terça-feira, 20 de agosto de 2013

Os impérios também se abatem (quase sempre pelas mesmas razões)

Uma carta muito apropriadamente enviada de Roma, da autoria de Simon Black (minha tradução):
19 de Agosto de 2013
Roma, Itália

Em 19 de Agosto de 43 a.C., há precisamente 2056 anos, um militar de 20 anos de idade, Gaius Octavius Thurinus, assumiu o controlo da mais poderosa civilização do planeta.

De pé, à frente de seu exército, que tinha acabado de marchar sobre Roma, Gaius forçou o Senado a "elegê-lo" para o mais alto cargo político do país à época.

E uma vez chegado ao poder, nunca mais de lá saiu.

De 19 de Agosto de 43 a.C. até à sua morte (que por coincidência ocorreu também a 19 de Agosto), em 14 d.C., Gaius aumentou habilmente a sua autoridade até conseguir exercer o controlo total sobre Roma.

É claro que Gaius veio a tornar-se conhecido como Augusto, o primeiro imperador do Império Romano. Assim, poder-se-á argumentar que este foi o dia em que a República morreu "oficialmente" e foi substituída por uma sucessão de megalomaníacos incompetentes.

Isto inclui um elenco infame de personagens, do Calígula moralmente depravado ao Nero comprovadamente insane, ao impositor de impostos Vespasiano, ao opressivo tirano Domiciano.

Esta tendência manteve-se por centenas de anos. Tirania. Opressão. Excesso de despesa pública. Hiperinflação. Guerra civil. Guerra externa. Impostos debilitantes. Regulamentos punitivos. E um declínio terminal na liberdade das pessoas e nos padrões de vida.

Esta é uma história muito familiar. Ao longo da história, os impérios sempre passaram por este ciclo de ascensão, auge, declínio e colapso. Roma. Egipto. O Império dos Habsburgos. O Império Otomano.

E os aspectos mais salientes são quase sempre os mesmos - despesa pública desgovernada, moeda em rápida desvalorização, dispendiosas campanhas militares no estrangeiro, regulamentações onerosas, etc.

Mais importante ainda, em quase todos os casos, sempre existiu uma pequena elite que acha que deve controlar todo o sistema.

Contudo, a história é muito clara: as sociedades que se organizam dessa maneira observam uma taxa de insucesso de 100%, sem excepção.

Curiosamente, esses mesmos erros são repetidos inúmeras vezes.

Há sempre uma nova elite que se arroga o direito a deter poderes ditatoriais - do controlo da massa monetária ao controlo dos militares.

Por exemplo, quatro homens controlam mais de 70% da massa monetária do mundo no nosso sistema bancário central moderno. Eles têm o poder de fazer surgir quantidades ilimitadas de moeda a partir do nada, no seu exclusivo critério.

Enquanto isso, os países "mais ricos" do mundo (EUA, Europa, Japão, etc.) estão tão profundamente endividados que têm que pedir dinheiro emprestado apenas para pagar os juros sobre o dinheiro que já pediram emprestado.

Durante o boom imobiliário há apenas alguns anos atrás, todos pensavam que os preços dos imóveis iriam subir sempre.

De repente, tudo caiu. E posteriormente, toda a gente disse: "Duh, não faz sentido emprestar milhões de dólares a pessoas mortas".

Também isto irá parecer óbvio em retrospectiva.

E mesmo os mais ferrenhos defensores do sistema (como Paul Krugman) irão olhar para trás e dizer: "É claro que eu sabia que isto iria acontecer. Obviamente não se pode gastar e imprimir todo esse dinheiro sem consequências".

Enquanto isso, a elite que detém o controlo continuará a cambalear em direcção ao seu destino histórico.

Isso porque o sistema de hoje partilha semelhanças fundamentais com praticamente todos os outros casos de império que vieram a caír. E é tolice pensar que desta vez irá ser diferente.

Simon Black
Senior Editor, SovereignMan.com

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