quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A Imprevisibilidade do Futuro e A Conquista da Liberdade

Na véspera do Ano Novo, cabe desejar a todos os leitores do Espectador Interessado o melhor 2015 possível, num contexto que aconselha recurso ao pleno da prudência, como hoje escreveu LV, o meu parceiro de blogue.

Procurando um tema, simultaneamente de balanço e perspectiva, para o meu último post do ano, optei por um texto prospectivamente optimista (ainda que num futuro indefinido e quiçá longínquo). O artigo que escolhi traduzir (de minha exclusiva responsabilidade) contém múltiplas referências relevantes no meu próprio percurso politico-filosófico. Fez-me também recordar as palavras de um meu ex-director, hoje um bom amigo, nas boas-vindas: “Esta não é uma empresa para velocistas, mas sim para corredores de fundo”. Concorde-se ou não com o tom do autor, Richard Ebeling, as suas reflexões parecem-me ser inquestionavelmente informadas e relevantes.

Desculpem-me a auto-citação na formulação dos meus próprios votos para 2015: “Que as ideias da defesa da liberdade progridam e que não esmoreça aos seus promotores a sua defesa.” Teimosamente, claro.

29 de Dezembro de 2014
Por Richard Ebeling



Com um novo ano a começar, é fácil considerar que as perspectivas para a liberdade, na América como em muitas outras partes do mundo, pareçam ténues. Afinal de contas, o estado continua a crescer e é cada vez mais intrusivo e que recorre a cargas fiscais que absorvem enormes quantidades da riqueza privada.

Radar

Para um verdadeiro teste à realidade que temos e continuaremos a ter, a entrevista a Bernard Connolly é fundamental. Connolly, ainda que crítico do projecto da moeda única, fez parte da Comissão Europeia na dimensão de política monetária e do Conselho de Governadores dos Bancos Centrais Europeus. E é esta dimensão de participante das altas esferas da burocracia europeia que confere à sua entrevista o estatuto de imperdível.
O que acontece à Espanha, a Portugal, à Alemanha ou à França? Que cenários temos pela frente? Quem abandona a Zona Euro em 2017?
A ouvir a partir do minuto 13.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Em medidas iguais

"Actualmente, os bancos centrais negoceiam com contrapartes que são gigantes bancos comerciais com derivativos nos balanços de uma escala e complexidade perturbadoras. Parece impossível que estas exposições comerciais possam ter sido construídas e mantidas sem o conhecimento e a cumplicidade dos sectores oficiais. O Deutsche Bank, por exemplo, envolvido como instituição acusada em milhares de queixas e investigações judiciais, possui uma exposição a derivativos numa dimensão vinte vezes superior ao PIB da Alemanha e cinco vezes o PIB da Zona Euro.
Não é preciso muita imaginação para inferir que os técnicos dos bancos centrais e os seus pares nestes colossos da banca de investimento – frutos do mesmo ADN, colegas nas mesmas escolas, perseguindo carreiras que se cruzam, frequentadores das mesmas conferências e sempre à distância de uma simples chamada – são indistinguíveis tanto ideológica como intelectualmente e corruptos moralmente em igual medida."

John Hathaway - "Tectónicas Monetárias"

Solilóquio

Seguindo a sugestão de Koos Jansen, olhando para este gráfico não posso deixar de me perguntar: a que episódios da nossa peça colectiva correspondem estes grandes movimentos decrescentes nas reservas de ouro da FED em Nova Iorque? 1999-2000... 2007-09... 2013-14...
O que será que terá acontecido?

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Esperando o melhor

Adquirindo um seguro monetário

Por estes dias muitas são as listas de compromissos a assumir no ano que há-de vir. E já se multiplicam os discursos e intervenções por parte de políticos e especialistas, testando algumas estratégias para os tempos que se avizinham.
Sem a ambição de um balanço e visão prospectiva complexos, seleccionei a seguinte entrevista para que possamos ter algumas referências quando, a partir do presente, olharmos mais para a frente, do ponto de vista económico, financeiro e político. Em particular, para que possamos reconhecer, num esforço crítico fundamental, a peça que se desenrola e os seus próximos actos.
Isto porque, apesar da cantiga "das nuvens que já passaram" e do futuro brilhante que alguns defendem através de mais intervenções e investimentos públicos, os constrangimentos globais são maiores do que em 2007/08 e o espaço para soluções mágicas (assentes em engenharias financeiras cada vez mais obscuras e perigosas) é cada vez mais exíguo.
Importa, assim, fazer uma digressão pelas zonas menos conhecidas (porque será?), mas determinantes do nosso universo monetário e financeiro.

Boa viagem.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A Grande Guerra - As tréguas espontâneas do Natal de 1914


Quatro meses decorridos após o início da horrenda Grande Guerra, a que ficou conhecida por Frente Ocidental estabilizou ao longo de mais de 600 km ininterruptos de trincheiras, do Canal da Mancha à Suiça. Nela se defrontavam os contendores que, a troco da conquista de uns (reversíveis) palmos de terra, já prosseguiam numa carnificina sem fim à vista, após o termo da curta guerra de movimento inicial. Sob um olhar alemão, Erich Maria Remarque verteria no seu "A Oeste Nada de Novo" tão monstruosa enormidade. Mais tarde, no magnífico filme "Horizontes de Glória", Stanley Kubrick oferecer-nos-ia um olhar do lado dos Aliados sobre a inutilidade da matança e da incompetente indiferença criminosa do generalato.

http://www.amazon.com/Christmas-Truce-Western-Front-December-ebook/dp/B006DY7W8A/ref=sr_1_1_twi_2?ie=UTF8&qid=1419529138&sr=8-1&keywords=1447264274
As pouco divulgadas tréguas de Natal de 1914, que ocorreram em vários locais da linha de trincheiras de modo espontâneo, e que em alguns casos se prolongaram até o início de 1915, foram um sinal inquestionável do impasse a que se tinha chegado, que se prolongaria até ao fim da guerra, e, consequentemente, da inutilidade e falta de propósito da mesma.

Os governos portugueses de então sabiam pois muito bem o que um contingente português iria defrontar nestas circunstâncias. A troco de nada além de um espúrio, e de resto muito contestado à época, "interesse nacional".

Um Feliz Natal para todos os leitores do Espectador Interessado!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Coisas Reais

"No fim do arco-iris está a procura física asiática"

No primeiro aniversário do programa "Get Real", que se tem dedicado a analisar o mercado de vários bens tangíveis (dos metais, ao petróleo ou ao vinho, por exemplo), Jan Skoyles (The Real Asset Co) conduz mais uma entrevista. Desta vez o entrevistado é Ned Naylor-Leyland (Quilter Cheviot I.M.) e são analisados os seguintes assuntos:
- o ano de 2014 e a procura mundial dos metais - ouro e prata;
- a desmistificação da verdadeira dimensão e volume do mercado do ouro - o volume de ouro (sintético/papel) transaccionado diariamente em Londres (LBMA) é várias vezes superior ao volume de transacções financeiras (Dow Jones e FTSE londrino) - são 250 a 300 mil milhões diários e não 20 milhões como noticia o Financial Times;
- a natureza do mercado físico dos metais na China e na Índia - investimento, poupança e garantias de crédito;
- a Índia estabelece protocolos com a Royal Mint e o World Gold Council;
- o balanço do referendo suíço (Swiss Gold Initiative);
- as reservas estruturais de ouro europeias - as iniciativas de repatriamento (Alemanha, Holanda, Aústria, França) serão tentativas de preparação face ao risco dos programas QE na Europa?
- A Rússia e o rublo.

