quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Segredos ou crimes de estado?

Com o alegado objectivo de proteger a segurança dos EUA, a CIA, com o acordo expresso do próprio George W. Bush e do seu departamento de Justiça (?!), recorreu extensiva e repetidamente às orwellianas "enhanced interrogation techniques" (técnicas aperfeiçoadas de interrogatório) a coberto da "Guerra Global ao Terrorismo" proclamada subsequentemente aos acontecimentos de 11 de Setembro.

Eis então, já depois do escândalo supostamente "localizado" de Abu Ghraib (2004), que em 2007 surge alguém - John Kiriakou - já então um ex-agente da CIA, que veio denunciar publicamente o que, sem rodeios, não passava de tortura (como o relatório do próprio Senado americano, divulgado em Dezembro último, viria a reconhecer).

Mais de sete anos decorridos, não houve um único funcionário, civil ou militar, muito menos um político, que tivesse tido que responder por essas práticas hediondas e ilegais. Nem um. O único indivíduo incriminado e preso foi justamente aquele que as denunciou. Condenado a 30 meses de prisão, Kiriakou irá agora cumprir o remanescente da sua pena (6 meses) em regime de prisão domiciliária.

Tudo isto constitui mais uma vergonha para o nobelizado Obama que ostenta o pior registo que há memória de um presidente americano contra os que denunciam os crimes cometidos a coberto da "raison d'état" e do correlativo e arbitrário segredo - os whistleblowers - incorrendo em enormes riscos pessoais. A actual administração já instruiu mais casos contra os whistleblowers que a totalidade dos presidentes que o precederam! 589 meses de prisão em 6 anos de mandato contra apenas 24 meses acumulados desde a Revolução Americana! Que o digam, para além de Kiriakou, Chelsea (ex-Bradley) Manning, Barrett Brown, Jeremy Hammond, Jeffrey Sterling, Thomas Drake, William Binney, James Risen, James Rosen, Edward Snowden e até mesmo um cidadão australiano (Julian Assange).

Segue-se uma notável entrevista a Kiriakou (com transcrição):

1 comentário:

Unknown disse...

Uma sociedade complicada mas ganhadora: Dá ao mundo dos jornais mais poderosos e influentes no mundo que "passaram" pelo crime das armas de destruição sem uma mácula. E que acham que o ISel é por terem "saído" do Iraque.Vendem bem, mas só compra quem quer felizmente