sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Das sanitas e do cocó

Bill Gates tem evidentemente todo o direito a fazer o que bem entende com o seu dinheiro. O seu projecto de promover o surgimento de uma nova geração de sanitas, especialmente dirigido àqueles que não dispõem de "água, sistema de esgotos ou electricidade", pode vir a proporcionar-lhes importantes e mesmo radicais melhorias sanitárias. E os primeiros protótipos já estão aí. Entre outros, gostei particularmente da ideia apresentada pela Universidade de Toronto. Permitiria talvez também endereçar problemas conexos. Por exemplo, este:


4 comentários:

Sérgio disse...

Não confio no que vem da fundação desse senhor e de sua excelentíssima esposa, não irei certamente meter o traseiro nessas invenções. Embora acredite que possa, na melhor das hipóteses, ser uma espécie de "segway" que foi apresentado como a revolução dos sistemas de transporte, a melhor coisa depois da roda... e não passa de um brinquedo caro e sem grande utilidade prática.
Estou a imaginar num país subdesenvolvido onde os habitantes lutam diariamente por uma malga de arroz, mas com uma sanita a energia solar e que produz hidrogénio. Sonhos húmidos de um bilionário que não sabe o que fazer com o tempo livre.

Anónimo disse...

O problema é o modo como a nossa imprensa dá estas notícias. Independentemente do que se pense do Bill Gates e da sua fundação, este não é um projecto pateta, como pareceria à primeira vista. Se se vir o recente documentário da BBC The Toilet: An Unspoken History (excelente, apesar do título) percebe-se melhor o que a fundação do Bill Gates está a tentar fazer. As filmagens nas "favelas" do Bangladesh são impressionantes, e aquelas pessoas não têm água potável nem dinheiro sufiente para construir sistemas de esgotos "à ocidental".

PAULO disse...

Ando há anos a tentar fazer, montar, um negócio em Portugal sobre o reaproveitamento das águas do banho para despejo na sanita, ideia que tirei deste documentário da BBC que o anónimo refere no comentário atrás!
Pois sim, em Portugal é desconhecido estas sanitas, no Japão é usado este sistema há alguns anos!
Problema maior para nós, as casas portuguesas não estão preparadas para uma instalação deste tipo, só com uma infra-estrutura quase de raíz! Investimento no negócio, não há quem arrisque.

Sérgio disse...

Quero agradecer ao comentário "Anónimo" pela indicação do documentário que achei excelente, muito obrigado.
Mantenho no entanto a minha descrença no projecto do Bill Gates, como mostra o documentário a grande democratização das sanitas veio com a simplificação do sistema, antes disso só a nobreza as tinha. Da mesma forma a mais bem sucedida sanita na Índia é a que é a mais simples (anéis de cimento com um engenhoso funil sifonado em plástico).
Será que aquela gente na favela do Bangladesh terá dinheiro para uma sanita a plasma?
A solução passará sempre pela melhoria geral das condições recorrendo por exemplo a sanitários colectivos com base em tecnologia simples mas eficaz.
Veja-se a parte final do documentário, como uma sanita de compostagem, tão simples funciona (embora apenas para zonas rurais).
Os brinquedos do Bill serão apenas isso, para uso dele e dos colegas ricos.
Já o referido reaproveitamento das águas para os autoclismos considero que se enquadra muito bem como sistema de tecnologia simples mas muito importante, falta apenas a motivação geral para o aplicar.
Link no youtube para o documentário: http://www.youtube.com/watch?v=C_PAUUX36lA