Quatro meses decorridos após o início da horrenda Grande Guerra, a que ficou conhecida por Frente Ocidental estabilizou ao longo de mais de 600 km ininterruptos de trincheiras, do Canal da Mancha à Suiça. Nela se defrontavam os contendores que, a troco da conquista de uns (reversíveis) palmos de terra, já prosseguiam numa carnificina sem fim à vista, após o termo da curta guerra de movimento inicial. Sob um olhar alemão, Erich Maria Remarque verteria no seu "A Oeste Nada de Novo" tão monstruosa enormidade. Mais tarde, no magnífico filme "Horizontes de Glória", Stanley Kubrick oferecer-nos-ia um olhar do lado dos Aliados sobre a inutilidade da matança e da incompetente indiferença criminosa do generalato.
As pouco divulgadas tréguas de Natal de 1914, que ocorreram em vários locais da linha de trincheiras de modo espontâneo, e que em alguns casos se prolongaram até o início de 1915, foram um sinal inquestionável do impasse a que se tinha chegado, que se prolongaria até ao fim da guerra, e, consequentemente, da inutilidade e falta de propósito da mesma.
Os governos portugueses de então sabiam pois muito bem o que um contingente português iria defrontar nestas circunstâncias. A troco de nada além de um espúrio, e de resto muito contestado à época, "interesse nacional".
Um Feliz Natal para todos os leitores do Espectador Interessado!
2 comentários:
Caro Eduardo,
Excelente referência. Não pude evitar, todavia, de considerar mais que curiosa a mesma referência por parte da rainha de Inglaterra. Como que me pareceu estar a falar para o presente. Para um futuro próximo.
Mas posso ser apenas eu.
Boas Festas.
Saudações,
LV
Há sempre rasgos de lucidez! Seria isto possível agora?
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