segunda-feira, 31 de outubro de 2011

We are screwed!

Um brutal teste à capacidade imaginativa

foi o que senti após ter lido que após a chegada de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo, supostamente se terá verificado:
  1. Uma praga [trazida por Colombo e subsequentes viajantes] que matou 90 milhões de indígenas no território actualmente conhecido pelos Estados Unidos,
  2. que, em consequência, "provocou" uma reflorestação acentuada da América do Norte,
  3. daí resultando a sucção pelas novas florestas de uma grande quantidade de CO2 da atmosfera
  4. que, por sua vez, teve como resultado o fenómeno conhecido pela Pequena Idade do Gelo!
Em resumo: já tínhamos o AGW - a teoria do aquecimento global de origem antropogénica (e o infame hockeystick que, por sinal, como o saudoso Eng. Rui Moura apontava, se tinha prestado a fazer desaparecer não apenas a Pequena Idade do Gelo [1500-1850] como o Período Quente Medieval [1000 – 1400] porque fazia jeito à original teoria do AGW); agora temos também a teoria do AGC - Anthropogenic Global Cooling - segundo a qual aquele arrefecimento "global" se ficou a dever igualmente a razões antropogénicas embora, é bem de ver, o culpado continue a ser o nível de concentração de CO2 na atmosfera. Que treta, hein?

Nigel Farage: uma singular lucidez

De cimeira em cimeira até à implosão final (2)

Grécia leva a referendo novo programa de ajuda financeira

A Europa vista pela Grécia, por Yanko Tsvetkov:

Clicar para ver melhor

Reformas e medidinhas(*)

Em vez de abrir decididamente o mercado de trabalho permitindo, por exemplo, e para os contratos novos, a renovação sem limites dos contratos a termo, o governo prefere continuar com medidinhas que nada resolvem e, ainda por cima, aumentam a despesa pública.
______________
(*) - Devida vénia ao João Miranda que, creio, cunhou a expressão.

Não entendo esta notícia

Vai haver contenção na contratação de professores.

Ou será que, até aqui, se contratavam professores que não eram necessários?

domingo, 30 de outubro de 2011

Nas vésperas do Halloween, a abóbora de Ron Paul

O mais que provável regresso da inflação a 2 dígitos

Os alemães, austríacos e holandeses têm sido aqueles que mais têm contrariado todos os que vêm apelando à monetização da dívida soberana através do BCE assim inundando o mercado de novos biliões de euros a partir do nada. Temo que acabem por não resistir pelo que me parece oportuno voltar a sugerir a leitura do livro da imagem à esquerda sobre o fenómeno hiper-inflacionário da república de Weimar. No video, publicado hoje mesmo no YouTube, o autor, Adam Fergusson, analisa os tempos que correm à luz do ocorrido no período após a I Grande Guerra Mundial quer na Áustria quer na Alemanha.

A tentação de provocar intencionalmente inflação é enorme por parte dos governos altamente endividados. Porquê? Porque, como grande devedores, são os primeiros interessados em diminuir, em termos reais, as suas dívidas. Desgraçados os que, vivendo de salários ou pensões ou dos rendimentos de poupanças acumuladas, verão os seus padrões de vida diminuírem brutalmente, se o monstro inflacionário for deixado à solta.

Sabem o que é um Estado policial? (act.)

É isto: Quem não pedir factura pode levar multa.


A verdade, por uma vez

"We all know what has to be done; what we don’t know is how to get re-elected once we done it."
Jean-Claude Juncker, presidente do EuroGrupo

Steve Jobs é Howard Roark(*)


(*) - Como Paul Krugman é Ellsworth Toohey (o principal vilão em The Fountainhead), na bem defendida tese do recente livro "I Am John Galt".

Fui ver ontem

"Sangue do meu sangue", de João Canijo. Uma noite de excelente Cinema, como eu o entendo, falado em português.

Notícias manifestamente exageradas sobre uma morte sucessivamente anunciada (2)

Depois do New York Times, chegou agora a vez do Washington Post: Oil’s new world order. Alguns excertos deste último artigo (tradução e realces meus):
«(...) O esboço de um novo mapa mundial de petróleo está a formar-se e não é centrado no Médio Oriente mas no hemisfério ocidental. O novo eixo energético vai de Alberta, no Canadá, para sul através de Dakota do Norte e do Texas meridional, passando por uma nova e importante descoberta na costa da Guiana Francesa até aos enormes depósitos de petróleo offshore encontrados nas proximidades do Brasil.

Esta mudança tem um enorme significado para o fornecimento e a política do petróleo mundial. E também para todos os debates e discursos sobre a independência da energia ao longo dos anos: a transformação não está acontecendo como parte de um grandioso projecto político, mas de forma essencialmente acidental. Esta mudança não foi planeada - é antes um produto de uma série de iniciativas independentes e avanços tecnológicos decisivos que, no seu conjunto, estão decididamente a moldar esta nova realidade hemisférica (...)»
Nota: como James Delingpole perguntava aqui, por que razão será que não estamos a celebrar o adiamento, por largas décadas, do Apocalipse energético anunciado pelo menos desde 1972 com o Clube de Roma? Será porque os Zapateros, Sócrates, Milibands, Obamas, etc.,) deste mundo não tiveram qualquer mérito na matéria e, pelo contrário, tudo fizeram para dificultar a explorar novas fontes de combustíveis fósseis e portanto conseguido apesar deles?

Da engenharia burocrática da visão europeia

Há para aí uma gente que não faz outra coisa que clamar contra a falta de "estatura"(*) dos políticos europeus. Fariam melhor se estudassem um pouco de História, como Vasco Pulido Valente, por uma vez suavemente, (n)os aconselha:
«(...) A nossa herança, a herança da Europa, é uma herança nacionalista.

E não há maneira de a pôr de parte por razões de lógica económica e financeira. Não por causa de um recrudescimento emocional e passageiro do nacionalismo, trazido pela última crise. O nacionalismo sempre lá esteve. Por baixo da "comunidade" e da "união" sempre esteve a "Europe des Patries" do general de Gaulle. Uma "governança" comum, como agora barbaramente os comentaristas se referem à coisa, seria insuportável e, portanto, utópica. As pessoas esquecem que durante uma eternidade os povos da Europa mutuamente se invadiram, se mataram, se estirparam e, em geral, se tentaram remover da face da terra. Estas coisas não desaparecem por conveniência de uma dúzia de burocratas. Ficam. Se o federalismo for a única salvação, não será salvação alguma.»

