terça-feira, 30 de junho de 2015

Para além da Europa e dos seus cismas

Entretanto noutras geografias deste mundo, alguém terá assinado (ontem mesmo!) por Portugal e, aceitando os princípios e regras fundadoras da instituição, comprometido o contribuinte português a entregar 65 milhões de dólares correspondentes a 650 acções do AIIB. Alguém discutiu alguma coisa acerca disto? Algum representante foi mandatado para assumir este compromisso?
Estando a república na situação complicada quanto à saúde das suas finanças, pergunto-me de onde terá surgido o desafogo para este investimento. Será que pode estar relacionado com a hipoteca das nossas reservas de ouro?
Deve ser isto a que muitos chamam Democracia.
Seguir algumas das novidades pela imprensa chinesa aqui.

Foto daqui

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Radar

Uma visão integrada do estado das coisas à escala global - economia, política e finança - por Jim Rickards.
Concorde-se ou não com todas as teses que defende, o enquadramento que apresenta é muito credível e consequente.
Siga-se, atentamente, a descrição dos diferentes momentos da Grande Narrativa em pouco mais de seis minutos.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Citação do dia (188)

Hoje, um punhado de governos usa o sistema Big Data (megadados) para identificar padrões comportamentais individuais para que alguns indivíduos sejam aniquilados.
Hoje, um punhado de fundos de risco usa essa mesma tecnologia para identificar padrões comportamentais dos investidores para que certos concorrentes sejam aniquilados.
Hoje, o sistema Big Data é, em primeiro lugar, um instrumento de recolha de informação social com um poderoso, ainda que intermitente, impacto naqueles indivíduos que são o alvo de um ataque de drones (aeronaves não pilotadas) ou investidores a tentar finalizar um determinado negócio.

Amanhã, um punhado de governos vai influenciar comportamentos e dinâmicas políticas, de um modo agregado, através da disseminação de pequenas informações que o sistema Big Data lhes dirá que será voluntariamente amplificado por determinados indivíduos, por forma a dinamizar “acções populares” de dimensão generosa, duração prolongada e origem difusa.
Amanhã, um punhado de fundos de risco vai influenciar “movimentos no mercado”, através da promoção de pequenas transacções que o sistema Big Data lhes dirá que será voluntariamente amplificado por alguns investidores, por forma a despoletar “dinâmicas conjunturais do mercado” de dimensão generosa, duradoura e cuja fonte seja, justamente, anónima.
Amanhã, o sistema Big Data será, essencialmente, um instrumento de controlo social ubíquo com um impacto poderoso em qualquer cidadão ou investidor.


Alguma informação acerca da tecnologia Big Data - ver aqui.

O amanhã é já hoje. Duvida? Mesmo?

sábado, 13 de junho de 2015

Radar

Uma das empresas europeias de venda e guarda de ouro - a GoldBroker - deu início (hoje mesmo!) a um serviço noticioso dedicado aos assuntos relacionados com o mercado do ouro.
Desejamos a este projecto as maiores felicidades. Seremos, seguramente, espectadores interessados.
Actualização: o estado do Texas aprovou a construção de um depósito estadual para o ouro e vai pedir a transferência, do balcão da FED de Nova Iorque para esse novo depósito, da totalidade das suas reservas do metal precioso.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Cogitações (2)

Os actos de rebelião podem variar, mas ver televisão não é, certamente, um deles. Pelo contrário, o que observamos é um acto de consentimento, um acto de aceitação do mundo enquanto ele se torna virtual, enquanto mutação de uma realidade ficcional que se vai fazendo mundo.
O politicamente correcto que vive através de e por este mundo vai, aos poucos, preparando-nos para a aceitação da violência politicamente correcta. Esta mutação – real, intensa e diária-, opera o seu sucesso último quando dela participamos por uma desistência moral, que começou por ser onírica, mas que se torna efectiva e dolorosa.
Terrivelmente visível na perseguição da heterodoxia, na indiferença face ao sofrimento e à mentira.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Será que toda a gente sabe?

"As políticas dos Bancos Centrais correspondem a piscar para a direita, mas virar à esquerda."

As novas políticas dos Bancos Centrais

Com a coordenação de Robert Johnson, neste longo vídeo, procuram-se analisar as novas dimensões das acções e intenções das instituições que têm o nome de Bancos Centrais. Através do suporte quantitativo, os intervenientes constroem os movimentos da evolução dessas instituições, assinalando, especialmente, a mutação de infraestrutura de salvaguarda para o papel de agentes activos na construção e promoção dos mercados.
Num segundo momento da conferência, foca-se a reflexão nas consequências das acções dos Bancos Centrais ao plano global. E essa reflexão, segundo Andrew Sheng tem de passar pela admissão da manipulação implícita na acção e discurso público dos seus responsáveis, em particular na dissimulação das crescentes desigualdades sociais e económicas. Essa reflexão é enriquecida pela referência aos derivativos, às novas tecnologias, as novas “moedas” que os Bancos Centrais não controlam e os mercados emergentes.

terça-feira, 2 de junho de 2015

A Idade do Cientismo não se recomenda

Voltando a insistir no tema abordado aqui e aqui recentemente (ver também caixa de comentários), via Rob Dreher, um excerto do editorial da edição de Abril último do jornal médico The Lancet, a publicação regular reconhecidamente mais prestigiada da profissão médica na Grã-Bretanha (tradução e itálicos meus):
«O caso contra a ciência está claro: grande parte da literatura científica, quiçá metade, poderá simplesmente não ser verdadeira. Afligida por estudos com pequenas amostras, efeitos minúsculos, análises exploratórias inválidas e flagrantes conflitos de interesses, a que se alia uma obsessão para prosseguir tendências em moda de importância duvidosa, a ciência tomou o rumo da escuridão. Como referiu um participante, "com métodos pobres conseguem-se resultados". A Academia de Ciências Médicas, o Conselho para a Investigação Médica e Biotecnologia e o Conselho para a Investigação das Ciências Biológicas emprestaram agora o seu peso reputacional a uma investigação sobre estas práticas questionáveis de investigação. O aparente carácter endémico de má conduta em investigação é alarmante. Na busca de uma história convincente para contar, os cientistas esculpem com demasiada frequência os dados para os ajustar à sua teoria preferida do mundo; ou ajustam retroactivamente as hipóteses para acomodar os dados de que dispõem. Os editores dos jornais médicos também merecem a sua quota-parte de críticas. Nós ajudamos e incentivamos os piores comportamentos. A nossa aquiescência ao "factor impacto" alimenta uma concorrência pouco saudável para ganhar um lugar num número muito reduzido e selecto de revistas. O nosso amor pela "significância" polui a literatura com muitas estatísticas que são contos de fadas. Rejeitamos confirmações importantes. Os jornais não são os únicos escroques. As universidades vivem numa luta perpétua por dinheiro e talento, objectivos que fomentam métricas redutoras, tais como a publicação de grande impacto. Os procedimentos nacionais de avaliação, tais como o Quadro de Excelência da Investigação, incentivam as más práticas. E os cientistas individuais, incluindo os seus dirigentes mais séniores, pouco fazem para alterar uma cultura de investigação que ocasionalmente bordeja a prática profissional grave.»