Toda uma outra História
Recentemente mão amiga fez-me chegar um exemplar da revista Exame (Julho 2014). Não foi o tema de capa ou o teste a um Maserati ("de luxo" escreveram, mas há de outro tipo?) que motivou essa chamada de atenção, mas o dossiê "Os grandes banqueiros da História". Para lá do tom deslumbrado das descrições e da narrativa focada em oposições superficiais (para enaltecer o carácter dos "vencedores", digamos), uma passagem deixou-me perplexo. Não sei se pela perigosa simplificação (mal de que padecem publicações convencionais) ou da (muito pior) deturpação histórica que essa passagem encerra. A passagem é a seguinte (com edição minha):
Esta passagem é uma evidência da simplificação a que estamos sujeitos através dos meios de comunicação convencional. Tom deslumbrado? O título desta secção ("O ouro e a operação de salvamento") é tudo o que basta para o evidenciar. Exemplo de oposições superficiais? Repare-se na oposição entre entre os "investidores europeus" (os maus) e "J.P.Morgan" (o bom). Mas se alguém perguntar porque vendiam os europeus os seus dólares, fica sem saber. Conclui pelo papel absolutamente altruísta e desinteressado de J.P.Morgan. Simples, não é?
Mas o banqueiro "monta operações de salvamento" a partir da Casa Branca! Haverá maior sinal do conluio entre poder político e financeiro? Que perdura até hoje. Com as consequências que todos conhecemos.
E a última afirmação relativa ao padrão-ouro? Inacreditável.
O vídeo que proponho hoje na rubrica das "Delícias" é um esforço para colocar os últimos cem anos de história política e financeira americana (com ramificações para todo o mundo) numa perspectiva crítica, mostrando a verdadeira natureza da narrativa oficial (sejam os seus silêncios ou as suas deturpações) acerca de temas tão relevantes como o papel dos bancos centrais, a criação da moeda e do crédito ou os interesses de estado que se relacionam com certos personagens como J.P.Morgan, por exemplo.
O autor James Corbett apresenta toda a investigação que suportou este filme à disposição dos leitores (muitas das fontes são oficiais). Os dados apresentados e a sua relação não andam longe do que Rothbard (e outros) já descreveram.
Em conclusão: simplificação ou deturpação?
Os leitores que decidam.
Votos de uma tranquila e proveitosa noite de Verão.
Recentemente mão amiga fez-me chegar um exemplar da revista Exame (Julho 2014). Não foi o tema de capa ou o teste a um Maserati ("de luxo" escreveram, mas há de outro tipo?) que motivou essa chamada de atenção, mas o dossiê "Os grandes banqueiros da História". Para lá do tom deslumbrado das descrições e da narrativa focada em oposições superficiais (para enaltecer o carácter dos "vencedores", digamos), uma passagem deixou-me perplexo. Não sei se pela perigosa simplificação (mal de que padecem publicações convencionais) ou da (muito pior) deturpação histórica que essa passagem encerra. A passagem é a seguinte (com edição minha):
"O ouro e a operação de salvamento
(…) Durante o pânico euro-americano de 1890-1895, on investidores europeus vendem os seus dólares. O Estado Federal arrisca uma crise de liquidez, senão mesmo entrar em incumprimento. J.P.Morgan monta, na Casa Branca, a operação de salvamento (…) A confiança recuperada permite a revenda dos títulos com lucro e depois de propor um empréstimo público de 67 milhões de dólares, em 1896, montado por J.P.Morgan. A sua capacidade transatlântica e, sobretudo, a sua habilidade jurídica e financeira entram para a história da banca. Isto conduzirá ao estabelecimento oficial do gold standard (padrão-ouro) nos Estados Unidos, em 1900."
Esta passagem é uma evidência da simplificação a que estamos sujeitos através dos meios de comunicação convencional. Tom deslumbrado? O título desta secção ("O ouro e a operação de salvamento") é tudo o que basta para o evidenciar. Exemplo de oposições superficiais? Repare-se na oposição entre entre os "investidores europeus" (os maus) e "J.P.Morgan" (o bom). Mas se alguém perguntar porque vendiam os europeus os seus dólares, fica sem saber. Conclui pelo papel absolutamente altruísta e desinteressado de J.P.Morgan. Simples, não é?
Mas o banqueiro "monta operações de salvamento" a partir da Casa Branca! Haverá maior sinal do conluio entre poder político e financeiro? Que perdura até hoje. Com as consequências que todos conhecemos.
E a última afirmação relativa ao padrão-ouro? Inacreditável.
O vídeo que proponho hoje na rubrica das "Delícias" é um esforço para colocar os últimos cem anos de história política e financeira americana (com ramificações para todo o mundo) numa perspectiva crítica, mostrando a verdadeira natureza da narrativa oficial (sejam os seus silêncios ou as suas deturpações) acerca de temas tão relevantes como o papel dos bancos centrais, a criação da moeda e do crédito ou os interesses de estado que se relacionam com certos personagens como J.P.Morgan, por exemplo.
O autor James Corbett apresenta toda a investigação que suportou este filme à disposição dos leitores (muitas das fontes são oficiais). Os dados apresentados e a sua relação não andam longe do que Rothbard (e outros) já descreveram.
Em conclusão: simplificação ou deturpação?
Os leitores que decidam.
Votos de uma tranquila e proveitosa noite de Verão.
1 comentário:
num estado socialista como o actual onde tudo é controlado, quando se
fala de mercados
estão a pensar naqueles em que compramos frutas e hortaliças
e se fossem barda merda podem estar seguros que eu não os acompanhava
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