Vasco Pulido Valente, Público, 30-10-2011
(*) - A propósito da "estatura", recordo-me bem dos desagradáveis epítetos que especialmente os socialistas europeus dirigiram contra Helmut Kohl, personalidade que agora incensam.

Quanto tempo mais?


A não privatização da RTP e Napoleão Bonaparte

Enquanto a minha mulher arranjava o cabelo (actividade quinzenal demorada), aproveitei a lindíssima tarde de hoje [sábado] para ir até à margem norte do Tejo entre a ponte Vasco da Gama e a foz do Trancão e maravilhei-me com a dúzia de flamingos e um punhado de pequenos pássaros (garças?) ali a talvez não mais que 50 metros de mim. A luz, para mais, era esplendorosa e eu tinha duas horas. Gastei-as a ler o ensaio de José Manuel Fernandes, distribuído hoje com o Público, intitulado "Liberdade e Informação" que aproveito para recomendar especialmente àqueles, como eu, que não conhecem a história do jornalismo.

Nas páginas 52 e 53, José Manuel Fernandes evoca um episódio (pelos vistos clássico, ainda que só agora o tenha descoberto) na relação entre o jornalismo e o Poder. Resume-se na sucessão de títulos que o jornal realista Le Moniteur vai exibindo à medida que Napoleão Bonaparte, desembarcando no sul de França vindo do exílio na ilha de Elba, se aproxima de Paris: «O antropófago saiu do seu covil»; «O ogre da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan»; «O monstro dormiu em Grenoble»; «O tirano atravessou Lyon»; «O usurpador foi visto a 60 léguas da capital»; «Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris»; «Napoleão chegará amanhã às nossas muralhas»; «O Imperador chegou a Fontainebleau»; «Sua Majestade Imperial fez a sua entrada no Palácio das Tulherias, por entre os seus fiéis súbditos».

Parece-me bem espelhado nesta história, verdadeira, o temor quanto ao exercício do poder das sociedades estatistas, iliberais. Daí a horrível importância da não privatização da RTP (à excepção de um canal generalista) e do que já está a suceder nas empresas de comunicação social privadas, enfraquecendo-as(*), tornando-as mais dependentes do Estado (José Pacheco Pereira, hoje no Público).
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(*) - Não me refiro à decisão de privatização de um canal de televisão daí decorrendo uma concorrência acrescida por um bolo publicitário que não se afigura que cresça nos próximos tempos (bem pelo contrário). Se aparecer algum concorrente à privatização - e é evidente que tal irá ocorrer - a concorrência irá aumentar e os preços da publicidade irão provavelmente baixar. Mas não é este o fundamento básico de funcionamento de um mercado?

Refiro-me, isso sim, à possibilidade de também a televisão do estado - a futura RTP Informação - querer continuar a comer parte do bolo publicitário (amanhã ou num futuro não muito longínquo...), ao mesmo tempo que se respalda nos consumidores ("contribuição" audiovisual) e contribuintes (imdemnizações compensatórias) não fazendo mais nem melhor do que os privados já o fazem pelo que não passa de uma mera e caríssima inutilidade.

(Também publicado no Estado Sentido)

O Juíz Napolitano no programa de Jon Stewart

A propósito do lançamento deste livro - It Is Dangerous to Be Right When the Government Is Wrong: The Case for Personal Freedom, de que já tinha dado um apontamento aqui - Jon Stewart assume o papel de um entrevistador que não pretende facilitar o argumentário de um defensor do libertarianismo como é Andrew Napolitano. Nas suas três partes, especialmente a terceira, um excelente programa.

Manobras de diversão

Cavaco afirma que há falta de regulação dos mercados.

Dito de outra forma: o presidente acha que os mercados devem (ser obrigados a?) emprestar dinheiro, aí sim sem regras, aos estados que sistematicamente se endividam décadas a fio para "estimular" as economias e "fazer obra". Acenar com o espantalho da "falta de regulação" não é mais que tentar esconder o verdadeiro problema: o crónico aumento da despesa pública e subsequente acumulação assombrosa de dívida pelo facto de os promotores dos aumentos de despesa pública em cada momento não quererem sofrer os efeitos de simultâneos aumentos de impostos. É simples. Basta não querer ignorar.

sábado, 29 de outubro de 2011

A solução de Maria Filomena Mónica para a crise

Hoje, no Expresso, Maria Filomena Mónica igual a si mesma:
«Encontrei uma solução que gostaria de apresentar. Em vez de me cortarem um quarto no vencimento, bastaria despedir nove de entre os meus colegas que, ao longo dos anos, não escreveram dez linhas aproveitáveis. Já agora, talvez não fosse má ideia pôr na rua os docentes que não preparam aulas, os que faltam aos compromissos académicos, os que promovem os amigos e os que andam a "salvar" o mundo com propaganda que introduzem na sala de aula (...)

Livre desta canga, o Ministério das Finanças poderia distribuir o dinheiro de forma mais justa. Vejamos o meu caso: com a verba dos nove colegas dispensados, eu passaria a receber uma remuneração idêntica à auferida pelos colegas suíços, num escalão da carreira universitária idêntico ao que ocupo, o que contribuiria para aumentar a alegria de viver.

Maria Filomena Mónica, 29-10-2011

E ninguém se demite?

José Pacheco Pereira, a chamar os bois pelo nome, num excerto da sua crónica de hoje no Público  (realces meus):
«A privatização da RTP não é igual às outras privatizações, porque mais do que a racionalidade económica (ou melhor o desespero com as contas) será a politização do processo que vai contar. Nesta altura percebe-se com clareza qual é a intenção do Governo: sanear financeiramente a RTP para vender um canal a um grupo "amigo" na comunicação social e, pelo modo como é distribuído o espaço publicitário, fragilizar todo o sector privado de comunicação de modo a torná-lo dependente do Estado. Este é o primeiro acto, que pode ser adiado pelo clamor de todo o sector privado (Impresa, Media Capital, Rário Renascença, Sonae, etc., todos afectados pela diminuição acentuada da publicidade), ou não.

