terça-feira, 28 de junho de 2016

Variável de controlo

Selecciono e traduzo uma parte de uma excelente reflexão levada a cabo por Ben Hunt. Não posso recomendar mais a leitura integral, não só deste texto, mas de toda a obra reflexiva de Hunt. O conjunto das "Notas" já publicadas constituem material mais que suficiente, na quantidade e na qualidade, para um grande livro de análise do nosso presente global. A riqueza das suas abordagens ao mundo da economia e do investimento financeiro é enorme. Para não falar da elegância e do humor com que integra Filosofia, Psicologia, Literatura, Cinema e História no contexto das suas análises económicas e financeiras. Imperdível.

Os negritos e pontuais edições são da minha responsabilidade.
Os principais instrumentos de política monetária em 2016 – as palavras usadas para construir o “Conhecimento Comum” [em que consiste a Narrativa partilhada] e moldar o nosso comportamento, as palavras escolhidas para produzir certos efeitos mais do que para expressar a verdade, as palavras relativas à “orientação futura” e à “política de comunicação” dos [bancos centrais] – são placebos.

Como uma falsa terapia para as enxaquecas, os placebos da política monetária são muito eficazes porque eles agem sobre os fenómenos fisiológicos da dor que são regulados pelo cérebro. Os placebos são inúteis nos fenómenos que o cérebro não regula, como a instabilidade de um ligamento depois de uma entorse ou o caos celular que resulta de um cancro.

Nos mercados que se regem por princípios fundamentais, há um equilíbrio saudável entre a minimização da dor e a maximização das recompensas. E nos mercados conduzidos pelas políticas [como é, actualmente, o nosso]?
Os três melhores princípios de investimento, nestes casos, são: evitar a dor, evitar a dor e evitar a dor.
Estamos - todos - apenas a tentar sobreviver, não no sentido literal, mas num sentido emocional regulado cerebralmente. E isso deixa-nos totalmente vulneráveis ao poder suavizante dos placebos.

Ben Hunt,"O efeito placebo", 20 de Abril de 2016.

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