segunda-feira, 7 de julho de 2014

Todo um novo compasso

Renovar o esforço da orientação económica ou a necessidade de novos princípios

O Bank of International Setlements (BIS), conhecido como o banco central dos bancos centrais, publicou o seu relatório anual (cf. ligação abaixo) no final do mês passado. Alguns dos reflexos desse relatório podem ser lidos aqui e aqui e, em ambos os casos, sublinham-se os riscos que subjazem ao verniz da verdade oficializada. O BIS não é uma entidade qualquer. É uma peça-chave da arquitectura institucional financeira, monetária e política mundial e os seus avisos são um apropriado antídoto face à intenção sedante do discurso público acerca da situação da economia, mundial ou portuguesa.
Do primeiro capítulo traduziram-se e editaram-se as passagens que a seguir se apresentam, pela clareza e distinção com que apresentam a situação que temos, incontornavelmente, pela frente.
BIS ,"In search of a new compass", 29 de Junho de 2014

"A economia global mostrou sinais encorajadores no último ano, mas o desconforto persiste. O legado da Grande Crise Financeira (em maiúsculas no original – nt) e as forças que a criaram permanecem por resolver. (...) Restaurar o crescimento sustentável vai requerer políticas específicas em todas as maiores economias, tenham ou não sido atingidas pela crise. Os países que foram mais afectados precisam de completar o processo de reparar os seus balanços e implementar reformas estruturais.



As políticas têm de colocar mais ênfase na limitação nas súbitas valorizações financeiras (boom), antecipando eficazmente as suas consequentes correcções (bust) e, por isso, essas economias não podem dar-se ao luxo de colocar o esforço das reformas estruturais em lume brando. Caso contrário, o risco de instabilidade vai intensificar-se na economia global e o espaço de manobra diminuirá acentuadamente.

A economia global continua a enfrentar sérios desafios. Apesar de algum crescimento, ainda não se tornou independente dos estímulos monetários. Não obstante a euforia nos mercados financeiros (sic), o investimento permanece fraco. Em vez de alargarem a capacidade produtiva, as grandes empresas preferem adquirir as suas acções ou proceder a fusões. E apesar das anémicas previsões de crescimento económico a longo-prazo, a dívida continua a aumentar. Há quem avance um cenário de estagnação secular.

Porque é que isto é assim? Para compreender estas dinâmicas temos de considerar a Grande Crise Financeira. A crise que explodiu em Agosto de 2007, e atingiu o seu pico um ano depois, fundou um momento incontornável, definidor da história económica. Foi um ponto de viragem, tanto económico como intelectual: nós dividimos naturalmente os acontecimentos em pré- ou pós-crise. Esse momento projecta uma longa sombra para o passado: a crise não foi um relâmpago que tenha surgido de um bonito céu azul, mas surgiu, inevitavelmente, da combinação de forças profundas que estavam em acção há muitos anos, senão há décadas. Esse momento lança também uma longa sombra para o futuro: o seu legado está ainda connosco e molda o caminho a seguir. (...)

A economia global está em dificuldades em sair da esteira da crise. O legado é universal e atravessa inúmeras dimensões. É evidente nos elevados níveis de desemprego, na diferença entre as valorizações financeiras e o fraco investimento, na crescente dependência dos mercados financeiros relativamente aos bancos centrais, na dívida privada e pública que está a crescer, bem como na redução do espaço de manobra para aplicação de medidas políticas e económicas."
É esta a denúncia do missionário?

1 comentário:

floribundus disse...

o Conselho de Estado desta semana mostra como a esquerda festiva procura mascarar a realidade

commedia dell arte de 3ª classe promovida por parolos incompetentes
e frustrados

preocupados consigo próprios

são 'A OPINIÃO'