Mas o segundo acto é igualmente interessante: tudo indica que a RTP, com o beneplácito do Governo, está a fazer uma concentração de meios na RTP Informação, que permanecerá pública. Ou seja, o Governo vai deixar nas suas mãos um canal informativo, exactamente uma das áreas onde existe uma oferta privada, a SICN e a TVI24, o que torna absurdo justificar-se a necessidade de intervenção do Estado no jornalismo e nas notícias. Os contribuintes vão pagar um canal de notícias competitivo no cabo com os canais privados para que o Governo, este ou qualquer outro, mantenha uma mão "amiga" no controlo da informação, uma área mais que sensível para o poder político.

Terceiro e ainda mais absurdo: por que razão a privatização é apenas um canal de televisão, e deixa tudo o resto intocável? Por que razão os canais de rádio da antiga RDP, integrados no grupo RTP, não são privatizados? Qual é o argumento que justifica que o Estado continue a ter canais como as Antena 1 e 3, admitindo a especificidade da Antena 2, num panorama de rádio ocupado por uma oferta plural e diversificada? Nenhuma, nem termos de princípio de "emagrecimento" do Estado, nem de racionalização de custos, apenas "desenho político" das privatizações.

E por último, o que está a fazer a comissão criada para definir o serviço público de comunicação social? Esta vê todos os dias pelos jornais o Governo a tomar decisões que deveriam depender das suas recomendações, cujo conteúdo quando for conhecido não serve para nada, a não ser que legitime a posteriori todas as decisões já tomadas pelo ministro da tutela. E ninguém se demite?»

Uma coordenação peculiar

com realces meus;
Segundo o Económico, Álvaro Santos Pereira, na apresentação, ontem, do Plano Estratégico dos Transportes à Comissão de Economia e Obras Públicas afirmou que a "redução da oferta [nos transportes] é necessária, é urgente e tem que ser feita".

Por sua vez, o seu secretário de estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, parece ser de outra opinião já que, também de acordo com o Económico, terá afirmado o seguinte: "[n]ão estamos a fazer uma redução da oferta, estamos a fazer uma racionalização e esta tem um impacto mínimo do ponto de vista de serviço e um impacto máximo do ponto de vista financeiro."

54 anos depois

é finalmente publicada uma tradução francesa oficial(*) de "Atlas Shrugged", de Ayn Rand, sob o título La Grève (via No Passaran!). Quanto tempo mais teremos que aguardar por uma tradução em português europeu de um livro que já vendeu mais de 7 milhões de cópias?

http://www.modernlibrary.com/top-100/100-best-novels/
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(*) - Já me tinha referido a esta estranha situação, aqui.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Turmas

É realmente assinalável a composição da exclamativa turma apontada por Medeiros Ferreira. Estranho, porém, que se atenha a uma turma em particular como se tratasse de um campeonato de uma única equipa. A mim, ocorrem-me algumas outras turmas cuja dimensão talvez merecesse a "promoção" a Escolas.

Tralha esquerdista de que nos deveríamos livrar

Por David Boaz, Lefty Relics Gathering Dust:
As it happens, I do have some lefty relics I’d like to get rid of. I have:
  • Keynesianism
  • Wilsonianism
  • Nationalized health care
  • Government Motors
  • The idea that the Constitution grants “plenary” powers to the federal government
  • The War on Poverty
  • Racial preferences
Pessoalmente, acrescentaria à lista, "The War on Drugs".

Breve História da Tirania nos EUA

Pelo Juíz Andrew Napolitano, autor do recente It Is Dangerous to Be Right When the Government Is Wrong: The Case for Personal Freedom (que já está na estante cá em casa em fila de espera):

1.ª Conferência do Liberalismo Clássico

1.ª Conferência do Liberalismo Clássico
Coimbra, 26 Novembro de 2011

PROGRAMA
14h00 – Recepção dos participantes.
14h30 – Intervenção de Lourenço Vales: Liberalismo: A abordagem consequencialista vs deontológica.
15h00 – Intervenção de Ricardo Campelo de Magalhães: Como lucrar por ser liberal.
15h30 – Intervenção de Carlos Novais: O Keynesianismo e a crise.
16h00 – 1.º Painel: Liberalismos: entre o conservadorismo e o socialismo.
Apresentação: Professor José Manuel Moreira;
Intervenções: Luís Aguiar Santos e Samuel de Paiva Pires.
17h00 – Intervalo.
17h30 – Intervenção de Filipe Teles: Praxeologia e Liderança Política.
18h00 – Intervenção de André Azevedo Alves: A Escola de Salamanca e as origens ibéricas do liberalismo clássico.
18h30 – Intervenção de Luís Aguiar Santos: Perspectiva histórica do liberalismo português – Séculos XIX e XX.
19h00 – 2.º Painel: Liberalismo e os partidos políticos.
Moderador: João Miranda;
Intervenções: Professor José Adelino Maltez, Michael Seufert e Ricardo Campelo de Magalhães.
20h00 – Encerramento dos trabalhos.

Inscrição: geral@causaliberal.net
Preço: 10€ (a pagar no local, devendo na altura indicar expressamente se pretende inscrever-se no jantar pós-Conferência)
20h30 Programa social: Jantar convívio no local da conferência (por inscrição separada, preço 24€)

O mercado a funcionar (9)

Samsung overtakes Apple as top smartphone seller, no FT (realce meu):
Samsung Electronics has overtaken Apple to become the world’s largest seller of smartphones as shipments rose 40 per cent in the third quarter, shaking off legal wrangling between the two companies over technology patents.

Only a year ago the South Korean company was a minor player in the booming smartphone market, but it has quadrupled smartphone shipments over the past year by turning to Google’s Android software for its Galaxy products.

Navegando na névoa da ofuscação

Suponhamos que a proposta de Orçamento do Estado de 2012 consagrava a seguinte medida:
Passam a ficar  isentos de IRS os rendimentos do trabalho de todos os funcionários públicos. Para que daqui não resulte um aumento nominal de salários, as tabelas de vencimentos são ajustadas em baixa pelos valores que seriam retidos na fonte directamente pelo Estado caso se mantivesse o regime que vigorava em 2011.
À parte ligeiros detalhes de implementação, para o Orçamento do Estado, uma decisão deste tipo teria como resultado um saldo nulo, isto é: as despesas com remunerações reduzir-se-iam aproximadamente em igual montante à diminuição das receitas de IRS.

