar" a crise da "Europa"). Outros, mais sofisticados, não dizem de facto coisa diferente como nesta célebre frase de (Helicopter) Ben Bernanke, actual presidente da Fed, proferida em 2002, para supostamente justificar a impossibilidade de os EUA poderem, algum dia, entrar em insolvência: "The U.S. government has a technology, called a printing press (or today, its electronic equivalent), that allows it to produce as many U.S. dollars as it wishes at no cost".

Via EPJ, segue-se uma pequena infografia de episódios contemporâneos de confisco do ouro pelos governos aos seus próprios cidadãos e por que razão essa ameaça continua bem real. Nela se elucida, para quem tivesse dúvidas, qual a razão pela qual várias das principais empresas no mundo que oferecem serviços de custódia de metais preciosos, não têm cofres localizados em território dos EUA ou, então, permitem aos seus clientes escolherem especificamente outras localizações para o armazenamento.

Jim Grant aposta no regresso ao padrão-ouro

quinta-feira, 7 de março de 2013

The horror, the horror...

Via TBP, eis a "catastrófica" escala dos "cortes" na despesa pública nos EUA em resultado do "sequestro fiscal".


Ironias e sequestros climáticos

Não deixa de ser irónico, de facto hilariante, que no preciso dia em que se iriam iniciar as audições no Congresso a propósito do "aquecimento global", os participantes tenham sido impedidos de se reunir devido a um sequestro muito especial (e real) em Washington DC - o "snowsequestration", o sequestro pela abundante neve que levou ao shutdown geral dos edifícios do governo federal. Nada mau para afagar as almas daqueles que previam - em 2000! - que a neve seria já coisa do passado no Reino Unido. Aliás, este ano, parece que os deuses que comandam o tempo não têm feito outra coisa senão arreliar os catastrofistas de profissão (ver, por exemplo, aqui ou aqui).

Passos Coelho, salário mínimo e economistas

Enquanto o Prof. Dr. António Nogueira Leite, aqui, acha ser "uma inutilidade baixar o salário mínimo dado o nível baixo que existe" e que, repetindo um argumento do Prof. Dr. Francisco Louçã, "[u]m negócio que não consiga pagar o actual salário mini[m]o aos trabalhadores não é sustentável", Walter Williams, aqui, escreve que a existência de um salário mínimo para além de der o maior inimigo dos indivíduos com mais reduzidas qualificações profissionais (ao afastá-los do mercado de trabalho), também "é, por todo o lado, um dos mais efectivos instrumentos racistas".

Curioso. Até o primeiro-ministro admite que o "mais sensato" seria diminuir o salário mínimo nacional [como aconteceu na Irlanda] ao invés de o aumentar, como Seguro e os restantes crescimentistas reclamam. Porém, não o fará!!! Não sei bem classificar isto: será que é reconhecer que a governação e a sensatez são incompatíveis? Ou é,pura e simplesmente, a cobardia por fim confessada?

A minha proposta é outra e mais simples: extinguir o salário mínimo nacional. 17% de desemprego (cerca de 40% entre os jovens), não será uma razão bastante? Até quando necessitará de subir para que acabem de vez com as patranhas das políticas "activas" de emprego que apenas torram dinheiro (que não há) sem qualquer proveito?

quarta-feira, 6 de março de 2013

Economistas e incivilidade

Paul Krugman, o grande defensor das teorias crescimentistas, sempre teve a língua afiada, particularmente através do megafone que o NYT lhe proporciona ao seu activíssimo blogue. Ícone das teorias crescimentistas - gastar, gastar e gastar até que a coisa dê (e sempre que não funcionar é porque não se gastou o suficiente, vide o seu último livro "End This Depression Now!"...) - é-lhe incompreensível que outros ousem pensar de maneira diferente da sua (ver vídeo).


Imagem daqui
Niall Ferguson hoje fartou-se tendo sugerido a seguinte explicação para o porquê do estilo Krugman: "In my view Paul Krugman has done fundamental damage to the quality of public discourse on economics. He can be forgiven for being wrong, as he frequently is--though he never admits it. He can be forgiven for relentlessly and monotonously politicizing every issue. What is unforgivable is the total absence of civility that characterizes his writing. His inability to debate a question without insulting his opponent suggests some kind of deep insecurity perhaps the result of a childhood trauma. It is a pity that a once talented scholar should demean himself in this way."

