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A leitura deste último artigo de Doug Noland, de que aqui se publicam algumas passagens, é muito recomendada. Pleno de realismo não deixa, porém, de causar inquietação. Isto porque ao discurso e à discussão pública falta considerar as consequências do que já se fez e se continua a fazer - política e economicamente. E esse raciocinar pela metade está a ter sucesso. O entorpecimento é generalizado. Mas, não tenhamos dúvidas, as "soluções mágicas" estão traçadas e serão apresentadas num brilhante (e trágico) encadeamento. O guião está escrito, aguarda apenas o momento da sua encenação.
O lado mau de “fazer tudo o que for preciso” - Doug Noland - 17 de Outubro de 2014
"Alguém que não esteja realmente preocupado não percebe o que se está a passar.
Considero todo o cenário surreal. E, quanto mais as pessoas agem como se nada se passasse, mais preocupado fico. Por estranho que pareça, estes dias lembram-me a minha perplexidade quando estudava o período que conduziu à crise bolsista de 1929. Como é que foi possível não ver o que estava para vir? Como pôde toda a gente permanecer optimista – “num topo contínuo” – face àquilo que, posteriormente, era tão óbvio e perturbador: uma deterioração do mercado e das perspectivas da economia global.
Penso tantas vezes numa citação desse período: “toda a gente estava determinada em manter a posição, mas a posição cedeu”. Podem as palavras dos governadores dos bancos centrais, por esse mundo fora, manter a posição em que estamos?
Hoje em dia há uma extraordinária divergência de opiniões – dois mundos, no fundo – há duas visões opostas de como as coisas funcionam. Ao tirarmos os óculos de lentes coloridas a rosa, o mundo apresenta-se como um lugar assustador. Mas, enquanto os mercados continuarem em alta, os óculos continuarão postos.
Na passada quinta-feira [16 de Outubro do corrente ano - NT] com os mercados europeus a deslizar e o valor das acções americanas a afundar, o presidente do balcão de St. Louis da Reserva Federal James Bullard começara a dar uma entrevista no canal Bloomberg. A manchete da Bloomberg (às 10.25h): “Bullard diz que a Reserva Federal deve considerar um adiamento do fim do programa de apoio e injecção de liquidez.” Os mercados, que estavam nervosos, estavam à espera de um sinal de que o apoio da Reserva Federal se manteria. Desde as 10.18h, em que o mercado estava no vermelho, o índice S&P500 registou uma subida de 3,4%. (...)
Os optimistas estão concentrados na Reserva Federal (e nos seus aliados) e na sua capacidade de suportar os mercados – facilitamento quantitativo ao infinito [QE ao infinito - NT]. Por mim, restava-me sorrir quando na véspera li a manchate do britânico Telegraph: “Economia mundial está tão danificada que pode precisar de apoio permanente”.
Será que alguém se dá ao trabalho de perguntar quem o danificou?
Alguém que não esteja realmente preocupado não percebe o que se está a passar.
Draghi, que fazes tu afinal?
Draghi, que fazes tu afinal?
1 comentário:
Dalai Lima
Isto começou tudo porque o Constâncio não regulava bem.
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