Mas haveria uma enorme vantagem para o entendimento de como o Estado é financiado: seria absolutamente iniludível que quem paga os ordenados aos funcionários públicos é, apenas, o sector privado da economia através da criação da riqueza por si gerada.
__________________
Nota complementar: foi durante o consulado de Cavaco Silva como primeiro-ministro que os funcionário públicos passaram a pagar imposto sobre o rendimento do trabalho (até 1989, designado por imposto profissional).

Espanha, portugueses e catalães

“Desde que el conde duque de Olivares se encontró con el levantamiento de los catalanes, que por cierto celebran sus fiestas nacionales por derrotas, se tomó una decisión: dejar a los portugueses y quedarnos con los catalanes. Yo siempre digo en broma, qué hubiera pasado si nos quedamos con los portugueses y dejamos a los catalanes. Quizás nos hubiera ido mejor”.

Gregorio Peces-Barba, ex-Presidente do parlamento espanhol, El Pais, 27-10-2011

Bruce Springsteen - Streets Of Philadelphia

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Depois do grego, será português o próximo vórtice?

Monetary contraction in Portugal has intensified at an alarming pace and is mimicking the pattern seen in Greece before its economy spiralled out of control, raising concerns that the EU summit deal may soon washed over by fast-moving events.

Imagem do The Telegraph
"Portugal appears to have entered a Grecian vortex and monetary trends have deteriorated sharply in Spain, with a decline of 8.4pc," said Simon Ward, from Henderson Global Investors. Mr Ward said the ECB must cut interest rates "immediately" and launch a full-scale blitz of quantitative easing of up to 10pc of eurozone GDP.

The M1 data - cash and current accounts - is watched by experts as a leading indicator for the economy six months to a year ahead. It has been an accurate warning signal for each stage of the crisis since 2007.

A mix of fiscal austerity and monetary tightening by the ECB earlier this year appear to have tipped the Iberian region into a downward slide. "The trends are less awful in Ireland and Italy, suggesting that both are rescuable if the ECB acts aggressively," said Mr Ward.
A shrinking money supply is dangerous for countries with a high debt stock. Portugal’s public and private debt will reach 360pc of GDP by next year, far higher than in Greece [realce meu] (...)

Antevisão weimariana

«[A]s long as mad man Bernanke continues to print money at near record rates, the upward trend will continue in both the stock market and economy. The next big surprise will be the price inflation. We are headed for double digit inflation at both the producer level and consumer level. Brace yourselves.»
Robert Wenzel, 27-10-2011

Tralha constitucional socialista

"Todo o calendário parlamentar do Orçamento do Estado para 2012 pode ser adiado para evitar uma inconstitucionalidade", relata o Público, acrescentando que "está em causa está a falta de entrega por parte do Governo das Grandes Opções do Plano (GOP), em simultâneo com a proposta de Orçamento do Estado, o que é obrigatório à luz da Constituição".

As gongóricas "Grandes Opções do Plano", de traça eminentemente estalinista, têm de ser "apreciadas" por  uma coisa designada por Conselho Económico e Social (ex-Conselho Nacional do Plano). Tudo isto tem - sempre teve - uma utilidade ZERO, constituindo um absoluto desperdício de tempo e recursos. 

Duas partes do problema

Tão solidários que eles eram...(2)

China’s sovereign wealth fund won’t invest in Europe till it has a plan

O mercado a funcionar (8)

A Nokia, recém-aliada da Microsoft, responde à concorrência da Apple e dos smartphones baseados em Android, com os novos Lumia:

Um pequeno passo no bom sentido

é como classifico esta notícia, no ionline:
Escolher a melhor escola do ensino básico para o seu filho vai ser possível já no próximo ano lectivo. Esta é uma das medidas que o executivo de Passos Coelho quer introduzir a partir de Setembro de 2012. Por enquanto será uma regalia que vai estar circunscrita à rede pública, embora o programa deste governo preveja alargar “progressivamente as iniciativas de liberdade de escolha” dos pais ao ensino particular e cooperativo.

Niall Ferguson: The 6 killer apps of prosperity

Já por aqui tinha referido o tema do novo livro de Niall Ferguson, The Civilization, que será publicado no próximo mês. Agora é o próprio autor que, no "formato TED", apresenta a sua tese:


Via Cachimbo de Magritte

A Igreja australiana e o aquecimento global

O arcebispo católico de Sydney, George Pell, questionou a moralidade dos custos e benefícios da imposição de pesados ​​encargos financeiros com o intuito de limitar as alterações climáticas, durante uma palestra em Londres, Algumas passagens:
"Whatever our political masters might decide at this high tide of Western indebtedness," Cardinal Pell said, "they are increasingly unlikely, because of popular pressure, to impose new financial burdens on their populations in the hope of curbing the rise of global temperatures (...)

"In 1135, the water flow in the Danube was so low that people could cross it on foot. Somewhat earlier, the Rhine had suffered the same fate. Around the middle of the Little Ice Age, the year 1540 was the warmest and driest for the millennium in central Europe. Once again, the Rhine dried up.

"We can only imagine the excitement such events would provoke today.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Notícias manifestamente exageradas sobre uma morte sucessivamente anunciada

New Technologies Redraw the World’s Energy Picture, nem mais nem menos que no New York Times! Reservas em águas profundas (deepwater reserves), areias petrolíferas (oil sands), shale, Alto Árctico. O grande Julian Simon, mesmo postumamente, strikes back, once again! Alguns excertos (realces meus):
(...) From the high Arctic waters north of Norway to a shale field in Argentine Patagonia, from the oil sands of western Canada to deepwater oil prospects off the shores of Angola, giant new oil and gas fields are being mined, steamed and drilled with new technologies. Some of the reserves have been known to exist for decades but were inaccessible either economically or technologically.

Put together, these fuels should bring hundreds of billions of barrels of recoverable reserves to market in coming decades and shift geopolitical and economic calculations around the world. The new drilling boom is expected to diversify global sources away from the Middle East, just as the growth in consumption of fuels shifts from the United States and Europe to China, India and the rest of the developing world(...)

“The unconventional boom will guarantee that the competition is strong for years to come,” Mr. Burkhard said. “If oil costs $200 a barrel, that would provide more headroom for electric vehicles. But if oil is at $90, alternative, renewable energy will need to compete better on an economic basis.”(...)

