segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sound money - a pedra angular para o retomar de uma sã prosperidade

Em Federal Reserve Blows More Bubbles, Ron Paul volta a sublinhar a importância central que representa o restaurar de uma moeda forte (sound money), peça absolutamente essencial para que possa cessar a manipulação permanente que os governos e os respectivos bancos centrais sujeitam os seus cidadãos assim lhes impondo as respectivas consequências. Esta não é uma posição que vise um particular quadrante do espectro político do mainstream. Ainda há pouco ouvi na televisão (enquanto jantava num restaurante), uma parte do discurso de Paulo Portas acerca de linhas insusceptíveis de serem cruzadas, assim interpretando o papel do parceiro "compassivo" do actual governo. Ocorreu-me que não foi um democrata, nem sequer Jorge Sampaio, que sentenciou que "deficits don't matter", mas sim o über-falcão-republicano Dick Cheney, quando era vice-presidente de Reagan. Curioso, não é?
A tradução do texto é da minha responsabilidade.
Na semana passada, na sua sessão regular de definição de políticas, a Reserva Federal anunciou que iria dobrar a dose das políticas que até agora não conseguiram obter quaisquer resultados para além de uma economia estagnada. Foi uma decisão decepcionante ainda que não surpreendente.

A Fed afirmou que está preparada para aumentar as suas aquisições mensais de obrigações do Tesouro e títulos garantidos por hipotecas caso as coisas não comecem a melhorar. Mas, na realidade, a Fed já vem adquirindo mais do que os anunciados 85 mil milhões (85 seguido de nove zeros ou, em notação científica, 85 x 109) de dólares mensais. Entre Fevereiro e Março, os títulos detidos pela Fed aumentaram de 95 mil milhões de dólares. De Março para Abril, elas aumentaram em 100 mil milhões de dólares. Ao todo, a Fed injectou mais de 500 mil milhões de dólares na economia desde que anunciou a mais recente ronda de "alívio quantitativo" (QE3), em Setembro de 2012.

Embora tenha havido muita gente em pé de guerra quando a Fed anunciou que iria comprar títulos da dívida pública no montante de 600 mil milhões de dólares, aquando da ronda anterior (QE2), todos parecem estar tranquilos relativamente à magnitude do programa QE3 pois ele não vem acompanhado, à cabeça, de uma etiqueta com um preço enorme. Mas, no final do ano, o balanço da Fed poderá atingir os 4 milhões de milhões de dólares (4 x 1012) ou, na terminologia norte-americana, 4 trillions.

Sem recuperação à vista, para onde está indo todo este dinheiro? Ele está gerando bolhas. Bolhas no sector da habitação, no mercado accionista e na dívida pública. A dívida pública está a aproximar-se rapidamente dos 17 milhões de milhões de dólares (17 x 1012, um número composto de 14 algarismos) estando a Fed a monetizar [isto é, a criar dinheiro a partir do nada para financiar os défices públicos] a maior parte da dívida recentemente emitida. O mercado de acções vem batendo recordes nos últimos dois meses, com os investidores a procurar tirar partido do dinheiro barato e abundante. Afinal, enquanto a Fed mantiver as torneiras abertas, os lucros nominais estarão ali ao seu alcance. Mas isto é um castelo de cartas. Num dado momento, tal como ocorreu em 2008-2009, o mercado irá castigar as más actuações da Fed enquanto busca a retoma de uma real normalidade.

Enquanto isso, as famílias estão sofrendo. Enquanto Wall Street e o governo tiram proveito do acesso ao novo dinheiro "grátis" vindo da Reserva Federal, a Fed afirma que não há inflação. Mas quem é que não pagou preços mais altos no supermercado, na bomba de gasolina, nas propinas, nos seguros? Já é suficientemente mau que os rendimentos familiares tenham estagnado, mas o poder de compra real diminuiu tanto que um em cada sete americanos - 47,3 milhões de pessoas -, vivem hoje dos "vales alimentares" . Cinco milhões estão recebendo subsídio de desemprego, ascendendo a 21,5 milhões o número de desempregados, de acordo com os números do próprio governo. Isso corresponde a 13,9% - perto de dobro da taxa de desemprego de 7,5% anunciada na semana passada.

Seguramente nós não estamos em recuperação. Nós não vemos o desemprego de longa duração e as filas das sopas dos pobres como sucedeu na Grande Depressão, mas isso apenas se deve ao facto de as filas serem hoje electrónicas .

Não é de surpreender que a Reserva Federal tenha decidido agraciar o povo americano com mais das mesmas fracassadas políticas. Mas é decepcionante. Sabemos qual é a verdadeira solução: permitir que o mercado funcione. Permitir aos empreendedores a oportunidade de criar ao invés de sufocar a inovação através de regulamentações arbitrárias. Permitir que as taxas de juro subam para igualar os riscos na economia. Permitir que as dívidas incobráveis sejam [reconhecidas como tal e] liquidadas para que seja possível construir sob uma base sólida. Parar de imprimir dinheiro para beneficiar o governo e os grandes bancos. Restaurar um sistema de moeda forte para a economia e para o povo americano. Uma moeda forte e não manipulada é a base para a prosperidade e o melhor controlo sobre o big government e o crony capitalism.

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