sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A responsabilidade das famílias e o despautério estatal

Poupança das famílias no nível mais alto desde 2003. Acontecimento para muitos inexplicável - não seriam estes tempos que exigiriam que, pelo contrário, se consumissem as poupanças antes constituídas? - as famílias fazem, pelo contrário, o que se esperaria que fizessem - tentam proteger-se da enorme incerteza futura.

O Estado, pelo contrário, não. Ao mesmo tempo que eleva o confisco a níveis que muitos nunca pensariam possíveis, mesmo com receitas extraordinárias, ano após ano os défices do orçamento persistem a níveis insustentáveis e a dívida, em consequência, não cessa de aumentar com as consequências conhecidas.

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O gráfico acima, disponibilizado pelo excelente blogger Álvaro dos Santos Pereira (para quando o seu regresso à actividade?), retrata a evolução da poupança bruta do país nos últimos 50 anos, em percentagem do PIB. Essencialmente, retrata o comportamento consolidado das poupanças das famílias, das empresas e do Estado (este último com uma "poupança negativa" nos últimos 38 anos!). O gráfico fala por si. Ele é o resultado de uma combinação explosiva: o crescimento exponencial do Estado social e concomitante percepção das famílias de que os seus riscos (de protecção na doença e na velhice) teriam diminuído e a disponibilização de crédito barato e abundante, em particular nos últimos 15 anos, resultado da manipulação das taxas de juro levadas a cabo pelos bancos centrais, que veio introduzir uma cultura generalizada de endividamento. A realidade chegou, entretanto, não crendo que já tenhamos visto o pior. A evolução da taxa de poupança das famílias parece-me ser indicadora que essa é também a opinião de muitos. Os riscos que o Estado-providência anunciava ter vindo eliminar aí estão, afinal. Temo que se venham a materializar em termos brutais para a grande maioria.

3 comentários:

Unknown disse...

Este facto não é completamente contraditório com o que a comunicação social tem avançado nas últimas semanas?...

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/comunicacao-social-verdadeira-oposicao.html

Eduardo Freitas disse...

A generalidade dos meios de comunicação social do mainstream não pretende informar o público, antes visa enformá-lo. A sua agenda, à "esquerda" e à "direita" é a defesa e a expansão do estatismo.

Vale de Lobos disse...

Como escreveu Victor Hugo, em "Os Miseráveis", ao falar sobre Marius: "Para ele, uma dívida era o começo da escravatura".