Renewable energy will rise as a percentage of energy used, to 15 percent from 10 percent, but that will not provide for the growing demand.

“The fossil fuel age will be extended for decades,” said Ivan Sandrea, president of the Energy Intelligence Group, a research publisher. “Unconventional oil and gas are at the beginning of a technological cycle that can last 60 years. They are really in their infancy.”

De cimeira em cimeira até à implosão final


Via ZeroHedge

A geografia da justa indignação


Por Bob Gorrel

George Brassens - La ballade des gens qui sont nés quelque part


Letra:

Mais uns a caminho da insolvência

Dívida pública americana ultrapassará amanhã os 100% do PIB. Yes they could!

Economistas e prémios Nobel

A imagem que fica não é boa. Quer dos economistas (do mainstream) quer dos prémios Nobel. Ora vejam:

Pensamento frequente em ambiente profissional

«As reuniões são indispensáveis para conseguir que nada do que é preciso fazer se faça.»
John Keneth Galbraith

Tão solidários que eles eram...

Brazil Refuses To Buy European Bonds, Dashing Hopes For A BRIC-based European Rescue

Um bom resumo da coisa

Imprimir o no imprimir euros, el punto que divide a franceses y alemanes

Ou os ensinamentos da Republica de Weimar revisitados.

Charles Aznavour - La Boèhme


Letra:

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Inesquecíveis

Entre a saraivada, a ignomínia (2)

Não bastava já o escândalo moral - autêntico roubo - que constitui a manutenção do imposto (falsa taxa) designado por contribuição audiovisual nos valores que Sócrates fixou no OE 2011 (aumento de 30% sobre os valor de 2010) com que o PSD então justamente se indignou. Não! Como Carlos Loureiro nos vem chamar a atenção, a proposta de Lei do OE 2012 prevê que o IVA que incide sobre a "contribuição" também vá subir de 6% para 23% pelo que o valor real da "contribuição" voltará a aumentar, em 16%, em 2012! E isto quando - dizem - se aprestam para vender um canal de televisão enquanto reduzem - dizem - os custos de funcionamento. E tem este senhor, Guilherme Costa, o topete de vir afirmar que «[o] que se pretende agora é a obrigação da RTP dar lucro todos os anos e receber 150 milhões de euros». Tal como acontecia com os governos civis, lembram-se? É de facto muito "lucrativo" o dinheiro dos outros. Para alguns.

Porquê o ouro? (4)

“All currencies, not only the American dollar but all currencies, always go down, mainly because of democracy. The voters will vote for a person who is going to spend too much. And so you have to expect all currencies to go down. And just recently, America has started to spend too much and the currency has already gone down a lot. But other nations now realize that and they don’t want to lose out to America. So they make their money go down, too…”
Via The Burning Platform

Nota: de notar que o ouro, hoje mesmo, voltou a ultrapassar a cotação de 1700 dólares a onça.

À atenção do Papa Bento XVI (2)

De um excelente texto de Phil Lawler, intitulado Spare us from Vatican economic analysts, que merece ser lido na íntegra, destaco as seguintes passagens (via Tom Woods):
[P]erhaps the Vatican might learn a few lessons from economic analysts. Just for instance:
  • that government does not create anything, and therefore does not have funds unless it obtains those funds from ordinary people: taxpayers;
  • that the world’s financial system is currently endangered because of the soaring level of government debt;
  • that regulatory agencies have an abysmal record of failure in protecting the public from market fluctuations, speculative bubbles, and even outright fraud—and it is only reasonable to expect that a worldwide authority would reproduce those failures on a global scale;
  • that government interventions in the markets invariably produce unintended consequences, many of them deleterious;
  • that government regulation invariably furnishes opportunities for powerful corporations to manipulate the market for their own purposes, to the detriment of the general welfare.
Oh, yes, and most important of all:
  • When an obscure Vatican agency [Pontifical Council for Justice and Peace] issues a statement that contains 50% solid Catholic social teaching, and 50% flaky leftist theory, the world’s media will ignore the distinctively Catholic content—what the Church should say, what the world should learn—and concentrate exclusively on the leftist theory. So for the great mass of ordinary readers, who will never read the full document, but only scan the headlines, the important message will be lost. What will register, instead, is that the Vatican has not learned its lessons about economic affairs and political realities.

Constatações tardias

Passos Coelho:

"Só vamos sair desta situação empobrecendo"
Foi "irrealista" pensar que empresas públicas podiam financiar-se sem ajuda

Frase que corre o risco de ficar célebre

Se tivesse abatido no passivo, não tínhamos activos”, diz presidente do V. Guimarães.

Por particular atenção aos meus amigos que detestam futebol, abstenho-me de exercer neste quintal "o direito" a escrever sobre o dito. Deixando apenas emergir o vislumbre do meu sofrimento com as agruras do SLB, confesso não ter podido resistir desta vez.

À atenção do Papa Bento XVI

A propósito desta notícia, recomenda-se que Sua Santidade promova, com carácter de urgência, a leitura serena e atenta por parte dos seus conselheiros económicos de "The Church and the Market: A Catholic Defense of the Free Economy (Studies in Ethics and Economics)", por Thomas Woods Jr.

É que o problema não é haver regulação e banco central a menos. É exactamente o contrário, como o mesmo Thomas Woods aqui explica, de forma sintética. O que segue é um excerto desse seu último texto (meus realces):
«(...) In the United States we have 115 agencies that regulate the financial sector, and the Securities and Exchange Commission never had a bigger budget or staff than under George W. Bush. There has been a threefold (inflation-adjusted) increase in funding for financial regulation since 1980. For reasons I’ve explained in my 2011 book Rollback, the repeal in 1999 of one provision of Glass-Steagall had zero to do with the financial crisis. Europe has never operated under Glass-Steagall-style restrictions and is none the worse for it. There is no repealed regulation that would have prevented the crisis consuming the world right now.

The banking industry is by far the least laissez-faire sector of the U.S. economy; it is a cartel arrangement overseen by the Federal Reserve and shot through with monopoly privilege, bailout protection, and moral hazard.

Ron Paul: é a dívida meus amigos, é a dívida

O globalismo económico defendido pelo Vaticano

a avaliar por esta notícia, é extremamente perigoso. Uma eventual existência de um Governo Mundial e, por conseguinte, de um único Banco Central, seria receita certa para o totalitarismo à escala planetária.

