segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Radar

Num gesto raro e até surpreendente, Otmar Issing faz a sua radiografia do projecto europeu. Sem receios de encarar a visão consensual que a burocracia europeia tem de si mesma e do conjunto dos dogmas que suportam o projecto, Issing diz coisas como (traduzo): "Um dia o castelo de cartas vem abaixo". Ou que "o euro foi traído pela política".
Descontando a aparente inocência daquelas palavras, estas declarações são importantes para ilustrar o estado do projecto europeu, especialmente depois do Brexit e das manobras de bastidores para prevenir outras saídas.
Declarações que Issing fez à publicação Central Banking e que Ambrose Evans-Pritchard contextualiza no artigo deste domingo.
O despertador está a tocar. Será que alguém o ouve?

2 comentários:

JS disse...

Dito por uma voz com inegável autoridade e, infelizmente, não se podia ser mais claro.

"...During the first eight years, unit labour costs in Portugal rose by 30pc versus Germany....".
A Constituição portuguesa, é um sistema político que permite isto (inpune e repetidamente). Tem que ser revista.

E a prevista fuga para a frente não vai resultar melhor:
"...Such a system would erode the budgetary sovereignty of the member states and violate the principle of no taxation without representation, forgetting the lessons of the English Civil War and the American Revolution...".
Obg.

LV disse...

Caro JS,

Parece que o que temos, afinal, é um simples "folgar das costas". Para que venha mais carga. O que vemos é que essa carga pode ter origem interna ou externa. Melhor, o rastilho para o aumento da carga é que pode, pesando bem as palavras de Issing, ser também externo.

Saudações,
LV