Pouco mais de vinte minutos fazendo o balanço a coisas reais.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pico quantos? (versão 2014)

Passaram menos de duas semanas sobre a publicação deste artigo (registo necessário) no Wall Street Journal, e é espantoso o trajecto seguido pelas cotações do petróleo desde então. Veremos até quando e onde irão os tenebrosos especuladores na sua ganância no seu perturbador altruísmo... Para além de outras importantes questões - no domínio da geopolítica mundial e do eventual rebentar da provável "bolha", alimentada por cortesia da Fed através do "milagre" do crédito abundante e barato, em boa parte (que parte?) responsável pelo espectacular ressurgimento dos EUA como produtor de petróleo -, a minha intenção com a tradução deste artigo queda-se no revisitar do recorrente tema do esgotamento "iminente" do petróleo, para o voltar a negar pela n-ésima vez (o "paradoxo da finitude"). A oportunidade surge também com a confirmação entre nós de um novo aumento de preços nas tarifas da electricidade para 2015. Este, conforme se tornou vincado de 2009 para cá, tem uma componente visível e uma outra "invisível" (défice tarifário, leia-se, novos aumentos futuros nas tarifas) que ultrapassará os 5 mil milhões de euros no ano que vem! No edifício argumentativo dos promotores das irremediavelmente intermitentes, e por isso não confiáveis, "novas renováveis", faz parte uma suposta inevitabilidade: a de que os preços da energia de origem fóssil iriam subir muito. Daí que achem irrelevante, quando não impertinente ou "marialva" (Moreira da Silva dixit), discutir esta coisa dos aberrantes sobrecustos que a sua sobre-adopção impõe e que, no cair do pano, até mesmo dos submarinos surgem "contrapartidas".

The Wall Street Journal
4 de Dezembro de 2014

O "pico do petróleo" desmistificado uma vez mais ainda

Foi há 216 anos que Thomas Malthus criou a ideia de que o apetite do homem pelos recursos naturais iria ultrapassar a capacidade da natureza em fornecê-los. Desde então que ocorrem alertas regulares segundo os quais o mundo estaria a assistir ao esgotamento da soja, do hélio, do chocolate, do tungsténio, etc., e que o crescimento da população se teria tornado insustentável. Os alarmes provocam um pânico político ou social durante algum tempo, até que vêm a revelar-se errados.

O mais recente embate com a realidade é o fim da obsessão com o "pico do petróleo" que durante anos levou pessoas sérias a proclamar que estávamos a entrar numa era de permanente escassez de combustíveis fósseis. Não foi isso que se verificou.

Imagem do Wall Street Journal
Esta é uma lição central a retirar da dramática queda no preço do petróleo neste ano, que chegou aos 69,49 dólares no barril do Brent de quinta-feira vindo de um máximo em Junho de 112,12 dólares. Ainda recentemente, nos inícios de Novembro, quando o petróleo oscilava em torno dos 80 dólares, funcionários da OPEP advertiram que iriam intervir para "segurar" o preço nos 70 dólares. Mas as autoridades sauditas recusaram-se visivelmente a anuir num corte na produção na reunião da semana passada da OPEP, e o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, deixou bem claro que se sentiria confortável com preços mais baixos.

Em defesa de um padrão monetário livre - parte IV

Num padrão-ouro, o ouro é o meio pelo qual todas as outras coisas são comparadas e medidas




Publica-se aqui a quarta parte da série de artigos que Ken Griffith tem vindo a publicar no jornal do Gold Standard Institute.
A tradução e a edição dos artigos é da minha responsabilidade e foi autorizada pelo próprio autor.
A terceira parte pode ser lida aqui.

"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #45", Setembro de 2014


Um meio padronizado para o ouro digital

Por muito agradável que seja pensar no ouro como dinheiro, a maioria das pessoas não se apercebe de que nem todo o ouro é igual entre si. Uma grama de ouro numa barra de 1 kg pode ser 40% mais barata do que uma grama de ouro numa folha ou filigrana que pese apenas 1grama. As quantidades mais pequenas vão exigir um prémio mais elevado, dado o seu mais elevado custo de produção.
Através da história, as moedas de ouro de vários países foram servindo como meio monetário num padrão-ouro internacional de natureza informal. Normalmente, os contratos eram pagos em moedas de ouro de tamanho e denominação mais pequenos. De uma forma rápida, podemos assinalar a presença deste padrão-ouro informal desde o Império Persa no século VI antes da nossa era e foi interrompido em vários períodos em que a moeda de prata se impôs como meio primário de troca.
Tomando a perspectiva histórica que inclua as moedas persas, romanas, espanholas ou inglesas, é notória a evolução para a diminuição do seu tamanho e o aumento da sua pureza (toque) ao longo dos tempos. Durante os séculos em que as moedas de ouro circulavam no comércio internacional, as notas de crédito eram pagas em moedas de ouro da época, e não em forma de barras ou em joalharia. O meio, por excelência, era a moeda de ouro. Ainda que se pudessem liquidar contratos e dívidas em barras de ouro, isso acarretava um custo adicional.
Na altura, como agora, as moedas de ouro são transaccionadas com um prémio superior às barras, ao ouro em bruto e à joalharia por causa da precisão do seu padrão, o que as torna fiáveis e seguras. Foi esse o segredo da utilização das moedas de ouro ao longo dos tempos.

O padrão-ouro foi escolhido pelo mercado
Com a excepção das medidas legislativas britânicas em 1925, o meio privilegiado para efectuar as transacções não era imposto pelos estados, mesmo quando estes eram responsáveis pela cunhagem das moedas utilizadas. A melhor e mais líquida moeda de ouro de um país acabava por circular como meio de pagamento no comércio internacional apenas porque era a escolhida pelas forças do mercado e não por força de um decreto. No comércio internacional, a boa moeda afasta a má moeda.
Dobrão espanhol
No período colonial americano havia um padrão-ouro livre, no qual ourives privados cunhavam moedas com o mesmo peso que o Dobrão Espanhol. O prémio dessas moedas tornava rentável aos ourives a compra de joalharia ou restos de metal precioso de outras fontes, proceder à sua purificação e cunhagem de acordo com o padrão-ouro efectivo.
Com a consolidação dos estatutos do Banco de Inglaterra no século XIX, assistiu-se a uma pressão para substituir as moedas de ouro por notas emitidas pelos bancos. Estas notas ainda podiam ser trocadas por ouro, mas desde o fim da Iª Grande Guerra que o Banco de Inglaterra limitou a troca de notas por barras de 400 onças troy (12,440 kg).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Citação do dia (179)

