Os suíços decidiram-se pelo não à Iniciativa de Repatriamento do ouro. As "rotativas" passaram logo a reproduzir a mensagem negativa acerca do metal. Veja-se este exemplo do Observador. Será que vão publicar - ainda hoje - a recuperação que o metal já fez? Subiu 50 dólares do mínimo registado e ficou "no verde" com ganho de 30 dólares (aprox.). É caso para dizer que a selecção de informação negativa (mesmo quando há algum fundamento para isso) em detrimento do que, de real, se vai passando, deixa muito a desejar quanto à objectividade do jornalismo. Neste caso económico. Valem outras fontes.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Radar
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5 comentários:
A malta quer é fazer dinheiro de forma simples e rápida em paper makets fortemente alavancados, quer lá saber de tradições ou relíquias bárbaras. Ainda temos um longo caminho até ao fundo. keep shorting
Cumprimentos
Boa noite LV,
Estou surpreso, mais do que com o resultado da decisão helvética, com a percentagem, pode-se dizer esmagadora, expressa nesta consulta popular. Desconheço, por falta de dedicação mais cuidada ao assunto, quais os argumentos usados pelos defensores do NÃO ao repatriamento do metal, mas devem ter sido muito convincentes, se atendermos que outros países como a Alemanha, a Holanda e a França, estão, nos dois primeiros, a proceder ao repatriamento e a França duma forma mais underground a equacionar o mesmo procedimento.
Aguardemos futuros desenvolvimentos.
Cumprimentos
Caro Anónimo,
Presumo que a malta a que se refere sejam os jogadores que fazem as vezes de investidores. Em particular quando apoiados por intervenções históricas que favorecem o estender do jogo. De papel, como diz e bem.
Mas a realidade acabará por impor-se.
A procura a Oriente - magna -, os receios que começam a revelar-se através dos pedidos, por parte de alguns estados aqui no Continente, do repatriamento das suas reservas de ouro ou as discussões em torno do papel monetário dos metais demonstram (vejam-se os casos suíço e francês, para além do holandês e alemão) que há uma agitação no ar. As declarações de Greenspan ("o ouro é o único e verdadeiro dinheiro"), as declarações de Trichet, numa conferência na China recentemente, acerca da necessidade de construir um novo sistema monetário e financeiro mundial, são sinais de que o "jogo não terá muitas mais mãos". E não é possível ignorar a China e a Rússia. Para nomear apenas alguns agentes da mudança.
Não é possível aceitar que os preços dos metais monetários, dada a sua importância na restrição aos governos e na defesa da liberdade individual, sejam determinados na sua vertente de papel (oferta sintética). A China poderá aceitar esse jogo enquanto está a "carregar o carro", mas não permitirá que isso se mantenha quando tornar pública a verdeira dimensão das suas reservas de ouro. Nessa altura passa a ser a oferta e transacção física a determinar o preço dos metais. Mesmo que depois, a médio-prazo, possam aproveitar-se da sua posição (entretanto dominante) para aproveitar o privilégio e começar a jogar o jogo do papel.
Mas isso é o seu preço. Não seu valor. Esse e o seu papel de seguro financeiro não depende do exorbitante privilégio de estados ou bancos.
Se estamos perto (ou não) do fundo? Não sei, mas a taxa GOFO indica que a situação já ultrapassou limites de sustentabilidade. Históricos. E há todo um espaço para corrigir - em alta - do preço dos metais.
Assim permitam as investigações (e efectivas condenações) aos bancos e governos que desrespeitam todas as regras no seu ofício de jogar com o Futuro de todos, numa roleta russa de consequências dificilmente imprevisíveis. Apesar de gravosas.
"So keep shorting at Your own peril".
Saudações,
LV
LV. Excelente comentário. Saudações.
Caro SAC,
A sua surpresa é compreensível. Justamente no que diz respeito à dimensão da vitória do não. Mas não esqueçamos o seguinte:
- arrisco dizer que o suíço comum ainda não percebeu a dimensão do balanço (e do desequilíbrio) do seu banco central, que tem estado a forçar a desvalorização do franco suíço, mantendo-o na actual paridade com o euro, através da aquisição de euros e activos denominados em euros;
- a campanha contra o sim (e contra o tampão aos excessos que o ouro representa para governos e bancos centrais) foi tremenda; segundo alguns observadores, nunca se tinha assitido a um envolvimento das estruturas de topo do banco central suíço (SNB) numa campanha política como desta vez; este referendo fez tocar os sinos bem lá no alto da torre; para se ver a dimensão da barragem de propaganda e o verdadeiro tamanho da manipulção de percepções da campanha pelo não, é preciso saber que, os mesmos tecnocratas do SNB, fizeram discursos nas cerimónias religiosas em alguns cantões; li artigos (com fotografias) em que se via um dos directores do banco no púlpito, adornado com a bandeira helvética, a fazer campanha pelo não; numa busca rápida não consigo recuperar essas ligações.
- a argumentação dos tecnocratas e dos políticos é muito inconsistente, mesmo se sublinha alguns problemas que a Suíça poderia encontrar a curto-prazo caso o sim ganhasse - veja-se: acusavam os defensores do sim de errarem na política de conferir estabilidade ao franco suíço através do repatriamento e restabelecimento de reservas de ouro em 20%, já que isso, diziam, "retiraria espaço de manobra ao SNB para agir na defesa da moeda suíça"... a partir daqui é sempre a descer.
Em conclusão, o referendo já fez muito (juntamente com a discussão que envolve franceses, alemães e holandeses) para agitar as águas turvas e mal-cheirosas das políticas monetárias dos estados e bancos centrais; se pensarmos que estamos em plena "guerra monetária global", talvez tenha sido um passo no sentido certo.
E por aqui continuaremos - teimosamente - atentos ao futuro.
Caro JS,
Estou-lhe grato pelo incentivo, pela simpatia e pela leitura atenta.
Saudações,
LV
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