terça-feira, 24 de julho de 2012

Se dúvidas subsistissem

elas teriam ficado esclarecidas com estas orientações do ministério de Nuno Crato: a escola pública tem, como sua prioridade máxima, manter o emprego dos que já estão instalados. Ensinar, instruir, é meramente subsidiário. Aliás, ainda que sem provas, estou há muito convencido que a decisão política tomada de tornar a escolaridade obrigatória até aos 18 anos visou, essencialmente, atenuar o aparecimento de mais uns milhares de "horários zero". Ainda que à custa do crime cometido sobre os visados, reiterado neste patético parecer duma inutilidade chamada Conselho Nacional de Educação, (in)compreensivelmente ainda não extinto.

Em empresas privadas, situações desta natureza - em economês, denominadas de subemprego - seriam impossíveis de manter de forma generalizada sob pena de risco real de falência.

Parece-me altura de voltar a contar a história de um empresário norte-americano que estava viajando pela China por alturas do “Grande Salto em Frente”.
O seu guia mostrou-lhe uma barragem de terra que estava a ser construída por 100 operários chineses manuseando pás. O americano pergunta: "por que não usar apenas um homem e uma escavadora e conseguir construir a barragem num dia?" O guia respondeu: "se fizéssemos isso, então teríamos 99 homens sem trabalho." Ao que o americano retorquiu: "Oh, eu pensei que vocês estivessem a construir uma barragem. Se o vosso objectivo é criar empregos então por que não deitam as pás fora e as substituem por colheres?"
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Nota: a continuar com taxas de natalidade tão baixas quanto as nossas, e com um crescimento económico tão medíocre que já nem somos capazes de atrair imigrantes provenientes de países mais pobres que nós, está em causa a nossa própria sobrevivência enquanto comunidade. Um olhar para a dedução à colecta do IRS, no ano fiscal de 2012, por dependente - no máximo, de 190 euros - deveria talvez fazer pensar os professores no porquê do maior problema que têm (todos temos) pela frente: falta de crianças.

2 comentários:

Textículos disse...

Faltou afirmar que a falta de dedução à colecta é uma grande trama governamental para correr com os professores das escolas. :)

Anónimo disse...

Deve ser por haver falta de crianças que o numero de alunos por turma passou para 30, quando uma organização neo-liberal qb como a OCDE recomenda que o numero de alunos por turma não deve ultrapassar os 24 sendo o numero ideal de 20 a 22.