quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Duvidosa racionalidade

"A irracionalidade da política", Michael Huemer

Nesta breve palestra são explorados alguns argumentos que suportam os processos políticos de hoje. Julgo que a exploração dos paradoxos associados a estes processos (que sob a capa de racionais, exigem na prática o seu contrário) são muito adequados no contexto das narrativas de justificação do regime democrático.
De notar, como inegável prova de que a narrativa está refém de uma posição ideológica, as diferentes reacções do público. Que começa a rir e a celebrar a referência à luta contra o terrorismo, mas que parece contrafeito logo de seguida. O orador supreendeu a audiência claramente.
Surpreenderá os nossos leitores?


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mises, a queda do Muro, e a persistência da falácia socialista sob novas vestes

Num discurso proferido na Conferência do ELDD - Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa do Parlamento Europeu (cuja principal formação é o UKIP) -, em 12 de Novembro último, para assinalar o 25º aniversário do fim da Cortina de Ferro, Philipp Bagus - o autor de A Tragédia do Euro - produziu um breve discurso que reputo de simultaneamente didáctico, incisivo e desassombrado perante a realidade que defrontamos. Didáctico, pela forma como esquissa a prova da impossibilidade de cálculo económico que Ludwig von Mises elaborou em 1920, antecipando em 70 anos o colapso do sistema comunista. Incisivo e desassombrado, porque não receia apontar os males profundos e estruturais que nos assolam: por um lado, a cada vez mais sufocante teia regulatória (a nacional e a de Bruxelas); por outro, pela espiral intervencionista do "socialismo monetário" constituído pela moeda fiat e pelo banco central. Alerta por fim para as tentativas que vêm ocorrendo com o intuito de suprimir a utilização de numerário (cash) que, a terem sucesso, nos colocariam em pleno totalitarismo monetário (já pouco falta, aliás). Por este motivo, entendi que poderia ser útil traduzir a sua intervenção, o que se faz abaixo. Para quem preferir ver e ouvir a intervenção de Bagus ao vivo, pode fazê-lo aqui.
Muito obrigado pela simpática introdução.

Gostaria de agradecer ao grupo ELDD o amável convite. É uma grande honra e um prazer estar aqui no 25º aniversário da queda do Muro.

Philipp Bagus
Quando o Muro foi derrubado em 1989, a maioria das pessoas foi apanhada de surpresa, incluindo os economistas da Escola de Chicago. Sherwin Rosen afirmou em 1997 que "o colapso do planeamento central na última década foi uma surpresa para a maior parte de nós". E Ronald Coase observou igualmente: "Nada do que tinha lido ou conhecido sugeria que o colapso iria ocorrer."

Bem, mas houve um grupo de economistas que não ficou nada surpreendido: os da Escola Austríaca de economia. Isto porque o grande economista austríaco Ludwig von Mises havia anunciado, logo em 1920, a impossibilidade do planeamento económico racional sob o socialismo num ensaio intitulado "Die Wirtschaftsrechnung im zocialistischen Gemeinwesen" [Cálculo Económico Sob o Socialismo - NT]. É assim que Murray Rothbard, já em 1971, se referia a Mises como sendo "o profeta do colapso do planeamento central".

Uma vitória da verdade e da liberdade

Citizenfour, pseudónimo que Edward Snowden escolheu para contactar a realizadora Laura Poitras e o jornalista Glenn Greenwald (ao centro na foto) quando fugiu para Hong-Kong, foi o vencedor do Óscar para o melhor documentário em 2015. Pelo seu simbolismo, uma importante vitória na perseguição da verdade e, consequentemente, da Liberdade. O filme estreará em Portugal a 13 de Março próximo (trailer).