A ser verdade o que a Reuters divulga, penso que o Vaticano devia começar rapidamente a familiarizar-se com a Escola Austríaca.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Idiotas inúteis

Aeroporto de Faro levará três meses a recuperar da tempestade.

Deve haver por aí muitos cainesianos satisfeitos. A recuperação do aeroporto vai criar, estou certo, um número significativo de postos de trabalho. É verdade que serão temporários mas, se tomarmos em conta o efeito multiplicador (que tem em conta os efeitos indirectos) acho que são realmente muito boas notícias. Os cainesianos turcos, então, devem exultar com o trabalho que vão ter e a riqueza que vai ser gerada.

Não se riam. Há pelo menos um par de prémios Nobel, no activo, que subscrevem esta tese.

Sabia que

o décimo terceiro mês na função pública se chamava, no tempo da outra senhora, ou melhor, do outro senhor, de seu nome Marcello Caetano, "subsídio eventual em valor equivalente a um décimo terceiro mês"? Pois é o que Hélio Bernardo Lopes nos vem lembrar.

180 milhões de euros a mais

RTP vai reduzir os custos para 180 milhões de euros até 2013

Exactamente 180 milhões de euros de mais.

E você acredita em Ricardo Salgado?

Ricardo Salgado: "Não acredito que haja reestruturação da dívida portuguesa"

A atracção pela propaganda

Reestruturação da RTP prevê manutenção de canal com receitas publicitárias

O canal subsistente da responsabilidade da empresa não será um canal meramente residual”, lê-se no comunicado assinado pelo ministro da tutela [Miguel Relvas].

Olha a novidade!

domingo, 23 de outubro de 2011

Educação estatal e empreendedorismo

«I TYPED these words on a computer designed by Apple, co-founded by the college dropout Steve Jobs. The program I used to write it was created by Microsoft, started by the college dropouts Bill Gates and Paul Allen.

And as soon as it is published, I will share it with my friends via Twitter, co-founded by the college dropouts Jack Dorsey and Evan Williams and Biz Stone, and Facebook — invented, among others, by the college dropouts Mark Zuckerberg and Dustin Moskovitz, and nurtured by the degreeless Sean Parker (...)

In a detailed analysis, the National Bureau of Economic Research found that nearly all net job creation in America comes from start-up businesses, not small businesses per se. (Since most start-ups start small, we tend to conflate two variables — the size of a business and its age — and incorrectly assume the former was the relevant one, when in fact the latter is.

If start-up activity is the true engine of job creation in America, one thing is clear: our current educational system is acting as the brakes. Simply put, from kindergarten through undergraduate and grad school, you learn very few skills or attitudes that would ever help you start a business. Skills like sales, networking, creativity and comfort with failure.

Where do Ron Paul's ideas come from?

Contorcionismo

é o que me parece ser o exercício que Marcelo está a fazer na televisão para tentar concluir que não há problema nenhum entre o governo e o presidente da república, após a intervenção de Cavaco Silva esta semana a criticar os cortes nos salários dos funcionários públicos (e empresas públicas). O mesmo se diga deste post do meu amigo João Gonçalves.

Demência energética na Grã-Bretanha

Por razões de ordem diversa, a menor das quais não terá sido a do puro oportunismo político, os Tories tudo fizeram - o que não foi fácil - para ultrapassar o Labour, pela esquerda, proclamando-se como os campeões do ambientalismo aceitando até ultrapassar as metas vindas de Bruxelas na sua cruzada pela descarbonização. Ganho o poder aos trabalhistas, o resultado foi o estabelecimento de uma carregada agenda tendo em vista combater o aquecimento global (rebaptizado entretanto de "alterações climáticas").

Ora sucede que um dos itens dessa agenda "[w]e will continue public sector investment in carbon capture and storage (CCS) technology for four coal - or gas- fired power stations" parece ter acabado de ser declarado morto e enterrado, como conta Christopher Booker.

E que dizer deste outro "[w]e will push for the EU to demonstrate leadership in tackling international climate change" quando, finalmente, é agora até a própria Comissão Europeia que se questiona quanto ao sentido de prosseguir numa estratégia [suicida] de descarbonização quando ninguém mais se mostra preocupado com o assunto?


Loucuras, loucuras, loucuras: inúteis ventoinhas por todo o lado que são pagas ora pela (pouquíssima) electricidade produzida ora para não a produzirem, brutais taxas de emissão de carbono impostas sobre as empresas produtoras de electricidade e todo um red tape associado ao Climate Change Act, apenas conseguiram aumentar, de forma consistente e crescente o preço da electricidade (18% mais do que há um ano) assim atirando para a "fuel poverty" [limiar de pobreza associada ao dispêndio de mais 10% do rendimento no aquecimento residencial] britânicas (6,3 milhões de lares, segundo a Wikipedia, ou seja, 25% da totalidade). A coisa é de tal ordem que até a Inquilina de Buckingham corre o risco ser abrangida na referida categoria, conforme relata o Finantial Times.

Senhoras e senhores: o presidente Ron Paul!

Efeito dominó iminente

Via ZeroHedge

Jim Rogers: prescrutando o futuro

é um exercício essencial para tentar proporcionar aos nossos filhos o melhor que nos for possível. E o melhor, para muitos deles, infelizmente para os pais, irá estar fora do país. É por eles que vale a pena ouvir Jim Rogers.

O melhor amigo do meu filho, 21 anos e uma excelente cabeça, que tinha começado um mestrado em Delft (Holanda) o mês passado, aceitou agora um emprego em Singapura após uma conferência por Skype com o prospectivo patrão que durou uma hora. Começa a trabalhar a 1 de Novembro próximo.

O filho de uma boa amiga cá de casa, outra excelente cabeça, para justificar à mãe a desistência do curso de História, depois de pensar em estudar mandarim, acabou por optar pelo árabe, durante todo um ano lectivo. Este ano, está a estudar Filosofia na Sorbonne (ainda não viu por lá a outra criatura).

