quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A propósito do acordo na concertação social (2)

As reacções dos diferentes representantes patronais que aqui se descrevem, ilustram bem a razão de ser de uma das críticas de fundo dirigidas ao acordo hoje formalmente subscrito: um fato, de tamanho único, útil em alguns casos, pouco mais que inútil noutros.

Ora, a economia de um país não é um todo homogéneo onde, por hipótese, se possa substituir trabalhadores da construção civil por outros agrícolas, da construção civil, do ensino, etc. Cada sector da economia tem as suas características e necessidades específicas e, em cada sector, o mesmo se passa nos seus diferentes sub-sectores e ainda, dentro destes, cada empresa tem as suas. Portanto, sentar à volta de uma mesa um conjunto de dinossauros, exactamente como se fazia há trinta anos atrás quando o mundo mudou radicalmente várias vezes, esperando que daí resultem soluções de fundo para os nossos problemas estruturais parece-me não passar de uma quimera. Não digo que o acordo obtido seja completamente inútil, mas creio que a sua importância, aparte o show-off mediático, é diminuta (para além de restarem ainda muitas dúvidas quando à sua efectiva consagração na lei).

Eugénio dos Santos, presidente da Colunex, resume assim o seu juízo quanto ao acordo (meu realce):
"As mudanças têm de ser de fundo e coordenadas. É poder contratar e despedir quando for necessário, ou aumentar e diminuir vencimentos quando posso. Se não puder retroceder, nunca vou aumentar."
Lapidar, diria.

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