"Quando as decisões mais importantes são tomadas em segredo, perdemos a capacidade de fiscalizar os poderes que detêm o controlo." - Laura Poitras

Foto: daqui

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Da Repressão Financeira

"O que se está a tentar, deixa-nos mais longe dos objectivos defendidos publicamente", Lacy Hunt

No final de uma semana temperada por dramas gregos, importa dar continuidade à análise dos problemas tal como eles são. E não como eles nos parecem ser, quando acompanhamos de perto as dinâmicas da narrativa oficial.
Perante a magnitude dos erros acumulados, julgo que a Europa terá ganho - apenas - algum tempo. O desfecho “desta crise grega” não terá resolvido nada de substancial e estes desenvolvimentos são, essencialmente, expressões das disputas no xadrez político de cada nação. O que assistimos nas últimas semanas foi uma disputa pela salvaguarda de alguns espaços de acção política, e respectiva legitimidade, face aos desafios que cada nação enfrenta no futuro próximo. Só depois as diferentes partes/nações olham para o todo da Zona Euro e para uma janela de tempo mais distante.
Face à necessidade de olhar mais para a frente e de comprender a natureza dos desafios que vamos encontrar, propomos a entrevista a Lacy Hunt. Ela faz parte de uma colecção de entrevistas e reflexões em torno da “Idade Dourada dos Bancos Centrais” e da sua política de repressão financeira que não posso recomendar demais. Assim haja tempo para isso.
Poupando as apresentações que serão feitas no início da entrevista, avanço apenas alguns dos tópicos nela abordados. E eles são:
- as consequências das baixas taxas de juro e os ciclos económicos;
- o que o passado ensina acerca da guerra monetária em curso;
- (alguns d)os erros macroeconómicos de Keynes;
- as distorções impostas na leitura da realidade económica;
- os erros das políticas monetárias mundiais – os riscos no Ocidente e Oriente;
- as monumentais taxas de dívida (total face ao PIB) dos EUA ao Japão, passando pela Zona Euro (de um mínimo de 350% a um máximo de 650% do PIB!!!);
- o que fazem os bancos e as instituições financeiras para alimentar a ilusão do crescimento actual;
- os erros e os maus investimentos, nas actuais circunstâncias, ainda ajudam os governos;
- a situação americana no curto-prazo e o sofirmento que há-de vir do abrandamento (não crescimento, note-se!) económico.

São quarenta minutos de lucidez e franqueza, fundamentais antídotos ao nevoeiro a que nos tentam conduzir os personagens do costume. Sejam eles de dramas vagamente clássicos, ou de reverberações históricas de motivação perigosa.
Votos de um excelente fim-de-semana.


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Como ensinar História sem recorrer a manuais

Entre 10 e 12 de Fevereiro do corrente mês, morreram três conhecidos jornalistas americanos que estavam envolvidos numa investigação aos acontecimentos de 11 de Setembro: Bob Simon (CBS), 73 anos, num acidente de automóvel; Ned Colt (NBC), 56 anos, de ataque cardíaco; e David Carr (NYT), 58 anos, que sofreu um colapso súbito na redacção do New York Times (a autópsia viria a atribuir a causa de morte a cancro de pulmão e insuficiência cardíaca). Este último, horas antes, havia moderado um painel em que participaram, entre outros, Glenn Greenwald, Laura Poitras e Edward Snowden (por vídeo-conferência), a propósito do CitizenFour, um documentário nomeado para os Óscares de 2015, onde a realizadora Poitras conta a história do whistleblower Snowden. Meras coincidências semelhantes a estas 103? Talvez. Em todo o caso, foram estas circunstâncias que me motivaram a traduzir um recente artigo de Gary North onde se aborda o tema do revisionismo histórico e a estratégia para estimular os alunos a aguçar a sua curiosidade relativamente à História e, em particular, às histórias que se contam sobre ela (bem como as que não se contam...).
17 de Fevereiro de 2015
Por Gary North


O cerne da história revisionista reside nisto: a versão do manual escolar está errada.