É, digamos, uma explicação austríaca ou, mais precisamente, vienense... A minha é mais simples: Paul Krugman abandonou há muito o economista (ultra-keynesiano) que foi e dedicou-se por inteiro à intervenção política.
______________________
Nota: o que precede não pode ser entendido como um apoio implícito às ideias veiculadas pelo comissário da UE Olli Rehn

O primado da irresponsabilidade financeira do Estado

Imagem retirada daqui

Se não estou em erro, pelo menos desde o eclodir da crise da dívida soberana portuguesa, creio ter sido Mário Soares quem primeiro manifestou a sua (profunda) indignação contra "a dependência intolerável da política, em relação à economia - e não, ao contrário, como sempre sucedeu, até à vitória do neoliberalismo" (meu itálico), em artigo no DN, curiosamente em vésperas do pedido de ajuda financeira por parte do governo Sócrates para evitar a cessação do pagamento de salários, pensões, etc.

Ontem, numa troca de palavras a propósito do tema - da suposta "necessidade" de se retomar o dito "primado" da política - dei comigo a reflectir que se há algo que a História nos ensina é que nunca o Tesouro foi impedimento da Política (isto é, dos políticos, dos que detêm o Poder). Quanto muito, para os governantes mais avisados e literatos na matéria, terá sido ocasionalmente uma condicionante à sua actuação. E sempre que ela se tornava "asfixiante", o Poder encontrou forma de a "superar" ou, então, foi derrubado em consequência da sua própria inépcia. Tipicamente, inflacionando a oferta monetária, seja à moda de Diocleciano (diminuindo o teor dos metais nobres nas moedas metálicas), seja, modernamente, ao jeito de Weimar ou de Mugabe, através da impressão de papel-moeda sem limites.

Sucede que este tipo de "soluções" tem consequências (ver, por exemplo, Jesús Huerta de Soto, sobre as razões não convencionais da queda do Império Romano do Ocidente) que naturalmente Soares desdenha ou ignora. Como o próprio Keynes lembrava: "Lenin was certainly right. There is no subtler, no surer means of overturning the existing basis of society than to debauch the currency. The process engages all the hidden forces of economic law on the side of destruction, and does it in a manner which not one man in a million is able to diagnose". Não obstante, a tese vem ganhando adeptos. Por cá, dentro do próprio Governo, mas não só. O resultado não vai ser bonito de se ver.

Em Portugal, sob regime democrático, o "primado" tem sido um único: o da irresponsabilidade financeira (do Estado, entenda-se).

Citação do dia (103)

Na realidade devia ter usado o plural pois são duas as citações que registo hoje em tandem (via Carpe Diem):
“From the point of view of physics, it is a miracle that 7 million New Yorkers are fed each day without any control mechanism other than sheer capitalism.”
John Holland, cientista
“I am convinced that if the market system were the result of deliberate human design, and if the people guided by the price changes understood that their decisions have significance far beyond their immediate aims, this mechanism would have been acclaimed as one of the greatest triumphs of the human mind.”
Friedrich A. Hayek

Do modo de lidar com o rebentar de uma bolha

Self-evident: criando uma nova bolha ainda maior! Wall Street em alta com subida do Dow Jones para novo recorde.


Adenda:

Como se recorda no ZeroHedge, aquando da última vez (Outubro de 2007) que os índices bolsistas estiveram tão elevados na bolsa de Nova Iorque, eram os seguintes os valores de alguns indicadores-chave:

  • Crescimento do PIB - 2,5% então; 1,6% agora
  • Preço da gasolina normal - $2,75 então contra $3,73 agora
  • População desempregada - 6,7 milhões contra os actuais 13,2 milhões
  • Americanos beneficiários de vales de refeições - 26, 9 milhões contra os actuais 47,69mmilhões
  • Dimensão do balanço da Fed: $US 0,89 trillions então contra os actuais $US 3,01 trillions
  • Dívida pública - 9 trillions para 16,4 trillions hoje
  • Dívida das famílias - 13,5 trillions para 12,5 trillions
  • Cotação do ouro: $748 contra $1583 de agora
  • ....

