quinta-feira, 13 de junho de 2013

M'espanto às vezes, muitas m'avergonho

O título do post remete para a epígrafe, algo modificada, escolhida pelo autor um dos mais conhecidos e antigos blogues lusitanos, por sua vez pedida emprestada a Sá de Miranda. A um e a outro o meu pedido de desculpas pela usurpação, mas não me ocorreu melhor para caracterizar a incensão que os media de "referência" dedicam aos últimos salvadores do mundo e arredores - os banqueiros centrais. Os tais que, mercê dos pactos faustianos que celebraram, praticam diariamente o exercício alquímico em quantidades colossais, assim permitindo que as grandes ilusões estatistas persistam por mais algum tempo, desta forma adiando o inevitável e agravando inexoravelmente as consequências das distorções introduzidas.

Montagem fotográfica do New York Times
É interessantíssimo constatar como os media de "referência", invariavelmente devastadores para com as políticas de "austeridade", supostamente defendidas por tenebrosos ultra-neoliberais, e incessantes defensores das políticas de "estímulos", tenham uma tão grande estima pelos contributos/receitas de Milton Friedman no que toca à manipulação da massa monetária. Friedman que, em tempos ainda recentes, era apodado de "monetarista", um insulto então de "gravidade" equivalente ao do "neoliberalismo" dos dias de hoje. Poucos foram tão longe no elogio a Friedman como Ben Bernanke, actual presidente da Fed, quando, por ocasião do 90º aniversário do primeiro, a 8 de Novembro de 2002 disse publicamente: "I would like to say to Milton and Anna [Anna Schwartz, co-autora com Friedman da monumental A Monetary History of the United States]: Regarding the Great Depression. You're right, we [os banqueiros centrais] did it. We're very sorry. But thanks to you, we won't do it again.

Ainda me espanto às vezes (cada vez menos) pelo que creio, até ver, não me ter ainda transformado num cínico irremediável. Mas continuo a envergonhar-me com a insuportável mistura de iliteracia, indigência mental reiterada, relativismo e oportunismo de muitos (todos com "preocupações sociais"), em particular da imprensa de "referência", na realidade nada mais que agremiações activistas de profissão do estatismo.

Leitura complementar muito recomendada: Bank Of England's Haldane: "We've Intentionally Blown The Biggest Bond Bubble In History"

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