Gary North
Ela poderá estar errada por razões meramente técnicas pois é possível que determinados documentos tenham sido suprimidos, perdidos, ignorados. Poderá suceder que um dado acontecimento seja bem mais complexo do que os manuais escolares indicam. Mas, em algumas matérias, nomeadamente as relativas à banca, à guerra e à despesa pública, a história narrada no manual foi deliberadamente escrita por historiadores da corte. Os historiadores da corte suprimiram deliberadamente informação quando esta apontava para origens conspiratórias do acontecimento. É crucial para os historiadores do establishment poder ignorar investigações desse tipo catalogando-as de história conspirativa, como se as conspirações não existissem na história, e como se elas não controlassem os acontecimentos do passado.

Deste modo, o historiador revisionista deve começar com esta pergunta: quais são os aspectos de um acontecimento particular que jamais poderiam ter tido lugar? O que leva à pergunta seguinte: quais foram as perguntas que a guilda dos historiadores se recusou deliberadamente a colocar? Porquê?

Quase todas as guerras na história dos Estados Unidos são elegíveis para uma história revisionista. Já anteriormente afirmei que o que precisamos é de um estudo, em múltiplos volumes, das guerras em que a América interveio. Cada volume deveria analisar uma guerra e responder a três perguntas.
  1. Como é que os Estados Unidos entraram na guerra?
  2. Como é que a guerra foi paga?
  3. Quais foram os resultados sociais e económicos da guerra?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Teimosas anamorfoses

"As deformações são insustentáveis", David Stockman

Da entrevista que aqui propomos, destaco a desmontagem, frontal e simples, da relação entre a criação de dívida e o aumento da riqueza (medida pelo PIB). Stockman expõe a realidade das consequências das políticas dos defensores da visão de comando e controlo da economia ao nível mundial, mas dando particular destaque à China.
Outra ideia muito importante é que a política vai revelar-se, segundo Stockman, muito mais volátil e explosiva do que as dinâmicas dos mercados. A história pode repetir-se e não serão os números a deixar marcas importantes. Os resultados políticos da crise só muito discretamente se estão a fazer sentir.

A entrevista cruza os seguintes tópicos:
- a iniciativa de auditar a FED e o jogo político nos EUA - Elizabeth Warren, a referência moral dos liberais e progressistas contra os males dos mercados, considera "que não se deve submeter a FED à intromissão dos políticos";
- as bolhas que fervilham em torno das zonas de exploração petrolíferas nos EUA - crédito à habitação e aquisição de automóveis - graças à repressão financeira promovida pelos bancos centrais;
- os resultados das políticas monetárias e financeiras da FED e as suas ressurgências históricas (eterno retorno?);
- o papel, a natureza e o futuro dos bancos centrais;
- a Zona Euro, mercado e dívidas soberanas;
- o Japão e os balanços bancários, especialmente na Europa;
- as deformações insustentáveis que os socialistas de todas as cores impõem por esse mundo fora - desde 2008 que a China aumentou a riqueza em cinco triliões, mas aumentou a dívida em 28 triliões;
- o momento no mercado do petróleo - exemplo do que está para vir noutras dimensões dos mercados?;
- a Grécia e as estratégias para adiar o inevitável;
- a política, sempre a política.

Uma hora de análise desassombrada da narrativa oficial acerca do que está a refazer-se. Por entre as linhas do palimpsesto. Numa tensão intensa e crescente.
Que seja de bom proveito.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Curtas e grossas


Sob o título em epígrafe, Jürgen Stark, um antigo economista-chefe do BCE, de onde saiu com grande estrondo em 2011, publicou na passada 4. feira no Financial Times um artigo (requer registo) onde retoma as teses da "linha dura" da (relativa) ortodoxia financeira do que ele caracteriza como "o economista alemão". Seguem-se alguns excertos desse artigo que noutras circunstâncias - de indignação vituperante diante a presença num governo de coligação de um partido de extrema-esquerda com um outro de extrema-direita num ministério sem uma única mulher! - seria considerado politicamente incorrecto ao ponto de ser alvo de uma saraivada de fatwas sobre o seu autor e todos aqueles que o citem (via Juan Ramón Rallo):
«[…] A verdade é que, em contraste com muitos países da zona euro, a Alemanha tem consistentemente prosseguido uma política económica prudente. Enquanto outros viviam acima das suas possibilidades, a Alemanha evitou os excessos. Estas são diferenças culturais profundas que a união monetária faz emergir uma vez mais.