"Um homem que optar entre beber um copo de leite e um copo de uma solução de cianeto de potássio não estará a optar entre duas bebidas; a escolha será entre a vida e a morte. Uma sociedade que optar entre capitalismo e socialismo não estará a optar entre dois sistemas sociais; estará a escolher entre a cooperação social e a desintegração da sociedade. O socialismo não é uma alternativa ao capitalismo; é uma alternativa a todo o sistema sob o qual os homens possam viver como seres humanos. Constitui tarefa da economia enfatizar este ponto tal como é a tarefa da biologia e da química ensinar que o cianeto de potássio não é um alimento, mas sim um veneno mortal."
Ludwig von Mises (1949)

Lá como cá

sábado, 13 de dezembro de 2014

Radar

Por cá vamos seguindo a novela da CPI/BES, vamos ouvindo a cantiga de embalo dos candidatos às próximas eleições e nada vemos para lá destas cortinas de fumo. No final de uma semana muito complexa nos mercados e onde, inclusive, as taxas sobre a nossa dívida registaram subida importante, uma importante declaração da directora do FMI - Christine Lagarde - foi tornada pública. Nesta declaração assume-se que o Fundo vai avançar para o plano B, uma vez que os EUA se recusaram (já o fazem desde 2010) a aprovar as modificações ao esquema de quotas para o Fundo. Lagarde diz tudo o que é preciso dizer: vamos avançar numa abordagem alargada e multipolar já em Janeiro de 2015. Sem os EUA, pelo que parece.
Será possível conceber o alcance das consequências económicas, financeiras e políticas desta declaração, tendo por contexto a euforia em torno do dólar?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Citação do dia (178)

"O alcance da Bolha Global do financiamento soberano de hoje projecta uma enorme sombra sobre a Bolha do financiamento hipotecário de 2007. Há muito mais a perder nesta Bolha internacional e muito mais com que nos devemos preocupar. Em vez de crédito de má qualidade (subprime), hoje a Periferia inclui dezenas de milhões de milhões de crédito vulnerável que atravessa vários países e envolve muitos milhões de pessoas. Em vez de hipotecas e dívida corporativa americanas, hoje o Centro inclui crédito de vários Bancos Centrais e a maior Bolha nos activos financeiros que alguma vez vimos.
No Centro do Centro, a histórica euforia nos mercados tem puxado os activos financeiros e a dívida das empresas a extremos que são precários – deteriorando os fundamentos económicos e financeiros globais. Não tenhamos dúvidas, os estímulos concertados dos Bancos Centrais exacerbaram a diferença entre activos financeiros inflacionados e os débeis sinais de crescimento global. Pior, a redistribuição da riqueza, implícita nas políticas que aumentam o tamanho do domínio financeiro global, está a degradar-se e a gerar tensões geopolíticas alarmantes. A Banca Central Global e a ideia da dívida soberana de “risco zero” estão a ficar descredibilizados."

Doug Noland - "Memórias"

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Em defesa de um padrão monetário livre - parte III

Sistemas de pagamento e contabilidade para o Padrão-Ouro Livre




Publica-se aqui a terceira parte da série de artigos que Ken Griffith tem vindo a publicar no jornal do Gold Standard Institute.
A tradução e a edição dos artigos é da minha responsabilidade e foi autorizada pelo próprio autor.
A primeira parte pode ser lida aqui e a segunda aqui.

"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #44", Agosto de 2014


Neste artigo continuarei a apresentar o roteiro para a criação do padrão-ouro livre através da iniciativa privada e pelo mercado livre e vou concentrar-me nas exigências para um sistema de pagamentos e contabilidade seguros.

Elementos do sistema digital de pagamentos e contabilidade
Como mencionei na primeira parte, o ouro digital como moeda não é uma novidade. James Turk patenteou a ideia em 1993 e a empresa e-Gold lançou em 1996 o primeiro sítio de ouro digital na internet. Entretanto, a indústria arrancou e atingiu 80 toneladas por ano de transacções desde 2001, até que as autoridades norte-americanas fecharam o negócio entre 2005 e 2009. Desta experiência aprendi algumas lições que agora partilho aqui.

1 – Precisamos de um sistema descentralizado que suporte múltiplos agentes
As empresas – e-Gold e GoldMoney – publicitaram-se a si mesmas como sistemas unificados com a sua unidade de ouro exclusiva. Julgo que estas empresas não terão pensado bem na possibilidade dos seus clientes quererem transferir ouro entre as duas empresas. Surgiam, na altura, uma rede de agentes que providenciavam esse serviço, mas era oneroso e pouco profissional.
A próxima geração do sistema de dinheiro digital tem de ser desenhado, desde a raiz, com o propósito de suportar múltiplos emissores numa mesma plataforma.

2 – Precisamos de um protocolo de transacções comum (API)
A maneira de ter múltiplos emissores de ouro digital a operar sem problemas na mesma plataforma é desenvolvermos uma linguagem de transacções digitais comum. Para que os computadores de todos os agentes possam falar entre si e para que, cada um dos intervenientes, possa desenvolver aplicações informáticas a partir do nosso sistema.
Um interface de programação automatizado (Automated Programming Interface – no inglês - NT) permitirá as aplicações informáticas de emissões de contratos futuros serem construídas por terceiros, potenciando a comercialização de promissórias. Os seguidores de Adam Smith e de Antal Fekete julgam que esta comercialização é vital para o padrão-ouro poder funcionar. Isto parece significar que precisamos de uma base de código aberta (open source code base).
Existem três ou quatro aplicações/sistemas informáticos disponíveis que podem servir este desígnio.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Príncipes do Yen - ou DDT como por cá podem ser conhecidos

A captura da realidade política, económica e social

Para quem ainda tenha dúvidas dos incentivos incorporados no sistema, recomendo que veja atentamente este vídeo. Num presente repleto de análise e discussão do papel dos reguladores (especialmente da banca e sector financeiro), de críticas, seja de especialistas ou políticos, à acção da troika, passando pelas propostas apresentadas por movimentos políticos (portugueses ou espanhóis, neste caso) quanto às reformas necessárias do sistema financeiro, estranha-se que a atenção seja desviada do mais importante: o papel dos Bancos Centrais.
Estas instituições têm um potencial destrutivo sem igual. Repito, sem igual. Os "grandes grupos económicos", os "grandes especuladores", todos eles obedecem às suas ordens. Pactuam com as ideias para o planeamento económico, financeiro e social que estas instituições impõem, levando a cabo políticas com consequências devastadoras.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Estímulos Possíveis

Os sábios já estão em estágio

A próxima reunião do Banco Central Europeu é já amanhã e nada melhor do que avançar com informação relevante para compreender os actos da peça. E rir com isso. Será que vem aí mais QE "à europeia"? Ou vão bastar promessas?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Radar

Os suíços decidiram-se pelo não à Iniciativa de Repatriamento do ouro. As "rotativas" passaram logo a reproduzir a mensagem negativa acerca do metal. Veja-se este exemplo do Observador. Será que vão publicar - ainda hoje - a recuperação que o metal já fez? Subiu 50 dólares do mínimo registado e ficou "no verde" com ganho de 30 dólares (aprox.). É caso para dizer que a selecção de informação negativa (mesmo quando há algum fundamento para isso) em detrimento do que, de real, se vai passando, deixa muito a desejar quanto à objectividade do jornalismo. Neste caso económico. Valem outras fontes.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Em defesa de um padrão monetário livre - parte II

Um modelo regulatório para um padrão-ouro livre



Publica-se aqui a segunda parte da série de artigos que Ken Griffith tem vindo a publicar no jornal do Gold Standard Institute.
A tradução e a edição dos artigos é da minha responsabilidade e foi autorizada pelo próprio autor.
A primeira parte pode ser lida aqui.

