terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Em medidas iguais

"Actualmente, os bancos centrais negoceiam com contrapartes que são gigantes bancos comerciais com derivativos nos balanços de uma escala e complexidade perturbadoras. Parece impossível que estas exposições comerciais possam ter sido construídas e mantidas sem o conhecimento e a cumplicidade dos sectores oficiais. O Deutsche Bank, por exemplo, envolvido como instituição acusada em milhares de queixas e investigações judiciais, possui uma exposição a derivativos numa dimensão vinte vezes superior ao PIB da Alemanha e cinco vezes o PIB da Zona Euro.
Não é preciso muita imaginação para inferir que os técnicos dos bancos centrais e os seus pares nestes colossos da banca de investimento – frutos do mesmo ADN, colegas nas mesmas escolas, perseguindo carreiras que se cruzam, frequentadores das mesmas conferências e sempre à distância de uma simples chamada – são indistinguíveis tanto ideológica como intelectualmente e corruptos moralmente em igual medida."

John Hathaway - "Tectónicas Monetárias"

2 comentários:

JS disse...

"... It is not a great leap to suggest that central-bank traders and their megabank opposites...".
No entanto todos empregados a cumprir directivas dos respectivos chefes. Bem pagos, sim, mas, a cumprir directivas.

E das janelas?. Já algum -funcionário dos Bancos Centrais- deu o epidémico "great leap"?. Ou trata-se de um exclusivo que alastra pelos outros Bancos?.
Óptimo 2015.

LV disse...

Caro JS,

Aos burocratas dos bancos centrais não calham essas pressões. Eles têm sempre as mais poderosas armas monetárias e financeiras para usar numa situação de risco. E estão protegidos pelos braços políticos dos regimes.
Em parte isso é verdade também para os grandes colossos (como o Deutsche Bank ou JPMorgan entre outros), mas a aparente dicotomia (muito útil em jogos políticos) entre os negócios e as autoridades políticas, exige daqueles uma espécie de purga como que para redimir pecados que ambos conhecem, mas não assumem. E a tomar como boa a hipótese que Bernard Connolly avança na entrevista que publiquei (ver Radar de hoje), então vamos ver maiores pressões na banca nos próximos anos. Se dão o "great leap" isso teremos de ver. Mas não esqueçamos que, apesar dessas purgas, o mal continuará por debaixo da pele e dos discursos encantatórios. Sejam de políticos ou de banqueiros.

Votos de um 2015 pleno de prudência e alegria.
Por aqui continuaremos teimosamente.
LV