sexta-feira, 11 de maio de 2012

Os efeitos têm causas

Pedro Guerreiro (PG) escolheu para encimar o seu artigo de hoje no Jornal de Negócios um bom título: Economia zombie. PG refere-se a Espanha identificando aquele país, do ponto de vista de Portugal, como o copo meio vazio já que, segundo ele, haveria razões da nossa parte para supor o copo meio cheio entre as quais “a queda há cem dias da euribor”. PG diagnostica em Espanha, e bem, “um problema gravíssimo alojado na banca, que decorre de uma "bolha" imobiliária que se esvazia enchendo os balanços dos bancos de prejuízos cuja digestão “vai prender o crescimento em Espanha durante muitos anos”.

Embora, surpreendentemente, PG escreva que “[c]omparados com os bancos espanhóis, os bancos portugueses ganham medalhas de mérito”[!] vaticina que em Portugal “o crédito malparado das empresas [e dos particulares] que está por reconhecer nos bancos ainda nos vai surpreender” com o sério risco de, também entre nós, sobrevir uma banca zombie e, por arrasto, uma economia zombie. A este propósito atentem-se nas previsões de Bruxelas: Construção portuguesa vai ter o maior colapso da Europa (obrigado ao CCz pela indicação).

Curioso como neste artigo – e em centenas de outros – não haja uma palavra para explicar as causas desta bebedeira creditícia cuja ressaca vai começando a chegar. Pelo contrário, denotando uma cegueira incompreensível, PG aponta como um sinal positivo[!] que “a euribor esteja a cair há cem dias” quando foi exactamente a fixação das taxas de juro, por via administrativa (da responsabilidade do BCE), a níveis ridiculamente baixos das taxas de juro, em toda a zona euro, durante anos a fio, que nos colocou na situação em que estamos através da formação de bolhas especulativas sucessivas, especialmente no imobiliário? 

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