"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #43", Julho de 2014

A principal fragilidade que conduziu ao desaparecimento da primeira geração monetária do ouro digital foi a ausência de um modelo regulatório.
As primeiras empresas de ouro digital iniciaram a actividade como empresas regulares sem obterem as licenças necessárias para a prestação de serviços financeiros. Depois de terem crescido o suficiente para chamar a atenção das autoridades, foram impedidas de obter as respectivas licenças a maior parte delas enfrentou disputas legais e fechou.
Nos anos 90, os estados não tinham categorias regulatórias para sistemas digitais de pagamentos com reservas totais, por isso as empresas que fizeram os pedidos de licenciamento viram os seus pedidos negados.

O problema regulatório

De acordo com a visão apresentada na Parte I para o padrão-ouro livre, precisamos de um sistema de transacções de ouro digital, bem como plataformas eficientes de transacção do nosso ouro face às diferentes moedas envolvidas. A definição destas exigências, e os respectivos papéis, constitui-se como o trabalho de definição das instituições financeiras reguladas.
Em vez de pedir aos governos que criem novas regulamentações e enquadramentos legais para os sistemas de ouro digital, consideremos primeiro o contexto existente das instituições reguladas. A maioria dos países tem uma pirâmide de intituições financeiras com um banco central no topo, que se pode apresentar do seguinte modo:

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Radar

No final deste mês ocorrerá um referendo na Suíça acerca das suas reservas de ouro (repatriamento, reservas mínimas de 20% e proibição de vendas de ouro por parte do banco central suíço).
A Holanda procedeu, recentemente e em segredo, ao repatriamento das suas reservas de ouro que estavam em Nova Iorque.
A Holanda e a Alemanha tinham planos preparados para regressar a um padrão-ouro caso o euro caísse em 2012 (aqui e aqui). A preparação ocorria enquanto altos dirigentes diziam que a crise tinha passado... pois! Caso para dizer: cada um vai-se preparando e mantém essa preparação em segredo.
A novela continua. Acredita quem quiser.

Em defesa das sweatshops

Um dos mais persistentes mitos, que perdura até hoje no Ocidente, consiste na vilificação do sistema económico que possibilitou o crescimento sustentado per capita, fenómeno desconhecido na História até às revoluções agrícola e industrial (por comodidade, digamos, antes de 1800).  Mais do que a Marx ou a Dickens, estou convicto que é ao "progressista" complexo ideológico-educativo estatal que cabem as maiores responsabilidades na manutenção desta nefasta porque errada leitura histórica. Perspectiva que transpõem para as sweatshops do século XXI quando estas são, afinal, o passaporte para uma prosperidade que de outro modo seria impossível (como sucedeu na migração para as cidades - e para as fábricas - do século XIX fugindo da miséria e morte prematura). Pouco mais de 10 minutos que creio valerem mesmo a pena (vídeo legendado em português europeu).


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A propósito

"Os fundamentos dos mercados acabam por estar comprometidos após tanta intervenção”


Aproveitando o mote da Conferência promovida pelo Instituto Ludwig von Mises Portugal e a disponibilidade de algumas das pessoas que estiveram presentes, foi possível levar a cabo a entrevista que a seguir se apresenta. Procurou-se, não só marcar o momento importante da chamada pela Liberdade, mas também registar algumas reacções às ideias e argumentos explorados ao longo da Conferência.
Agradeço, em nome da equipa do Espectador Interessado, a disponibilidade de André Campos para partilhar aqui as suas impressões e a ideia de que é intenção do ILvM promover, num futuro próximo, mais iniciativas como esta.

LV – Quais foram os objectivos da conferência organizada pelo Instituto Ludwig von Mises Portugal no passado dia 1 de Novembro?
André Campos (AC): No fundo, o Instituto Ludwig von Mises Portugal (ILvM) já existe, de forma oficiosa, há cerca de três anos. Contudo, nesse molde, estávamos limitados a pequenas iniciativas esporádicas. Recentemente surgiu um interesse por parte de algumas pessoas, nomeadamente o Guilherme Marques da Fonseca e o Alexandre Mota, além de mim próprio e outros que se juntaram a nós, em oficializar o ILvM e traçar metas mais ambiciosas. Queríamos dar expressão aos ideais do Liberalismo Clássico e da Escola Austríaca da melhor maneira e esta II Conferência do Liberalismo Clássico – Call for Liberty foi o pontapé de partida de um conjunto de iniciativas que o ILvM está a pleanear para 2014/2015.

LV – Do conjunto das intervenções e das ideias apresentadas quer destacar alguma?
AC: Achei que, de uma maneira geral, os temas eram muito interessantes e pertinentes considerando o momento actual. Apreciei todas as intervenções e creio que o importante foi a mensagem subjacente de liberdade, propriedade e paz. Hoje em dia existe uma tendência generalizada para a desresponsabilização pessoal, substituindo-se o papel do indivíduo pelo estado, ou seja, pelo colectivo. Olhamos para o estado como solução para quase tudo e nesse processo perde-se aquele que é, por definição, um dos direitos fundamentais, natural e inalienável, do ser humano: a liberdade. É essa a tendência que iremos tentar contrariar através do nosso trabalho no ILvM.
Posto isto, e para referir alguém em particular, confesso que fiquei muito agradado com a excelente intervenção do José Bento da Silva no painel acerca do Impacto das Finanças Públicas nas empresas. Não o conhecia bem antes desta conferência, ao contrário de todos os outros palestrantes, e achei que, juntamente com o André Azevedo Alves, tiveram intervenções muito interessantes.
Quanto às ideias apresentadas, creio que o desmascarar das falácias Keynesianas é sempre fulcral. Há tanta gente que ainda adere às vetustas ideias – precisamente os ensinamentos de Keynes - que contribuíram para o estado de sítio que se vive nas economias desenvolvidas e no sector financeiro actualmente. Por outro lado, foi também muito bom que se pudesse introduzir o tema da “Guerra contra as drogas” por parte do meu companheiro Guilherme Marques da Fonseca. É uma daquelas questões que remetem muito para a liberdade individual e uma discussão séria nesse sentido é sempre algo a que não podemos virar a cara.