A questão não é a de um país impor austeridade a outro. As elites políticas da periferia da zona euro são responsáveis por terem perdido o acesso aos mercados financeiros em 2010. Anos de má gestão e de inobservância da lei conduziram a défices orçamentais crescentes e à acumulação de dívida. Os prémios de risco dispararam. […]

A UE não é uma federação (como não é a zona euro). Estamos muito longe desse nível de integração na Europa. Não há, portanto, base constitucional para concretizar maiores transferências para os países mais débeis. Em todo o caso, essas transferências não resolvem os problemas económicos e levam ao risco moral. Anteriores programas de transferências, como os dos fundos para pagar investimentos em infra-estruturas nos estados membros mais pobres da UE, nem sempre conduziram a uma melhoria sustentável no desempenho económico. A Grécia, por exemplo, recebeu transferências da UE correspondentes a 3 a 5% do seu produto interno bruto durante décadas, dos quais aproximadamente um terço foram pagas pela Alemanha. Mas grande parte desse dinheiro escoou-se através do poroso edifício de um estado frequentemente corrupto.

A política económica alemã não se destina a punir os países da periferia da zona euro. A chanceler Angela Merkel quer ver todos os países da zona euro a criarem as circunstâncias necessárias a um crescimento económico que seja real e sustentável - do tipo que gera empregos. Isto exige finanças nacionais sólidas. O que não tem nada a ver com um fetiche quanto ao défice zero. Os economistas alemães opõem-se ao tratamento dos sintomas. Eles alertam contra aparentes soluções que funcionam como tranquilizantes políticos no curto prazo, mas que apenas se limitam a ocultar os verdadeiros desafios económicos.

Os apelos a estímulos macroeconómicos adicionais ignoram as causas da doença europeia. É vital que sejam removidas as barreiras estruturais ao crescimento. Isso inclui sanar os balanços dos bancos para desbloquear a criação de crédito. Não é por causa da Alemanha que a França enfrenta a estagnação económica e a Itália está
há três anos em recessão. Os problemas têm origem doméstica. Eles não podem ser eliminados nem pelo Banco Central Europeu nem pelos estímulos fiscais.
As reformas exigem coragem política e forte liderança. Essas são reformas dolorosas mas são necessárias para retornar a um caminho de crescimento sólido. O verdadeiro défice é o fracasso da elite política em muitos países bem como a falta de instituições credíveis. […]»

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Segredos ou crimes de estado?

Com o alegado objectivo de proteger a segurança dos EUA, a CIA, com o acordo expresso do próprio George W. Bush e do seu departamento de Justiça (?!), recorreu extensiva e repetidamente às orwellianas "enhanced interrogation techniques" (técnicas aperfeiçoadas de interrogatório) a coberto da "Guerra Global ao Terrorismo" proclamada subsequentemente aos acontecimentos de 11 de Setembro.

Eis então, já depois do escândalo supostamente "localizado" de Abu Ghraib (2004), que em 2007 surge alguém - John Kiriakou - já então um ex-agente da CIA, que veio denunciar publicamente o que, sem rodeios, não passava de tortura (como o relatório do próprio Senado americano, divulgado em Dezembro último, viria a reconhecer).

Mais de sete anos decorridos, não houve um único funcionário, civil ou militar, muito menos um político, que tivesse tido que responder por essas práticas hediondas e ilegais. Nem um. O único indivíduo incriminado e preso foi justamente aquele que as denunciou. Condenado a 30 meses de prisão, Kiriakou irá agora cumprir o remanescente da sua pena (6 meses) em regime de prisão domiciliária.

