"Os novos valores que vão surgindo parecem justificar o abandono dos antigos valores e regras. A confiança em si mesmo, o auto-controlo e a independência, por exemplo, são substituídos pela equidade, segurança e cuidados de saúde universais. No entanto, são fáceis de identificar as clivagens entre os velhos valores e os novos.
Os novos valores reflectem uma profunda mudança nas atitudes. De assumir riscos a passar evitá-los de todo. Da produção de riqueza à preocupação exclusiva na sua preservação. Da ausência de interferências do estado (laissez-faire) ao controlo centralizado por parte do estado.
Mas estas diferenças são também expressas num conjunto diferenciado de direitos. Os antigos eram direitos a que cada um pudesse fazer algo por si mesmo. Os últimos são direitos a forçar alguém a fazer algo para mim. Os primeiros exigiam cooperação, estes últimos exigem apenas o medo e, de seguida, a violência."
Bill Bonner, "O refluxo da modernidade" - 22 de Outubro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Citação do dia (175)
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4 comentários:
Muito bem!
António Barreto,
Agradecendo-lhe o comentário, acrescentaria que a citação teve impacto imediato em mim. Logo à primeira leitura. E ainda que o artigo faça referências mais alargadas e complexas (exploradas em livro publicado por Bill Bonner recentemente, mas que ainda desconheço), fica clara a natureza dos dilemas que teimamos não reconhecer ou para os quais não procuramos esboçar respostas. De modo frontal e livre.
Saudações,
LV
Esta sua citação de Bill Bonner é das mais estúpidas que já tive o «prazer» de ler.
Dantes, praticamente não havia Estado. Mas havia a família alargada. Pais, filhos, avós, tios e primos viviam ao lado uns dos outros. De forma que, se um parente estivesse em riscos de passar fome, os outros estavam lá para ajudar. Se uns miúdos perdessem os pais (por doença), os tios e os avós tomavam conta deles.
Com a industrialização e a migração maciça para as cidades, a família alargada estilhaçou-se. Os mais velhos ficaram nas vilas e nas aldeias e os mais novos emigraram para as cidades (mas separados uns dos outros).
Daí ter aparecido o Estado Social. As pessoas descontam um x do seu salário para que o Estado, nos momentos difíceis, este esteja lá para os amparar.
É por isso que os Estados Unidos são a vergonha que são (os que mais gastam na saúde mas que estão em 150º lugar nos cuidados de saúde – porque as seguradoras comem tudo) e a Suécia é o que é. E não consta que na Suécia haja falta de iniciativa privada ou de menor produção de riqueza…
Caro Diogo,
Vai desculpar-me se não entro em campeonatos de atribuição de qualificativos. Mas não resisto a abanar a cabeça quando leio o raciocínio que expressou. Então o estado social surge por causa da industrialização e da diminuição da estrutura familiar??? Argumentos destes não encontram respaldo na História ou na Filosofia.
Bem, e a referência aos EUA e à Suécia... fico-me pelo abanar de cabeça.
Saudações,
LV
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