Outstanding!

terça-feira, 5 de março de 2013

Uma oportunidade para a Venezuela

Morreu Hugo Chávez, um populista demagogo que, em nome da "igualdade" e da "justiça", apenas conseguiu arruinar o seu país. Como sempre aconteceu com personagens deste jaez, sempre conseguiu muitos peregrinos e uma atenção muito especial do inevitável Prof. Boaventura (ver, por exemplo, aqui). Muito boa sorte para os venezuelanos!

segunda-feira, 4 de março de 2013

As eleições em Itália e o pânico da elite

Quando ontem anotei isto, não tinha dado conta da vergonhosa capa da Economist que a revista dedicou ao resultado das eleições italianas e que reproduzo de seguida:

 
Faço minhas as palavras de Robert Wenzel: "It's not at all clear that Grillo or Berlusconi have any idea how a currency or economy should be run, but it is always fun to see the banksters in panic.The Economist cover signals they are in serious panic".
_______________________
Nota 1: conforme se recorda no Zero Hedge, será de ter em conta que a revista The Economist é detida pelo Finantial Times, pela Cadbury e pelas famílias Rothschild, Schroder e Agnelli;

Nota 2: assim se vai reforçando a ideia da justeza do meu "divórcio" com a revista centenária cujo património os seus responsáveis (accionistas e redacção) vão destruindo.

domingo, 3 de março de 2013

E o palhaço é ele?!


Beppe Grillo, o líder do movimento 5 Estrelas que ficou em terceiro lugar nas eleições italianas, em entrevista à revista Focus alemã, citada pelo Público: "Estamos esmagados - não pelo euro, mas pelo nosso endividamento. Quando os juros atingem os 100 mil milhões de euros por ano, isso significa que estamos mortos". "Não há alternativa [à renegociação da dívida]". Mais à frente, comparando os títulos da dívida pública às acções emitidas pelas empresas, afirma: "Quando eu compro uma acção de uma sociedade e esta vai à falência, não há nada a fazer. Arrisquei e perdi". 

sábado, 2 de março de 2013

As manifestações de hoje (e os comentários de amanhã) segundo a profecia de ontem

Compare-se o rigor (e o humor) da Voz do Profeta na fueirada de ontem com o jornalismo (?) activista e estridente daqui, daqui ou daqui ou, de resto, de qualquer um dos canais de televisão.

Violentíssimas manifestações do aquecimento global

um pouco por todo o hemisfério Norte onde - calcule-se! - ainda se fazem sentir as estações do ano. A título ilustrativo, via Daily Mail, sugiro uma extraordinária visita fotográfica à vila de Oymyacon e seus arredores, no nordeste da Rússia, onde as temperaturas médias no Inverno rondam os -50ºC e onde este ano já se atingiram os -70ºC! (O recorde, de -71.2ºC, é de 1924, assinalado na foto abaixo).

Fotografia retirada daqui. Oymyakon - o Pólo do Frio, lê-se na inscrição
Apesar de o alarmismo climático, como Richard North assinala, estar em perda junto da opinião pública ocidental, de tal modo que, em manifesto contraste com o que tinha sucedido quatro anos antes, o tema praticamente desapareceu durante a campanha eleitoral que levou à reeleição de Obama, os eco-teócratas não desistem antes persistindo no desenho e concretização de "Planos centrais" para combater a supostamente terrível e (sempre) "iminente" catástrofe.

Obama, no seu discurso de posse, em contraste com o que (não) tinha ocorrido em campanha, voltou a centrar boa parte do seu discurso no "combate" às "alterações climáticas" e em aprofundar o desígnio nacional da "economia verde". Atente-se no seguinte excerto revelador da missão divina, excepcionalista, de que se auto-investe e se reclama herdeiro:
We, the people, still believe that our obligations as Americans are not just to ourselves, but to all posterity. We will respond to the threat of climate change, knowing that the failure to do so would betray our children and future generations. Some may still deny the overwhelming judgment of science, but none can avoid the devastating impact of raging fires, and crippling drought, and more powerful storms. The path towards sustainable energy sources will be long and sometimes difficult. But America cannot resist this transition; we must lead it. We cannot cede to other nations the technology that will power new jobs and new industries – we must claim its promise. That is how we will maintain our economic vitality and our national treasure – our forests and waterways; our croplands and snowcapped peaks. That is how we will preserve our planet, commanded to our care by God. That’s what will lend meaning to the creed our fathers once declared.
Os escândalos de corrupção e a "torra" do dinheiro público irão pois continuar. Salvar o mundo com o dinheiro dos outros sempre foi uma tentação difícil de resistir para um político activista messiânico se, ainda por cima, houver bom dinheiro a ganhar por parte dos principais apóstolos da coisa... Exactamente como ocorre com o complexo militar-industrial, existe e não é menos perigoso que aquele um poderoso complexo industrio-ambiental. Tal como a guerra ou a preparação para a mesma seria "boa" para a economia (Krugman dixit), também a destruição da "economia do carbono" e a sua substituição por uma "economia verde" seria a salvação dos males do descalabro económico que nos assola. Uma NEP verde, enfim, na esteira de Lenine. Estranha morte do marxismo, esta!