Tudo isto constitui mais uma vergonha para o nobelizado Obama que ostenta o pior registo que há memória de um presidente americano contra os que denunciam os crimes cometidos a coberto da "raison d'état" e do correlativo e arbitrário segredo - os whistleblowers - incorrendo em enormes riscos pessoais. A actual administração já instruiu mais casos contra os whistleblowers que a totalidade dos presidentes que o precederam! 589 meses de prisão em 6 anos de mandato contra apenas 24 meses acumulados desde a Revolução Americana! Que o digam, para além de Kiriakou, Chelsea (ex-Bradley) Manning, Barrett Brown, Jeremy Hammond, Jeffrey Sterling, Thomas Drake, William Binney, James Risen, James Rosen, Edward Snowden e até mesmo um cidadão australiano (Julian Assange).

Segue-se uma notável entrevista a Kiriakou (com transcrição):

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Espírito do tempo


Não será despropositada a referência à manchete de que os gregos estão a comprar ouro enquanto podem. Basta que nos perguntemos o que a imagem pode conter de paralelo com a situação grega. Será apenas o tamanho do problema? Ou um Mal do tempo presente?

Lapso freudiano

A CNN passava uma peça onde se discutia uma eventual ajuda militar dos EUA a Kiev, na sequência da visita de Merkel a Obama. A RT estava atenta (o que não é propriamente novidade).

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

As conexões sauditas no 11 de Setembro

Praticamente logo após os atentados de 11 de Setembro, circularam intensos rumores quanto a uma alegada (e estreita) ligação de membros da elite saudita que, através de apoio logístico, e sobretudo financeiro, teriam apoiado (tornado possível?) aquela operação terrorista. Este era um elo que começava por surgir como natural já que 15 dos 19 piratas do ar eram nacionais do país governado pela Casa de Saud. Desde muito cedo (antes mesmo da formação da oficial Comissão de Inquérito aos acontecimentos - 2002) que familiares das vítimas fizeram sentir as suas suspeições nessa direcção. E a caminho dos quinze anos passados sobre o sucedido, o certo é que continuam classificadas como secretas 28 páginas do relatório oficial as quais, precisamente, se crê evidenciarem essa conexão. A isto acrescem as acusações da semana passada provenientes de Zacarias Moussaoui que até mesmo o New York Times entendeu destacar. Emprestando todo o seu envolvimento jornalístico de longa data, no terreno, no mundo islâmico, Eric Margolis elabora sobre a verosimilhança das acusações de Moussaoui recuando para isso ao tempo em que conheceu pessoalmente um dos fundadores da Al-Qaeda. É um artigo informativo, pleno de pormenores relevantes para um maior entendimento sobre o reino saudita ou, melhor, sobre a razão de ser dos comportamento da dinastia de Saud.

Votos de uma excelente semana!

7 de Fevereiro de 2015
Por Eric Margolis


Desde 2001 que circulam alegações do envolvimento da Arábia Saudita nos ataques à América do 11 de Setembro. Os sauditas têm negado qualquer envolvimento muito embora 15 dos 19 piratas do ar fossem cidadãos sauditas.

Eric Margolis
Esta semana, as alegações de envolvimento saudita reacenderam-se quando um dos homens condenados pelos ataques de 11 de Setembro, Zacarias Moussaoui, reafirmou aquelas acusações. Moussaoui, que está numa prisão de segurança máxima nos EUA, acusa príncipes e altos funcionários sauditas de terem financiado os ataques do 11 de Setembro e outras operações da Al-Qaeda. Ele talvez tenha sido torturado e tem problemas mentais.

Entre os sauditas que Moussaoui nomeou estão o príncipe Turki Faisal e o príncipe Bandar bin Sultan, dois dos homens mais poderosos e influentes do reino. Turki foi chefe da inteligência saudita; Bandar foi embaixador em Washington durante a administração Bush.