O neoliberalismo que se confunde com o socialismo velho

é o título da crónica de Alberto Gonçalves, hoje, no DN. Um excerto (meus realces):
«[Cavaco Silva] aparentemente gostaria que a abolição dos subsídios de férias e de Natal se estendesse ao sector privado. Embora não surpreenda que um dos fundadores do lendário "monstro" apareça a defender a respectiva criação, é deprimente ver um presidente da República propor uma alternativa ao desastre que apenas garantiria a antecipação do desastre. Ou um ex-presidente, o dr. Soares, a subscrever os palpites do actual sob o argumento de que o Governo "corta em tudo o que pode cortar e não pensa nas pessoas".

O problema, por acaso, é justamente o facto de o Governo não cortar em tudo o que podia, e devia, cortar. O problema é o Governo pensar demasiado nas pessoas, quer enquanto fonte de impostos, quer enquanto beneficiárias abúlicas da redistribuição dos ditos. O problema é a sucessão de "estadistas" cuja generosidade missionária e rematada estupidez conduziu o país à desgraça vigente. O problema é um país que estrebucha contra o fim do Estado "social" quando cada "nova" decisão política desesperadamente alimenta o Estado "social" que torna o país inviável. Muitos problemas? Não há problema: a solução é sempre a mesma ou, como profetizava um economista em voga, a longo prazo estaremos todos mortos - e a curto Portugal também.»

Hilariante

EU Considers Ban on Country Ratings, na Spiegel Online.

Next, please!

Há mitos cuja extraordinária persistência, apesar de há muito terem sido cientificamente arrasados, se revelam bem perigosos. Por exemplo, o gráfico abaixo, é apresentado por alguns como "A Prova" de que uma intervenção estatal a grande escala - a II Grande Guerra - permite "resolver" os problemas associados a uma grande e profunda recessão económica (como a que atravessamos). Este senhor - não por acaso muito admirado pela anterior troupe socratina, pela actual equipa dirigente do PS, na forma mitigada de "austeridade inteligente", e permanentemente incensado no Público (como voltou a acontecer na edição de hoje) -, não tem andado a escrever nos últimos anos outra coisa que não isto.

Pacheco Pereira, na sua crónica de ontem no Público, tentou prescrutar as razões de ser da intervenção da NATO na Líbia sem todavia fornecer uma interpretação conclusiva. Com o devido respeito, creio que a resposta está na intersecção das doutrinas wilsonianas do nation building (de que Clinton foi um activo praticante) e do complexo militar-industrial de que falava Eisenhower no seu discurso presidencial de despedida, que constituem o sustentáculo do imperialismo americano que toma como seus "interesses" tudo o que se passa nos quatro cantos do mundo. A igreja keynesiana, entretanto, encarrega-se de justificar que tudo afinal ocorre a bem da actividade económica americana .


Curiosamente, esta senhora, candidata à nomeação presidencial pelo partido republicano, e nos antípodas ideológicos de Paul Krugman, acha que o Iraque e a Líbia deveriam agora reembolsar o governo americano das despesas incorridas na sua "libertação" pelos pressurosos EUA. Já John McCain, candidato republicano derrotado em 2008, acha que o dia em que Obama anunciou a retirada do Iraque (será mesmo desta vez?) marcou "um nocivo e triste revés para a posição dos Estados Unidos no mundo". Next, please! O Irão parece ser um "excelente" candidato.

Informação adicional: aqui, por Jon Stewart.

sábado, 22 de outubro de 2011

Mike Oldfield - Tubular bells - Lado 1 Parte 1

A propósito de uma certa "equidade"

PDF
acerrimamente defendida por alguns, torno a recordar uma das medidas que constava de um certo panfleto, escrito por dois senhores, Karl Marx e Friedrich Engels, há 163 anos atrás, para acelerar a História na direcção "correcta":

"Introdução de um imposto [sobre o rendimento] fortemente progressivo"

Ora sucede que desde os meus 17/18 anos que acho que nada disto tem a ver com "equidade". A não ser para tentar definir um seu antónimo.

Inteligência oca

António José Seguro: "Austeridade inteligente" para evitar situação grega

A ciência é um bem privado

Na sequência de anterior post intitulado A ciência e o seu financiamento, partilho agora, via Mises Blog, o video referente a uma outra palestra de Terence Kealey, intitulada "Science is a Private Good - Or: Why Government Science is Wasteful":


Leitura complementar, aconselhada por Kealey: The Sources of Economic Growth in OECD Countries

Lapidar

À especial atenção do sr. ministro da Economia (via Cato):
Better to leave commercial financing decisions to private investors and bankers who are likely to take more care with their own money. Politicians write the press releases first and worry about the taxpayer losses later.
Nota: aproveito a ocasião para apontar ao sr. ministro, uma fonte de informação relevante para o sector que tutela e para algumas das iniciativas que pré-anunciou no sector dos transportes e que têm a ver com a relação com os nossos vizinhos espanhóis e com a "Europa".

A corrupção da ciência (4)

O que se segue, para o que Anthony Watts chama a atenção, é inqualificável:


Ou seja, mesmo ainda de o tão propalado peer review ter funcionado(?), já se sabe que certas conclusões irão fazer parte do próximo relatório do IPCC! O topete desta gente! E suspeito que o timing com que tudo isto sucede não é com certeza alheio à data da decisão a que esta notícia respeita.

É pois altura de voltar a invocar as questões epistemológicas essenciais da ciência [grato ao António Costa Amaral pela indicação da referência] que não da ideologia ou de qualquer igreja:
«[...] Scientific theories are never denied or believed, they are only corroborated or falsified. Scientific knowledge, by its very nature, is provisional and subject to revision. The provisional nature of scientific knowledge is a necessary consequence of the epistemological basis of science. Science is based on observation. We never have all the data. As our body of data grows, our theories and ideas must necessarily evolve. Anyone who thinks scientific knowledge is final and complete must necessarily endorse as a corollary the absurd proposition that the process of history has stopped.

A descida do número do pente

é inversamente proporcional ao tamanho do cabelo, após o corte. Ora, já se fala em 60% de haircut para os detentores de títulos de dívida pública grega. Ficará por aí?

Um pensamento para nos acompanhar nestes tempos

«Que os optimistas nacionais percebam o colapso do Estado Social que se avizinha mais depressa do que perceberam o colapso das Finanças Públicas que estamos a viver.»