LV – Daniel Lacalle traçou um cenário muito pormenorizado da realidade económica e financeira mundial, dada a sua experiência como gestor de fundos de risco. Acompanha a descrição feita quanto à subida nos mercados bolsistas e consequentes volatilidades nas paridades monetárias?
AC: Antes de mais devo adiantar que não sou analista financeiro ou gestor de fundos, sou apenas uma pessoa interessada na matéria e com ligações ao ramo através de outras funções. Dito isto, creio que os mercados bolsistas ainda têm espaço para subir no curto/médio prazo, mas estou bastante preocupado com o longo prazo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Em defesa de um padrão monetário livre

O dinheiro num mercado livre



Inicia-se hoje a publicação de um conjunto que artigos que Ken Griffith tem vindo a publicar no jornal do Gold Standard Institute. Os diferentes artigos que iremos publicar são dedicados à análise das potencialidades, das dificuldades e soluções para a construção de um novo padrão monetário. A novidade central nesta reflexão, ancorada na experiência e no passado recentes, é a ideia de que esse padrão pode ser implementado pela iniciativa livre dos cidadãos, sem necessidade da sua imposição por parte do estado. Importa sublinhar, especialmente nesta primeira parte, que esta reflexão assenta num conhecimento das necessidades monetárias do mercado, bem como na análise de tentativas recentes para a implementação de um padrão monetário livre.
A tradução e a edição dos artigos é da minha responsabilidade e foi autorizada pelo próprio autor.


"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #42", Junho de 2014

Nasci em 1971, três meses depois de Richard Nixon ter emitido uma lei que obrigava ao abandono da ligação entre o dólar e o ouro. Durante toda a minha vida, ouvi defensores do ouro e economistas austríacos lamentarem-se do desaparecimento do padrão-ouro, bem como o clamor de um regresso a ele. O propósito deste artigo é indagar se um novo padrão-ouro pode ser constituído através da iniciativa e acção privadas. A esta meta darei o nome de “padrão-ouro livre”.

Após anos de estudo e reflexão acerca destas matérias, cheguei à conclusão de que o padrão-ouro imposto por um estado e gerido por um banco central não resolveria o problema que enfrentamos relativamente à moeda que usamos. Políticos e dinheiro honesto são como azeite e água – não se misturam. Os políticos e os governadores dos bancos centrais são exímios na desvalorização da moeda, caso os deixemos controlá-la. Não há nenhuma nação que, tendo monopolizado a produção de moeda, esteja a salvo dessa tentação.
Julgo que o único modo de o mundo voltar a ter um verdadeiro padrão-ouro será se ele for alcançado através do livre mercado, sem intervenção estatal.

A primeira tentativa – a era do ouro digital

O leitor talvez não saiba, mas existiu um breve período (1996 até 2008) em que existiu um sistema monetário fundado no ouro. Liderado pela empresa e-gold.com, a “economia do ouro” através da internet cresceu ao ponto de representar 80 toneladas de ouro/ano de transacções entre utilizadores. No seu ponto alto, existiam sete entidades digitais emissoras e uma rede internacional de agentes e dois milhões de titulares de contas. O ouro digital era a forma mais rápida e barata de mover dinheiro à volta do mundo. O ouro mudava de mãos – como meio de pagamento – numa razão de 78 transacções por utilizador/ano.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

No pasa nada! Que são vinte anos, afinal?


O Tribunal e Contas da UE (European Court of Auditors) recusou apor a sua assinatura no relatório da execução orçamental de 2013 apresentada pela burocracia de Bruxelas. Há vinte anos consecutivos(!) que tal sucede sem que nada de relevante aconteça para além de palavras pias e vagas promessas de introdução de mais e melhores controlos burocracia por parte da Comissão Europeia. Coisa que parece não incomodar as consciências profissionais dos profissionais da "Europa". Nada parece assim ter mudado de substantivo desde este apontamento sugerido pela leitura do livro de Marta Andreasen que, à semelhança do que antes dela tinham feito Bernard Connolly e Paul van Buitenen, demonstra à evidência que o que se passa sob as monstruosas construções burocráticas só é (levemente?) identificado pela acção dos whistleblowers, quase invariavelmente à custa de fortíssimas penalizações pessoais. A eles devemos o (pouco) que sabemos.

Radar

"Acumulam-se os relatos de investigações feitas aos maiores bancos do mundo. Das taxas interbancárias à negociação de futuros monetários, não deixando de parte as intervenções ilegais no mercado dos metais preciosos (aqui e aqui). Os verdadeiros negócios que estas "empresas" fazem devem ser de tal magnitude que permitem fazer face às multas como se de um simples custo de operação se tratasse.
Seguramente, desconhecemos muito do que se passa.
Fazer perguntas incómodas? Manter espírito crítico face à "realidade depurada"? "Isso é para amantes de teorias da conspiração".
Claro.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Citação do dia (177)

«No processo político há um "triângulo de ferro" formado pela interacção de três grupos de pessoas. Há os que perseguem interesses especiais, que procuram obter favores e privilégios por parte do estado à custa dos consumidores, concorrentes e contribuintes; há os políticos fornecedores de favores e privilégios atribuíveis pelo estado em troca de financiamentos às campanhas eleitorais e votos; e há os gestores burocráticos do sistema regulatório, intervencionista e redistributivo, que estão constantemente à procura de formas e meios de expandir a sua autoridade e aumentar os seus orçamentos como vias para a obtenção de mais poder e oportunidades de promoção e de salários mais elevados.»
Richard M. Ebeling

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Metafísica monetária e financeira

"Estar nos pináculos do jornalismo económico é estar ao nível do mar"

A conferência que a seguir se apresenta é constituída por duas partes. Ela começa pela apresentação da realidade quantificada, aquela que é medida e aquela que é possível projectar a curto-prazo.
A segunda parte (passados uns bons 20 minutos) é uma análise qualitativa, levada a cabo com frontalidade e ironia, da realidade que os "mandarins financeiros" forçam a existir. A análise inicia-se pela definição da substância das taxas de juro e o seu papel. Seja num sistema capitalista ou no verdadeiro "Truman Show" em que vivemos, no qual imperam o padrão-doutor e a distorcida visão metafísica de se poder ter algo a partir de nada.
A primeira parte da conferência é levada a cabo por Marc Seidner para a apresentação do que é. A segunda e substancial parte é conduzida por James Grant, na tentativa de identificar que consequências resultam da deturpação daquilo que é. Um profundo exercício de clarificação metafísica, desenvolvido com conhecimento, simplicidade, realismo e boa-disposição.

Votos de um excelente fim-de-semana.

Eleições 2014 nos EUA

Barack Obama tem sido alvo de muitos dos meus posts num registo invariavelmente muito crítico. Talvez se esperasse por isso que esta fosse uma oportunidade para saudar a grande derrota eleitoral que acaba de sofrer nas eleições intercalares. Não é assim. Na frente interna, à parte um ou outro sinal de "diferença" (como o pipeline Keystone), o mais provável é que o garrote da regulação se limite a abrandar o ritmo do seu crescimento e que um programa como o Obamacare seja rebaptizado após sofrer uma qualquer cosmética envolta numa tão vigorosa como vazia retórica. Na frente externa, há todas as razões para temer que o intervencionismo se agrave seriamente (com mais tropas colocadas no "terreno"). Parecem-me assim certeiros os tweets de Ron Paul. O grande Gordon Tullock, falecido na véspera do acto eleitoral, já havia sentenciado a sua opinião quanto à (in)utilidade das eleições neste vídeo de há seis anos atrás (num outro registo, um clip célebre de George Carlin). Sheldon Richman, vice-presidente da Foundation for Economic Freedom, também invoca Tullock no texto que escolhi hoje partilhar e onde expressa o seu pensamento sobre a arrogância dos políticos e a pretensão do conhecimento que lhes subjaz.