Estas acusações surgem num momento em que decorre em Washington uma luta furiosa pela (não) divu, lgação das páginas secretas do relatório da Comissão de Inquérito aos ataques do 11 de Setembro que supostamente implicam a Arábia Saudita. A Casa Branca alega que a divulgação do relatório seria embaraçante e prejudicaria as relações entre os EUA e a Arábia Saudita.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Solução de uma crise de dívida: mais dívida, pois então!

Isto não vai acabar bem (dados da McKinsey, via Mises.org).


Radar

O ritmo dos acontecimentos aumenta a uma velocidade que é difícil de acompanhar. Destaco um artigo da Bloomberg acerca do ouro alemão que está em Nova Iorque. Ou não está.
Atenção: a disjunção acima referida está no próprio subtítulo do artigo. Espantoso.
Tanto o conteúdo do artigo como a data da sua publicação.
De produto de uma teoria da conspiração a facto histórico em menos de nada. Espantoso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Pat Buchanan: A Ucrânia Precisa de Paz, Não de Bombas

Com especial incidência desde o 11 de Setembro de 2001, que oficialmente iniciou uma aparentemente perpétua "guerra contra o terrorismo", que assistimos à eclosão de guerras sobre guerras marcadas pelo protagonismo da superpotência vencedora da Guerra Fria. De uma forma unilateral, de forma mais aberta ou velada, é como se os EUA se tivessem outorgado a si próprios o papel de um global Robocop (na expressão de Pepe Escobar) que, na esteira do messianismo wilsoniano, tem por missão "resolver" qualquer situação em qualquer parte do mundo que necessite ser "resolvida". Para o efeito, um dos instrumentos preferenciais tem sido o recurso aos bombardeamentos "humanitários" (que, se não estou em erro, foram inaugurados por Bill Clinton nos Balcãs) sendo notórios os "sucessos" que têm sido conseguidos: do Afeganistão ao Iraque, da Síria ao Sudão e à Somália, da Líbia ao Iémen, etc. E tudo parece conjugar-se para mais um envolvimento noutra aventura militar, agora na Ucrânia, muito embora isso não esconda a relutância da "Europa". Mas não foi Victoria Nuland quem, famosamente, exclamou "fuck the EU!" há um ano atrás nas vésperas de Maidan? Pat Buchanan, um paleoconservador antigo candidato à presidência dos EUA, tem sido uma das figuras da intelectualidade americana que tem ousado colocar perguntas pertinentes na tentativa de apelar à razão. Em mais um excelente artigo, apela ao bom senso. E à paz.

3 de Fevereiro de 2015
Por Patrick J. Buchanan


Entre os presidentes do período da Guerra Fria, de Truman a Bush I, havia uma regra não escrita: não desafiar Moscovo na sua esfera de influência na Europa Central e Oriental.

Patrick J. Buchanan
Nas crises de Berlim de 1948 e 1961, na Revolução Húngara de 1956 e na invasão do Pacto de Varsóvia de Praga em 1968, as forças americanas na Europa permaneceram nos seus quartéis. Víamos o Elba como a linha vermelha de Moscovo, e eles viam-no como a nossa. Apesar de Reagan ter enviado armas para os rebeldes anti-comunistas em Angola, Nicarágua e Afeganistão, para os heróicos polacos de Gdansk só enviou copiógrafos.

Essa cautela e prudência da Guerra Fria poderá ter terminado.

Isto porque o presidente Obama está a ser instigado pelo Congresso e pelos intervencionistas liberais [no contexto norte-americano, “progressistas”, de esquerda – NT] no seu partido para enviar armamento letal para Kiev, em guerra civil com rebeldes pró-russos em Donetsk e Luhansk. Esta guerra já custou 5000 vidas, entre soldados, rebeldes e civis. O cessar-fogo de Setembro em Minsk foi rasgado. Os rebeldes, recentemente, conquistaram cerca de mais 300 quilómetros quadrados, e dirigiram fogo de artilharia contra Mariupol, um porto do Mar Negro entre Donetsk e Luhansk e a Crimeia.