segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Democrático: o processo e o resultado

Foto: Reuters

Sem euforias, importa registar a importante vitória no referendo de ontem na Catalunha. E, não obstante as análises que se possam fazer do ponto de vista das contabilidades políticas e institucionais, é claro que a vitória que tem o sentimento de identidade e independência na sua base é inegável. E isso é de monta.
É um sinal promissor, especialmente porque foram várias as técnicas de condicionamento dos resultados. Fosse por parte do governo central espanhol, fosse pela elite dos tecnocratas europeus.
Ameaças de vária ordem visaram disciplinar esta vontade de mudança: fosse o congelamento de depósitos dos catalães pelo Banco Central espanhol, fossem as declarações e a conduta dúbia de instituições europeias. Ou a ameaça por parte do ministro dos negócios estrangeiros de que, caso o sim ganhasse, os catalães perderiam a nacionalidade espanhola.
Esta última é o exemplo de como, perante uma necessidade de mudança, quem tem medo de perder o poder o exerce de forma gratuita, neste caso mostrando como trunfo de negociação, como algo irrecusável e inquestionável, aquilo mesmo que importa questionar.
Nem a suspeita (entretanto negada) de que o Banco de Espanha teria retirado o ouro da Catalunha na última semana, chegou para perturbar a mente dos votantes.
Nada neste processo parece ter perturbado os democratas de causas nobres, sempre prontos a manifestar a sua indignação perante uma violação das liberdades democráticas.
A esses mestres do politicamente correcto importa perguntar: esta vontade, eleitoralmente confirmada, de secessão é democrática?

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Pelo espelho retrovisor

Certos cenários não passam de cantigas de embalar

Julgando olhar para a frente, os demiurgos que comandam e controlam o sistema parecem ver apenas o reflexo do espelho retrovisor. Os próximos metros que temos pela frente, na estrada sinistra que percorremos, revelam-se muito difíceis.
Esta breve entrevista a Kyle Bass demonstra que não estamos plenamente conscientes do que há ainda para corrigir nos mercados emergentes, preciosos auxiliares da bolha financeira e exportadores de bens que por cá compramos.
Até quando conseguiremos ouvir ou ler as previsões de "crescimento moderado" ou "consolidação da situação macroeconómica", que os demiurgos não se cansam de projectar para a Europa ou para os EUA, sem resposta crítica?
Terá sido a decisão de Yellen um primeiro sinal do falhanço da Narrativa?



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Crescente instabilidade no Sistema

Em tempo de guerra

O desenvolvimento das experiências monetárias prossegue a todo o vapor, pelo que deve esperar-se uma acelerar de resultados - inesperados e contagiantes - como consequência da vontade dos "demiurgos" em tudo controlar.
Na entrevista que hoje se publica, Jim Rickards reitera a tese defendida nos seus dois últimos livros ("Currency Wars" e "The Death of Money") e, se não se acompanha totalmente as soluções que parecem resultar da sua posição, não se pode deixar de reconhecer a precisão com que o autor descreveu os desenvolvimentos do nosso presente económico e político global.
Alguns dos conceitos determinantes para a compreensão desta sua perspectiva são: confiança, poder, sistemas complexos, incerteza, intensidade e extensão dos fenómenos e forças económicas e políticas.
A crueza do nosso presente global apresentada num tom de delicadeza cavalheiresca. Rickards é, não esqueçamos, aquilo a que se pode chamar um "insider", alguém que conhece e participa nos círculos menos visíveis do poder norte-americano.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Dúvida

Sei que houve uma espécie de debate ontem à noite. Que não acompanhei, já que prezo a sanidade.
Mas esta manhã, enquanto o rádio debitava o "viático para a jornada", ouvi descrições acerca desse - suposto - debate. E a dúvida assaltou-me: será que estou a ouvir um programa acerca da vida selvagem?
Uns senhores falavam em "posição das mãos e dos braços", "domínio territorial"... seriam machos-alfa, os participantes que ocuparam vários meios de comunicação ontem à noite?

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Uma maioria com "direitos"

Adquiridos, ao que se vê, à força

Enquanto se continuar a analisar e a discutir este tipo de acontecimentos como fazendo parte da esfera dos direitos laborais, então esta barbárie continuará. Podendo mesmo agravar-se.
Conduzir a discussão para essa esfera é negar o fundamental: esta "manifestação" não é nada mais que uma violação de direitos naturais fundamentais.
O que se lê na peça, e vê pelas imagens nela apresentadas (ligação na foto), é a simples acção de um grupo de criminosos que, pela força, querem impedir outros (uma clara minoria, claro está!) do exercício da sua liberdade. Seja de trabalhar (no caso do taxista alvo da "manifestação") ou de qualquer um de nós poder recorrer ao serviço de uma pessoa ou empresa para, livremente, satisfazer um desejo ou uma necessidade.
Julgo que aqui também se pode identificar, estruturalmente, uma clivagem entre dois mundos. E ocorre-me lembrar o movimento dos Luditas. Que dirão os colectivistas apaixonados pelo empreendedorismo?
Mas, nesta como noutras problemáticas, a maioria impõe a sua força e os seus "direitos".
Será isso um sinónimo de Democracia?

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Radar

Admitir uma conduta criminosa, torna essa conduta aceitável?
Numa conferência um economista do Bundesbank defendeu a tese de que os reguladores não devem prestar toda a informação acerca da saúde do sistema bancário que supervisionam, por forma a evitar pânico e corridas aos bancos.
O que aconteceria, neste caso, se a banca não gozasse de um regime de excepção? Como reagiriam as autoridades se o Infarmed ou, para o caso, uma qualquer marca de automóveis recusasse prestar informações acerca dos produtos que vende ou regula?
O que faríamos?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Em dia de aparente bonomia de Draghi

A dimensão dos desafios

No comunicado de hoje, Draghi repetiu o mote "estamos prontos para fazer o que for preciso". Seguem-se os passes da magia habitual por parte dos sábios. O "padrão PhD" no seu melhor.
Abaixo apresentamos uma infografia elaborada pela Universidade de Boston e Pearson Education para ilustrar a presente situação que os magos procuram inverter. A todo o custo. Custe o que custar. Mesmo.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Radar

O que por aí se vai dizendo para explicar o que se passou na China nos últimos tempos está errado. Essa é a tese do artigo que aqui fazemos referência.
E se aceitarmos que a responsabilidade da volatilidade transversal que grassa pelos mercados globais (índices, paridades monetárias, obrigações et al) é, simplesmente, da China, então somos ingénuos. Veja-se a informação abaixo.
Importa respirar e compreender.