Por Sheldon Richman
6 de Novembro de 2014

Eleições 2014 nos EUA: Boas e Más Notícias

Das eleições intercalares de 2014 resultaram duas notícias: uma boa e uma má. A boa notícia é que os vencidos perderam. A má é que os vencedores ganharam.

Sheldon Richman
O jornalista Mike Barnicle diz que nunca assistiu a umas eleições em que as pessoas se sentissem tão distantes da governação. Eu gostava que o diagnóstico dele estivesse correcto, mas suspeito que não esteja. É verdade que a afluência às urnas não terá provavelmente estabelecido recordes para umas eleições intercalares. Mas isso, mais do que um sinal de alienação do processo eleitoral, é um indicador de repulsa para com o elenco particular de incumbentes. Quem não sentiria repulsa?

Apesar do que os eleitores possam pensar, isto não tem nada a ver com a personalidade e o carácter. Respeita antes aos limites da natureza humana. Ninguém está qualificado para nos governar, considerando o que se entende hoje por "governar". Os governos - federal, estadual e local - tentam administrar todos os aspectos das nossas vidas. De várias maneiras, propõem-se "pôr a economia em movimento" e a mantê-la a "trabalhar". Além disso, o governo federal mantém um império global ao serviço do qual o aparelho de segurança nacional tem a pretensão de gerir sociedades estrangeiras.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Radar

Pode um produto esgotar-se por excesso de procura e o seu preço descer?
Pode. Basta que seja um metal precioso, que possua uma história e propriedades únicas. E que seja objecto de interferências por parte das várias partes interessadas neste jogo de papel.
Aproveitar a oportunidade para comprar prata (ou ouro, tanto faz) pode revelar-se mais difícil. A U.S. Mint esgota inventário dada a procura desenfreada - ver aqui e aqui.
"Não há nada para ver aqui. Continue."
Pois...

Passos importantes

Novos ciclos, novas oportunidades

E se a oportunidade surgisse para poder receber o proveito do seu trabalho em metais preciosos? Em Singapura, isso é possível. Até a resposta às exigências fiscais são acomodadas.
O primeiro vídeo - um sinal de que é possível fazer investigação jornalística - concentra-se a mostrar como uma empresa paga os salários dos seus trabalhadores em metais preciosos. Nota: os trabalhadores podem recusar essa possibilidade.
Simples, não é?

O segundo vídeo - outra prova de que pode haver lugar para visões diversas no oficial nevoeiro mental - é uma entrevista a Koos Jansen. A sua investigação acerca do mercado do ouro (internacional, mas especialmente chinês) vingou. Ou seja, os números que, desde o início do ano, Koos tinha publicado acerca da procura chinesa de ouro foram confirmados. Não pelas instituições ocidentais (World Gold Council, LBMA), que simplesmente ignoraram a investigação de Koos, mas pelas autoridades chinesas.
Aquelas instituições apontavam números para a procura chinesa em 2013 a rondar as 1170 toneladas, contra as 2200 toneladas avançadas pelo investigador independente que escreve desde a sua casa na Holanda. Não esqueçamos que os chineses são adeptos da discrição quanto às suas movimentações estratégicas, pelo que este facto tem uma dimensão muito, muito importante.
Como evidência da qualidade da sua investigação, Koos acabou por ser recrutado por uma empresa de Singapura (BullionStar, a mesma que aparece referida no primeiro vídeo) como investigador para o mercado dos metais preciosos. Para além de ser também consultor da Gold Anti-Trust Association.



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Compensa errar redondamente anos a fio (pelo menos € 125 milhões):

Assisti, observando uma recatada distância, aos vigorosos protestos das entidades domésticas "produtoras de ciência" que se sentiram injustamente excluídas da fatia do orçamento do estado a que julgavam ter "direito" alegando deficiências no processo de avaliação encomendada pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia. O meu propósito não é o de questionar a bondade (ou falta dela, de tal processo - não tenho competência para tal. Todavia, não consigo - é superior a mim mesmo - deixar de achar estranhíssima a escala de avaliação utilizada ainda que saiba que ela é internacionalmente utilizada: "Insuficiente", "Razoável", "Bom", "Muito Bom", "Excelente" e "Excepcional". Mas com uma tal escala é de estranhar, neste país de excelência, que mais de 55% das 322 instituições avaliadas ocupem os três últimos graus da escala, por sinal aqueles que conferiam o "direito" ao bolo orçamental relevante? E ainda há quem se admire com a inflação nas classificações dos alunos ("grade inflation") dos bancos da escola primária até à universidade? Enfim.

Vem este longo intróito a propósito da recente decisão tomada pelo governo britânico de dotar o Met Office (uma agência estatal do Reino Unido) de um novo supercomputador, com o custo de 125 milhões de euros, para melhorar a qualidade das previsões meteorológicas e da "evolução do clima" a 100 anos de distância (!). Isto, cinco anos depois de os contribuintes britânicos terem pago 40 milhões de euros por um outro supercomputador invocando os mesmíssimos motivos. Um breve fact-checking referente à qualidade das previsões "climáticas" do Met Office - um dos mais notáveis centros de difusão alarmista do aquecimento global - nos últimos 10 anos, permite legitimar sérias dúvidas da sua razoabilidade, embora saiba que, nos tempos que correm, é uma heresia passível de excomunhão irrevogável duvidar da bondade de todo e qualquer "investimento em ciência". Para o efeito, irei socorre-me da excelente memória de Christopher Booker:

Imagem daqui
«Em 2004, [o Met Office] previu que o mundo em 2014 aqueceria 0.8ºC e que em 4 dos 5 anos após 2009 seria batido o recorde alcançado em 1998, "o ano mais quente de sempre". Em 2007, o computador do Met Office previu que aquele seria "o ano mais quente de sempre", justamente antes de as temperaturas globais terem baixado 0.7ºC, o equivalente a todo o aumento verificado no século XX. O Verão iria ser "mais seco que a média", precisamente antes das piores cheias de sempre.

De 2008 a 2010, os modelos previram consistentemente "Invernos mais quentes que a média" e "Verões mais quentes e secos que a média": três anos em que a maior parte do hemisfério norte registou recordes de frio e neve; no Reino Unido, salientando-se o prometido Verão de "churrasco" de 2009, verificaram-se Verões mais chuvosos e frescos do que o habitual. Um triunfo particular foi alcançado, em Outubro de 2010, quando foi anunciado que o Inverno iria ser "2ºC mais quente que a média", justamente antes do mais frio mês de Dezembro verificado desde que se iniciaram os registos em 1659.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Radar

A campanha a favor do sim no refendo suíço para a repatriação e reconstituição das reservas de ouro do banco central suíço (Swiss Gold Initiative), ainda nem começou, mas os seus promotores já começaram a sentir as consequências da sua ousadia. Levadas a cabo do mesmo modo que as intervenções no mercado do ouro, as pressões e acções inusitadas já se podem identificar e fazer sentir. Neste caso, sobre uma empresa que está a recolher donativos e vai liderar a campanha nos meios de comunicação social a favor do sim. Leia-se - "Um caloroso agradecimento": A Paypal retirou a possibilidade de indivíduos poderem fazer donativos para a campanha, usando o seu sistema de transacções.
Atente-se nas razões apresentadas. A tensão cresce. Desespero?

