domingo, 15 de junho de 2014

Sobre o Crédito ou a história a repetir-se

Nos pacotes de medidas dos bancos centrais podemos identificar ciclos. Ou seja, as políticas dos bancos centrais repetem-se desde, segundo o texto que a seguir se traduz, os anos vinte. Isso é válido para o BCE que, enquanto instituição, não existia nesse tempo. Segundo Doug Nolan, as políticas são, precisamente, as mesmas. Apesar de conduzirem a problemas e a dilemas já conhecidos. Que hão-de dar lugar a mais intervenções num ciclo que facilmente se torna visível.
Esta é a tese do artigo (parcial) que a seguir se publica, introduzindo os sublinhados que não estavam no original.


Doug Nolan, "A distribuição do crédito" - 6 de Junho de 2014

Nos últimos 23 trimestres – desde o terceiro trimestre de 2008 até ao primeiro do corrente ano – o crédito federal americano cresceu 3.338 triliões ou 351%. Acima deste crescimento ´parabólico` o crédito/liquidez da FED cresceu 1.474 triliões ou 52% nas últimas 82 semanas. (...) Tracei, repetidamente, paralelos entre o actual ciclo de Crédito – extraordinariamente prolongado – e o ciclo do período entre a 1ª Grande Guerra e 1929. Ambos os períodos possuem muitas características semelhantes, sejam os profundos avanços tecnológicos, inovação financeira, activismo experimental na gestão monetária e nos resultantes ciclos de crédito, economia e especulação.

No final do período de bolha dos excitantes anos vinte, a performance económica e financeira começou a funcionar anormalmente. Houve confusão. E, retrospectivamente, houve avisos óbvios. No entanto, naquele tempo esses avisos eram facilmente suplantados por um inusitado optimismo financeiro. Houve quem reconhece-se correctamente as consequências de um histórico excesso de crédito. Estas vozes avisaram, sem sucesso, os responsáveis políticos para controlar a Bolha para salvar o sistema financeiro e a economia da catástrofe (os ´rebenta-bolhas` de Bernanke). A FED repetidamente agiu para reforçar o período de crescimento – no fim a crença que a pressão em baixa nos preços, associada à vulnerabilidade económica justificavam a acomodação monetária. A FED, na altura, seguramente não desconhecia a bolha no mercado bolsista. O foco da FED era tentar assegurar que o crédito era aplicado a funções produtivas na economia real em vez de aplicado às dinâmicas do mercado. Havia dois lados neste debate. Os ´rebenta-bolhas` estavam outra vez correctos em assinalar a falácia de esperar que a FED e os suas medidas pudessem assegurar que o crédito era usado de forma produtiva, pelo menos enquanto os preços e os lucros da economia real eram fracos quando comparados com os ganhos alcançados nos mercados crescentes de títulos. Esta semana, o BCE introduziu “as operações de refinanciamento localizadas de longo prazo” (TLTRO). Apesar do histórico colapso nos títulos soberanos e dos movimentos crescentes nos mercados bolsistas, preve-se que a economia da Zona Euro cresça apenas 1% este ano. Muitos receiam que as pressões deflacionárias se intensifiquem. Na Europa, assim como à volta do mundo, a liquidez dos bancos centrais tem aquecido a especulação financeira enquanto as economias e os preços têm estado a arrefecer. O plano do BCE é emprestar aos bancos especificamente para que estes financiem a economia real. Boa sorte com isso. Os pálidos retornos previstos na economia comparam mal com os desproporcionados lucros especulativos alcançados nos mercados financeiros. Os mercados antecipam que a liquidez dos bancos centrais faça o seu caminho até às tentadoras bolhas. (...) Há um argumento forte que pode apresentar-se de que a bolha da dívida europeia se tenha tornado, historicamente, na pior atribuição de preço aos títulos de dívida. Os títulos europeus – e mercados de risco globais – estão a mostrar sinais de perturbação, provavelmente aumentados por derivativos e negócios especulativos que se estão a tornar erráticos. A tese da bolha global da finanças dos estados encontra confirmação acrescida numa base semanal.”

1 comentário:

floribundus disse...

os bancos preferem
'a ejaculação precoce'