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Esta intervenção expressa que intenção? Será um manobrar táctico correspondente à gestão dos danos que se amontoam no sector bancário e financeiro português? Limitando os "danos morais" na fase de balanço e limpeza?
Ou é uma visão estratégica acerca do futuro dos respectivos sectores?
A evolução do discurso nesta apresentação permite suspeitar por esta última hipótese. Afinal frases como: "os actuais modelos de negócio e a estrutura do sector não são sustentáveis no futuro" e "o modelo de negócio e a estrutura do sistema bancário actual irão mudar radicalmente" estão presentes na comunicação.
Apesar disso, mais questões se levantam, por esta ordem:
1 - Os Bancos Centrais (BC) terão sido agentes de credibilização do sistema?
2 - Apelando para princípios éticos, os BC´s terão consciência da magnitude da desigualdade de tratamento dos cidadãos e das instituições?
3 - As acções de "repressão financeira" que os BC´s conduzem visam que fins?
4 - Aumentar a regulação (influenciada pelos consultores de grandes grupos do sector) não aumenta os bloqueios à inovação das empresas? Será que a regulação alivia os preços que os consumidores pagam pelos serviços que aquelas empresas prestam? (não se fale aqui de qualidade e fiabilidade dos serviços que a regulação confere, o sector demonstra, actualmente e à saciedade, essa falácia);
5 - Relativamente às mudanças que o governador aponta, e atendendo à que diz respeito à estrutura do sistema bancário, as mudanças são de que magnitude? Estará Carlos Costa a referir-se às mudanças a nível europeu? Ou as que estão a acontecer no seio do FMI e que envolvem a composição dos Direitos Especiais de Saque?
Receio que, contendo um vislumbre do futuro, esta intervenção de tão vaga se guardará na prateleira das boas intenções e das tácticas de descarte de responsabilidade. Mesmo que a este nível os assuntos/dossiês se trabalhem com a discrição que favorece a qualidade e a eficácia, a legitimidade das instituições também se mede pelo registo de clareza e da qualidade de prestação de contas.
Mas isso é noutro universo, já sabemos.
Resta-nos o sobressalto da casa arrombada, a vivência dos factos consumados. Tal como quando alguém manda em nós. Sofremos e não escolhemos.
Até quando?
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