quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Master Class - Ray Dalio

"Haverá mais intervencionismo"

Partilhamos com os nossos leitores uma extensa entrevista a Ray Dalio de Julho passado. São várias as intervenções que Dalio tem feito acerca do presente económico e financeiro. Inclusive, de modo recorrente, tem partilhado as suas reflexões sobre outros temas (ver aqui, entre outros destaco este artigo).

Não resisto a assinalar a hesitação que Dalio demonstra a responder a certas questões. Contrasta, de um modo fundamental, com a determinação e a certeza de políticos e burocratas. Mas estes não arriscam algo de seu. Não têm "skin in the game".

Alguns dos temas e problemas analisados são:

- os ciclos económicos e o crédito - ciclos curtos e longos;
- o crédito e a moeda - aos bancos centrais só resta manipular mais a moeda;
- a história está cheia de exemplos que importa analisar, mas os responsáveis não parecem estar interessados nisso;
- a máquina económica e os seus processos - crédito, moeda e produtividade;
- a Europa (a sul especialmente) está em dificuldades;
- um trabalhador francês, italiano ou espanhol custa o dobro de um trabalhador americano;
- vêm aí mais programas de facilitamento quantitativo (QE) - os bancos centrais não têm margem para, de modo eficaz e consistente, fazer subir as taxas de juro;
- a arte de investir, segundo Dalio;
- cerca de 70% das compras nos mercados bolsistas são recompras de acções pelas próprias companhias;
- os retornos do investimento (em qualquer classe) serão cada vez menores nos próximos anos.

Boas reflexões.


2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente. Outro aspecto ainda descurado, semi-obscurecido, deste mundo "novo" é o "novo" automóvel.
Além de, via smartfone, se poder conhecer a localização ... do smartfone, e ouvir e ver o que se passa por ali, agora o proprietário de uma viatura -tal como o de um frigorífico moderno- poderá ter a sua vida privada completamente devassada.

" ...Num passe de mágica a Tesla dá mais 50 Km de autonomia ao pessoal na Florida,
nos seus Teslas, para fugirem ao tufão." (tradução livre).

Agora os "novos" pópós estando, como já estão, permanetemente ligados, via net, ao construtor já não são reserva dos proprietários.

Via o construtor pode-se saber tudo. Os Kms que percorremos, a velocidade a que conduzimos (1), as octanas da gasolina que metemos, as mudanças de óleo, que óleo, promenores dos acidentes em que estamos envolvidos, as coversas dentro do carro ....
E aonde está a viatura estacionada: se em casa, no shoping, com uns amigos num Clube, Se não pagamos a última prestação ... !.
Quem vai usar essa informação e como ?. Saudações. JS

(1). O que impedirá a polícia de viação e transito de automaticamente retirar da nossa conta bancária o valor da multa porque num qualquer troço de auto-estrada andamos a 121 Km/hora, ou numa regional com o limite de 50 Km/h circulavamos a 51 Km/h ?.

LV disse...

Caro JS,

Se juntar o maravilhoso mundo da Internet das Coisas (IoT) com o entusiasmo acrítico que a maioria lhe dedica, então está a coisa bem assustadora.

Não tenho uma visão, por princípio, negativa acerca da tecnologia e do seu desenvolvimento. Mas que o consenso se torne tão asfixiante e a opinião divergente acerca dos riscos desse desenvolvimento seja arrumada para os extremos do pensamento, digamos assim, isso é deveras preocupante. É também por aqui que a luta por um espaço de expressão (e acção) livre também se deve fazer. Apontar dúvidas, procurar respostas e confrontar argumentos.

Saudações,
LV