segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Por que razão o estado gosta de amedontrar as pessoas

Aproveitando a boleia proporcionada pela citação do dia, cabe fazer notar que um dos temas recorrentes aqui pelo blogue - a devastação económica causada pelas políticas "verdes" em prol da "descarbonização" - só existe pela conjugação, sequencial e acumulada, de três factores: 1) a sedimentação da ideia que o Homem é, pelo menos desde os alvores das revoluções industrial e agrícola, o maior inimigo da Mãe Natureza e, aliás, de si próprio, o que "justifica" a necessidade de o controlar (se necessário for, de forma drástica, limitando o seu número); 2) a periódica instalação na opinião pública de crenças em desastres iminentes, imputáveis à actividade humana, de proporções bíblicas (nas últimas décadas, o expoente máximo é o "aquecimento global" convenientemente embrulhado num falso "consenso científico") que obrigam a "medidas imediatas e continuadas"; e, por fim, 3) a captura do estado pelos grupos de interesse especial fazendo valer a coerção legal que só aquele proporciona para atingir os fins quepretendem, alavacando princípios bem conhecidos da messiânica burocracia estatal.

Poderia referir vários outros exemplos mas este bastará para ilustrar o ponto de que o medo é o veículo por excelência da instalação do "estado de necessidade", da "emergência", de que "algo tem que ser feito, e JÁ!". Recorrendo novamente a H. L. Mencken:
"The urge to save humanity is almost always only a false-face for the urge to rule it. Power is what all messiahs really seek: not the chance to serve."
Chris Rossini, em Why The State Likes To Frighten You, glosa este tema, na realidade o tema do Leviatã. Segundo ele, só pensando a prazo - jogando o "jogo longo" - será possível inverter o longo ciclo ascendente do estatismo. À semelhança de Gary North, também deixa uma nota de optimismo. Pareceu-me interessante poder proporcionar uma tradução do seu texto.
Chris Rossini
30 de Outubro de 2013

"Muitos libertários e economistas da escola austríaca afirmam consistentemente que a batalha na qual estamos empenhados é uma batalha de ideias. A educação é fundamental. Por outras palavras, aqueles que subscrevem este ponto de vista acreditam convictamente em ganhar o "jogo longo" [a longo prazo]. Aquele que vencer  o jogo longo, ganha.

O Estado é impotente contra um público educado (motivo pelo qual os seus defensores apreciam de modo tão vincado o monopólio da "educação pública").

A internet proporcionou um meio para tornear esse monopólio, pelo que muitos libertários se dedicam a tentar mudar uma mente de cada vez, com os olhos postos no futuro. A internet também tornou global o campo de jogo. É tão importante para um neozelandês entender as ideias do livre mercado e da liberdade como o é para um americano. O poder das ideias não tem fronteiras geográficas.

A oposição, por outro lado, é com frequência muito orientada para o "jogo curto". Se alguém estiver sedento de poder, procurará exercer esse poder agora. Pretenderá que as pessoas obedeçam agora. A educação é demorada. Mas só há 4 anos de mandato. O que não é muito tempo. Com frequência, as pessoas ficam presas nos caminhos que trilharam, para o bem e para o mal. A educação necessita de muito esforço e persistência.

Por isso, não deveria constituir nenhuma surpresa que aqueles que ocupam o poder optem por um caminho rápido para conseguir o que pretendem. Qual é a maneira mais rápida, perguntar-se-á? O medo... e não apenas um qualquer medo antigo, mas um medo que leve as pessoas a agir, a submeter-se, e a obedecer agora mesmo.



Por exemplo, veja-se o caso do TARP [Troubled Asset Relief Program, programa de resgate aos bancos decidido por George W. Bush em 2008, perto do termo do seu segundo mandato]. Os banqueiros tinham que conseguir um bailout de 700 mil milhões de dólares naquele momento pois, caso contrário, o mundo acabaria. Ou tome-se o caso do aquecimento global das alterações climáticas. Se as pessoas não se submeterem, a Terra transformar-se-á numa bola de fogo... ou num cubo de gelo... ou numa qualquer outra coisa.

Veja-se o caso da Guerra ao Terror... uma guerra perpétua e indefinida. Todo o americano tem que ser apalpado no aeroporto e todas as suas comunicações digitais e todas as suas transacções financeiras têm que ser monitorizadas a todo o momento.

Depois há as histerias anuais denominadas de gripe suína, gripe aviária e gripes de espécie vária. Estes são os temores, se neles se acreditar, que de facto conduzem à inoculação do corpo.

E aproveitemos já que estamos a tratar de injecções. Recuando a Novembro de 1925, na edição do The Wisconsin Medical Journal, um clínico de nome John P. Keller, na altura "Comissário da Saúde de Milwaukee", explicou por que razão o governo gosta de se concentrar no jogo curto e de usar o medo (ênfase minha):
"Uma vez que as pessoas não podem ser vacinadas contra a sua vontade, o maior trabalho de um departamento de saúde sempre foi e sempre será o de persuadir as pessoas desprotegidas para que se vacinem. Tentámos fazer isto de três maneiras: primeiro, pela educação; em segundo lugar, pelo medo; e, em terceiro lugar, através da pressão.

Não gostamos muito de mencionar o medo e a pressão. Porém, esses métodos são mais eficazes porque funcionam mais rapidamente do que através do recurso à educação, que é por norma um processo lento. Durante os meses de Março e Abril, tentámos a via da educação e só vacinámos 62 mil pessoas. Em Maio, usámos o medo e a pressão e vacinámos 223 mil."
Mostrem-se estes números a uma qualquer pessoa ávida de poder e a resposta será imediata: ele/ela irá escolher as 223 mil" (pelo medo) sobre as 62 mil pessoas (pela educação).

Nisto reside a coisa. Aqueles que estão no poder limitam-se a conduzir o público de um medo para o seguinte. É claro que, no processo, se apoderam de poder para si, alinhando os seus bolsos (veja-se Al Gore) com os bolsos dos seus amigos. Podem então partir para apreciar o pôr-do-sol nas Caraíbas.

Eles não querem saber das leis económicas, dos pobres, das crianças, ou dos danos que estejam a causar a todos os outros. Contanto que "consigam o deles", e não estejam com a mala na mão quando tudo der para o torto, isso é tudo o que importa. Essa é a arte do jogo curto.

Quando tudo der de facto para o torto (e nós estivermos a testemunhar o processo), o público que foi manipulado para a frente e para trás, de medo em medo, começará à procura de respostas. O governo perderá toda a credibilidade, pelo que se irá à procura de respostas num outro lugar.

Que momento perfeito para educar, mantendo sempre um olho no "jogo longo"."

2 comentários:

BC disse...

Texto fabuloso este do Chris Rossini

Eduardo Freitas disse...

Também mo pareceu assim.