Henrique Medina Carreira, Expresso, 22-10-2011

Revisitando as forças de bloqueio

Henrique Monteiro, no Expresso de hoje. Um excerto:

Quem nos quer confundir mistura duas coisas que Silva Lopes separa: uma é saber se os cortes devem ser deste modo; outra, diferente, é saber se os cortes devem ser deste modo.
Cavaco referiu um limite aos sacrifícios, como se os cortes pudessem ser menores. Fê-lo com um timing deplorável, permitindo ao PS pôr-se de fora do OE e dando aos nossos credores mais motivos e dúvida. Para quem se queixou de forças de bloqueio...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dialogando

Ouvido hoje, na TSF, ao final do dia, no programa "Governo Sombra":

Ricardo Araújo Pereira pergunta: "Qual é a taxa de desemprego entre os banqueiros?"

Responde João Miguel Tavares: "A mesma que a entre os funcionário públicos."

O dever da geração a que pertenço

"Carta a um filho sobre estes dias que correm", por José Manuel Fernandes. Um excerto:
«O dever dos que têm a minha idade, sobretudo dos que, melhor ou pior, viveram os anos do bem-bom e estão razoavelmente instalados, não é declararem-se "indignados" por perderem alguns direitos - é aceitarem que algum ajustamento nos seus hábitos, mesmo um ajustamento doloroso e duro, é necessário para libertar recursos para os que têm realmente razões para se indignarem. Os da tua idade.

A minha geração passou a vida a reivindicar direitos pagos pelo dinheiro de todos. Ainda hoje continuo a ouvir por todo o lado gente a pedir que se use o Estado para "apostar" na economia, o que quase sempre significa apostar nas empresas amigas. Possa a tua geração fazer em Portugal o que tantos de vocês fizeram emigrando: correr riscos, inovar, trabalhar com ambição, cerrar os dentes. A muitos da minha geração só se lhes saírem da frente. Mesmo deixando-te as SCUT's para pagar.»

in Público, 21-10-2011

Maravilhoso

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No Telegraph

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Uma lição

é o que António Lobo Xavier está neste momento está a proporcionar na SIC-N. Uma crítica elegante mas demolidora relativamente à intervenção de ontem do Presidente da República.

Leitura complementar: pobre e discriminado?

Compreender a manipulação monetária

Ron Paul, em artigo hoje publicado no Wall Street Jornal, dá uma lição magistral, ainda que muito sintética, sobre a teoria austríaca dos ciclos económicos. Vale bem a pena lê-lo integralmente. Destaco, em qualquer caso, dois parágrafos:
The Federal Reserve has caused every single boom and bust that has occurred in this country since the bank's creation in 1913. It pumps new money into the financial system to lower interest rates and spur the economy. Adding new money increases the supply of money, making the price of money over time—the interest rate—lower than the market would make it. These lower interest rates affect the allocation of resources, causing capital to be malinvested throughout the economy. So certain projects and ventures that appear profitable when funded at artificially low interest rates are not in fact the best use of those resources.

Eventually, the economic boom created by the Fed's actions is found to be unsustainable, and the bust ensues as this malinvested capital manifests itself in a surplus of capital goods, inventory overhangs, etc. Until these misdirected resources are put to a more productive use—the uses the free market actually desires—the economy stagnates.

Lucidez

Privatizar, por Rui a., um (lúcido) excerto:
No caso de Portugal, imaginar que as finanças públicas do país conseguirão, a curto ou a médio prazo, alavancar financeiramente a recuperação das empresas do estado é wishful thinking delirante. Se elas permanecerem sob gestão pública continuarão a ter prejuízos acumulados e cada vez maiores, e a prestar-se a destinos pouco empresariais, como albergar clientelas partidárias ou servir de veículos de propaganda governamental.

Por isso, seja para que o estado (os contribuintes) não tenham que continuar a suportar o agravamento desses prejuízos, seja para permitir que algumas dessas empresas se possam ainda salvar e manter o emprego a quem lá trabalha (não é certo que todas o consigam), seja ainda para que o estado possa receber alguma coisa por elas (quanto mais tempo passar, menos receberá), é vendê-las o quanto antes. Qualquer discurso sentimental que apele à preservação destas empresas no sector público, ou é apenas isso e só isso mesmo – emotividade sem racionalidade – ou esconde segundas e nefastas intenções.

Cuidados a ter em certos apertos de mão


Via ZeroHedge

O combate à estupidez

Ferreira de Almeida, no 4República, certeiramente acutilante:
Há muito que reclamo do legislador que seja contido, em especial ao legislador penal que muda constantemente a lei sem que mudem, ao mesmo ritmo, os valores dignos de tutela. Mas em face de casos como este rogo-lhe que preveja, como carácter de urgência, um crime mais. O crime de estupidez danosa. E que puna esse crime severamente. Seria um importante avanço civilizacional.

O PET e o Tribunal de Contas

Na página 13 do Plano Estratégico dos Transportes pode ler-se:
«O Estado apenas deverá realizar investimentos no sector de infra-estruturas e transportes que reúnam as seguintes condições:
  • Existência de uma efectiva capacidade do Estado para suportar a totalidade dos encargos ao longo da sua vida útil, na fase de construção, operação e manutenção;
  • Enquadrar-se nas prioridades de actuação anteriormente definidas;
  • Apresentar um saldo custo-benefício positivo;
  • Os mesmos objectivos não possam ser atingidos através de investimentos alternativos mais eficientes;
  • Tendo em conta a escassez e limitação dos recursos públicos – disponibilizados pelos contribuintes – a sua realização não coloque em causa a realização de outros projectos com maior prioridade.»
A respeitar-se o que precede, é de saudar o regresso da sanidade e o acabar do fetiche do "investimento" como um bem em sim mesmo.

Na página 80, (realce meu):
«Quanto ao anterior projecto de Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid, o mesmo será abandonado.»

E, uns parágrafos adiante, esclarece-se:

«Relativamente à concessão do troço Poceirão-Caia, salienta-se que a mesma carece ainda de pronúncia do Tribunal de Contas relativamente à legalidade do processo concursal, realizado em momento anterior à actual legislatura, do qual resultou o contrato actualmente em vigor. Trata-se de uma decisão independente do Governo, que irá ditar se o actual contrato cumpre todos os requisitos legais e tem condições de vigorar para o futuro.»
Parece claro. Mas, até que se esclareça, de vezesta coisa, observando as cinco condições a que devem obedecer os investimentos públicos em transportes, será prudente não formular um juízo definitivo.