domingo, 2 de novembro de 2014

A quarta derrota britânica no Afeganistão

Depois da extraordinária herança deixada no Iraque, os Estados Unidos e os seus aliados, obtido um novo "sucesso" politico-militar no Afeganistão, encetam mais uma retirada de tropas, concluída que está, supostamente, a "missão" que justificou o seu envio. Como em outras ocasiões, deixam por lá um contingente de "conselheiros" e "instrutores" para auxiliar a integral assumpção das responsabilidades de segurança pelo exército (?) local. Deixam também uma florescente indústria do ópio (e heroína), droga com presença assídua nas guerras asiáticas em que as potências imperiais ocidentais participaram desde o século XIX até aos dias de hoje. É este o tema do artigo de Eric Margolis que me propus partilhar traduzindo-o. Margolis usa o seu profundo conhecimento no "terreno" da região cruzando-o com o sempre instrutivo e necessário enquadramento da história contemporânea da região.
Por Eric Margolis
1 de Novembro de 2014

Ninguém ousa classificá-la como uma derrota

Eric Margolis
Os últimos soldados britânicos saíram do Afeganistão na semana passada por via aérea, assim marcando o triste fim da quarta invasão falhada do Afeganistão pela Grã-Bretanha. Foram acompanhados pelo último destacamento de fuzileiros navais dos EUA que estava sediado em Helmand.

Muito tem feito o Afeganistão por merecer o epíteto de "cemitério de impérios"!

Para ser mais rigoroso, esta honra pertence às tribos pashtuns das montanhas do Afeganistão, que não dobram os seus joelhos perante ninguém e se orgulham do seu espírito guerreiro.

No meu livro, "War at the Top of the World" ["Guerra no Topo do Mundo" - NT], escrevi que os pashtuns eram "os homens mais valentes ao cimo da Terra". Mais tarde, acrescentaria os ferozes tchetchenos àquela fraternidade ilustre.

Os velhos imperialistas desapareceram, mas a ocupação do Afeganistão continua. O novo regime de Cabul, recém-instalado por Washington para substituir o anterior aliado e pouco cooperante Hamid Karzai, apressou-se a assinar um "acordo" que permite aos Estados Unidos manter cerca de 10 mil militares no Afeganistão por mais uns anos. Os seus membros não terão de observar as leis afegãs.

Todavia, há muito mais coisas neste arranjo. As tropas de combate dos EUA, diplomaticamente rotuladas de "instrutores" ou de "forças anti-terroristas", não são suficientemente numerosas para controlar todo o Afeganistão. A sua missão é a de defender o governo fantoche de Cabul do seu próprio povo e a crucialmente importante base aérea americana de Bagram.

sábado, 1 de novembro de 2014

Inflação - estatísticas oficiais e o exemplo do desporto

Por que razão uma decisão de aumentar (ainda mais) a insana impressão de dinheiro digital parece conduzir directamente à acumulação de recordes sobre recordes nos índices bolsistas? Terá o leitor dado conta que, por exemplo, o NASDAQ regressou aos valores que tinha em Março de 2000 quanto rebentou a bolha dotcom? Por que razão assistimos em paralelo ao estabelecimento de novos recordes no mercado da arte? No imobiliário e particularmente na altura dos arranha-céus? E nos mercados desportivos, objecto do artigo de Simon Black que hoje me propus partilhar? Porquê esta inflação direccionada mas galopante dos preços quando, em simultâneo, ouvimos incessantes avisos contra o iminente perigo da deflação?

Por Simon Black
31 de Outubro de 2014

Como as remunerações e passes dos atletas revelam a verdadeira taxa de inflação
(No inflation Friday: How sport salaries reveal the true rate of inflation)

A nova temporada da NBA [principal liga americana de basquetebol profissional - NT] começou esta semana. E com ela uma nova massa salarial para 2014-15. Corresponde a um aumento de 7,5% e atinge agora um nível recorde de 63 milhões de dólares.

Mais um "recorde de todos os tempos" num mundo onde tudo parece estar a chegar à Lua.

A massa salarial na NBA aumentou apenas marginalmente nos sete anos anteriores. Passou de 55,6 milhões de dólares por equipa na temporada 2007-08, para 58,7 milhões em 2013-14, um aumento de 5,6%.

Foto daqui
O aumento agora verificado superou em muito este último. Acréscimos semelhantes têm vindo a verificar-se nos diferentes desportos. Tomemos o desporto mais popular em todo o mundo - o futebol - como um exemplo credível.

Instrutivo

A propósito de uma solicitação de um leitor surgida na caixa de comentários do post anterior e da velha ladainha segundo a qual, não sendo possível extrair "rendimento" da posse de ouro físico, a constituição de poupanças materializadas em metal amarelo constituiria uma aplicação sempre especulativa. 


Gráfico da Gold-Eagle, via EPJ

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Radar

Alan Greenspan, em entrevista no WSJ: "Nunca experimentámos nada de semelhante a isto [a política monetária da Fed desde Bernanke e Yellen], pelo que não vou agora, sentado aqui, dizer qual irá ser o resultado" e, mais à frente, "[p]enso que a pressão efectiva irá ocorrer não por iniciativa da Reserva Federal mas pelos próprios mercados". Pelo meio vai aconselhando o ouro como um bom veículo de investimento nos tempos que correm. Sinais...

Do arrependimento


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Citação do dia (176)

Israel M. Kirzner
«Essa foi a ocasião ... do meu primeiro encontro com Ludwig von Mises, e está profundamente gravada na minha memória ... A substância da sua frase inicial de abertura da sessão naquela noite [foi a seguinte]: "O mercado", começou Mises, é um processo". Vindo eu de uma licenciatura em Economia muito deficiente (e no essencial de recorte keynesiano) a afirmação de Mises, recordo-me, deixou-me completamente perplexo. Eu havia pensado o mercado enquanto um lugar, uma arena para concretizar trocas, uma ideia abstracta atinente às transacções relativas às trocas voluntárias. Eu não consegui perceber qual poderia ser o significado da observação de que o mercado era um processo". Hoje, em retrospectiva, considero que toda a minha formação posterior e investigação na teoria económica, tanto antes como depois de obter o meu doutoramento sob a orientação de Mises, consistiu em aprender a apreciar o que Mises quis dizer com aquela afirmação.»
Israel Kirzner
Via Richard Eberling (minha tradução)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Os tremendos custos não visíveis da regulação estatal

Ontem, referia-me aqui às consequências directas e mensuráveis - e por isso percepcionáveis - de recentes "medidas" governamentais. Foi o "perigo" dessa percepção que explica que o ministro "artesão", "batalhador" e "persistente" sentisse a necessidade de rapidamente vir a terreiro para tentar baralhar os incautos ao afirmar "[não haver] razões para assustar as pessoas com aumentos que não estão previstos, a partir da fiscalidade verde".

