sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A necessidade de um novo sistema de crenças

Políticas Monetárias e Sociedade
por William White (Banco de Pagamentos Internacionais - BIS)

Um dia depois de o BCE ter conferido mais velocidade, mais ritmo à queda das fichas com o seu "aliviar" quantitativo, propõe-se uma apresentação recente de White. Esta sua digressão é, simultaneamente, um balanço e uma visão prospectiva. Tenha-se em consideração que White faz parte dos altos quadros do BIS (OCDE também), logo, a sua visão é uma visão de dentro do sistema. Julgo, inclusive, que tem feito aconselhamento estratégico à chanceler Merkel.

A apresentação segue, de um modo alargado, os seguintes tópicos:
- Principais orientações do pensamento económico
- O sistema de crenças e valores de muitos dos agentes do sistema (relações endogâmicas entre a banca, o poder político, os reguladores e os bancos centrais)
- As consequências das políticas monetárias
- As insuficiências palpáveis das políticas fiscais e dinâmicas do jogo político
- Os agentes estruturais não mediram bem o que implicavam certas ideias de origem académica – necessidade de mudança do sistema de crenças e interacções
- As relações entre o poder, a criação de moeda e a dívida (armadilha da dívida)
- Os ciclos económicos e políticos – a democracia e as eleições (diferimento de soluções difíceis)
- Os sistemas complexos, as interacções e as necessidades de reforma institucional – acomodando uma nova ética e novos valores
- moedas alternativas, bitcoins e reserva de valor
- a concluir William White confessa: “durante a crise, que ainda atravessamos, não aprendemos nada”.

Votos de um excelente fim-de-semana.

2 comentários:

JS disse...

Vale a pena, para quem gosta.Obg.

-Interessante a menção à sequência:
Money ==> Power ==> Legislation. Tudo acaba por ser irrepreensivelmente "legal".

-E ainda que da interacção entre "Politicians and Voters: voters wanting easy answers get the governments they deserve."
Greetings.

LV disse...

Caro JS,

Folgo que o visionamento tenha sido útil. A sequência que sublinhou é, de facto, a evidência da "roda de hamster" em que nos encontramos. Quanto ao reconhecimento de que temos os governos que merecemos é, por muito que nos custe, correcto.
Mas o que me toca mais é que White não é um crítico ou um "outsider", um estranho dos centros nevrálgicos do poder. Das grandes dinâmicas entre os poucos centros de poder global.
E se a manifestação da evidência da relação entre o dinheiro (moeda, pois é de papel que falamos aqui), o poder e a produção legislativa vinda de White é corajosa. Já quanto aos governos e votantes... pressinto uma ironia mal dirigida. É que é esta gente que "orienta" - de cima e sem nenhum respaldo democrático - as forças governativas e políticas dos diversos centrões partidários por esse mundo fora.
É isso que me intriga.
E que esta gente - veja-se Greenspan, por exemplo, ou o anterior governador do BdInglaterra) venha dando entrevistas e palestras a referir-se deste modo às dinâmicas que prevalecem... são factos curiosos, sem dúvida. Mas perturbantes.
Serão estes agentes os "Missionários" que começam a dizer o que ninguém tem coragem de reconhecer?
As rachas estão visíveis. É que concluo.

Saudações e bom início de semana,
LV