Sucede que, as mais das vezes, as "medidas" governamentais produzem impactos que não são nem imediatamente visíveis, nem facilmente mensuráveis e, por conseguinte, com efeitos dificilmente percepcionados pelo comum das pessoas. É este o caso de TODA a actividade regulatória estatal, provenha ela da administração pública ou de "autoridades" supostamente independentes, altruístas e omniscientes. Entre nós, a secular arrogância do estado centralista e a ausência de uma pressão da opinião pública efectiva vai permitindo que aquele não sinta necessidade de quantificar e divulgar publicamente os impactos financeiros das "medidas" que vai coleccionando a uma velocidade cada vez mais vertiginosa. Noutras longitudes não é assim, ilustrando a imagem abaixo a enorme relevância dos custos da regulação estatal (no caso, referentes à actividade industrial nos EUA em 2012). Entretanto, por cá há quem recorra - julgo que com sucesso - ao colorido do vernáculo para tentar tornar visível aquilo que se esconde propositadamente do escrutínio público.



Actualização: ver aqui.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Uma mentira sustentada mas insustentável

Clicar para ampliar
Consumada a "reforma da fiscalidade verde", já se conhecem quais serão os seus impactos: mais 350 milhões de euros de impostos e regulamentações várias que irão onerar o custo da gasolina e do gasóleo em +6,5 e +5,1 cêntimos por litro, respectivamente. Enquanto ajuda à competitividade das empresas, não está nada mal, não senhor! De resto, Jorge de Vasconcelos, o mesmo que se demitiu de presidente da ERSE quando não obteve do governo de então o acréscimo nas tarifas eléctricas que defendia ser devido pelos consumidores, agora na pele de presidente da Comissão que reviu a "fiscalidade verde" acha que a coisa, na parcela "Fundo de Carbono", "é quase imperceptível" face às oscilações dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Moreira da Silva - o "ministro do CO2" na feliz expressão de Mira Amaral - o verdadeiro mentor de tudo isto, nunca escondeu aliás ao que vinha e qual era o objectivo que tinha em mente: "alterar comportamentos" de modo a "conferir padrões de consumo e produção "mais sustentáveis". No fundo, no fundo - como à superfície... - apenas uma variante na busca de um "homem novo" que erige como valor absoluto o "respeito" pela Mãe Natureza e o combate ao aquecimento global às "alterações climáticas".

O estimável Público rejubila, como de resto a generalidade dos nossos media convencionais, tanto mais que o estadista "artesão" acaba de arrancar uma "vitória" em Bruxelas (cf. imagem de notícia do jornal de ontem) que resultou da sua indomável persistência: uma intenção declarada, não vinculativa, de aumentar as interligações da rede eléctrica pan-europeia (com a qual o estadista sonha para "escoar" o excesso de produção eólica de que padecemos e cujos efeitos - défice tarifário combinado com contínuos aumentos nas tarifas de electricidade-, ao contrário do propagandeado, continuam a aumentar).

Portanto, caros leitores, é fácil prever o que ocorrerá no próximo mês de Janeiro: 1) caso os preços do petróleo se mantenham nos níveis actuais por mais uns meses, os preços dos combustíveis irão, grosso modo, regressar aos valores que se observavam antes da recente e acentuada descida da cotação do crude ou, 2) logo que o preço do crude recupere para os nos patamares anteriores, podemos antever as manchetes da nossa imprensa: "os preços da gasolina e do gasóleo atingem valore recorde entre nós!". A culpa, está bem de ver, será do mercado e dos tenebrosos especuladores.

Adenda 1: o descaramento não tem mesmo limites.

Adenda 2: é verdade que cerca de 1/3 do aumento projectado nos combustíveis decorre de novo acréscimo na designada "Contribuição Rodoviária" cuja receita é consignada à Estradas de Portugal. Mas não o é menos, na "filosofia" do ministro do CO2, que seja um imposto "verde" já que naturalmente desencoraja a utilização de veículos nas estradas ao torná-la mais dispendiosa.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Citação do dia (175)

"Os novos valores que vão surgindo parecem justificar o abandono dos antigos valores e regras. A confiança em si mesmo, o auto-controlo e a independência, por exemplo, são substituídos pela equidade, segurança e cuidados de saúde universais. No entanto, são fáceis de identificar as clivagens entre os velhos valores e os novos.
Os novos valores reflectem uma profunda mudança nas atitudes. De assumir riscos a passar evitá-los de todo. Da produção de riqueza à preocupação exclusiva na sua preservação. Da ausência de interferências do estado (laissez-faire) ao controlo centralizado por parte do estado.
Mas estas diferenças são também expressas num conjunto diferenciado de direitos. Os antigos eram direitos a que cada um pudesse fazer algo por si mesmo. Os últimos são direitos a forçar alguém a fazer algo para mim. Os primeiros exigiam cooperação, estes últimos exigem apenas o medo e, de seguida, a violência."

Bill Bonner, "O refluxo da modernidade" - 22 de Outubro de 2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Economistas que nos envergonham embaraçam

A lei da procura é a mais fundamental das leis de todo o corpo da teoria económica: se tudo o resto se mantiver constante (a necessária condição ceteris paribus), um aumento que se verifique no preço de um bem ou serviço terá como consequência uma diminuição da sua quantidade procurada pelas pessoas. Recordo-me, ainda de joelhos esfolados, ouvir o meu avô materno, pequeno agricultor de sequeiro e desconhecedor do alfabeto, referir-se-lhe frequentemente, saber de experiência feito. Mas há quem teime, entre os que ominosamente se reclamam de economistas, que há um caso específico em que esta lei não se observa e, por conseguinte, a invalida, tese que o governo, pela voz do ministro Mota Soares, subscreve (apesar da troika). Walter Williams, no artigo que hoje seleccionei (minha tradução), volta a explicar por que razão essa alegada excepção é um rematado disparate gerador de desemprego entre os menos qualificados. Uma pergunta: já repararam no recente "mobiliário" com que muitas lojas da McDonald's foram recentemente dotadas? (Via LRC)
Por Walter Williams
20 de Outubro de 2014

Economistas que nos embaraçam
(Embarrassing Economists)

Com o objectivo de transmitir uma certa perspectiva, vou pedir ao leitor que faça algumas conjecturas quanto ao comportamento humano antes de explicar o meu embaraço perante alguns dos meus colegas economistas.

Walter E. Williams
Suponha o leitor que os preços das jóias de senhoras aumentaram 100%. O que preveria que iria acontecer às vendas? E se o aumento de preços fosse de 25% ou 50%? A minha suposição é que uma pessoa comum iria prever que as vendas cairiam.

Emitiria a mesma previsão acerca das vendas de automóveis se os seus preços aumentassem 100% ou 25% ou 50%? Suponha o leitor que é o presidente executivo da General Motors e o seu director de vendas lhe diz que a empresa poderia aumentar as vendas de automóveis através do anúncio de um aumento de preços de 100% ou 50%. Eu imagino que despediria o director de vendas invocando quer insanidade como incompetência.

Tentemos mais um exemplo. Qual seria a sua previsão, caro leitor, quanto às vendas de habitações se os seus preços subissem 50%? Supondo que iria prever uma queda nas vendas. Nesta altura, dirá: "Ok, Williams, já me está fazer perder a paciência com essas questões óbvias. Onde é que pretende chegar?"