terça-feira, 11 de outubro de 2011

Economia e modelos matemáticos (2)

George Monbiot, o arqui-ambientalista recentemente convertido aos benefícios da energia nuclear para fins de produção de electricidade, assina um artigo hoje no Guardian sob o sugestivo título: It's in all our interests to understand how to stop another Great Depression.

Conta Monbiot que, perseguindo o objectivo expresso no título do artigo, foi assistir a uma palestra sobre o teorema de Sonnenschein–Mantel–Debreu. Confessa não ter compreendido tudo o que foi transmitido e que, nomeadamente, "a equação diferencial descrita em 41 linhas" o deixou algo abalado. Porém, a presença do economista australiano Steve Keen revelou-se como uma autêntica epifania para Monbiot até porque, para mais, terá sido "um dos poucos" economistas que previu a emergência da crise financeira. [Um parêntesis, a propósito, para fazer notar como os mainstream media são tão avessos a reconhecer que uma escola inteira de economistas - a Austríaca - "adivinhou" a vinda dessa crise (basta passar pelo mises.org para perceber isso); claro está que se o fizessem seria difícil evitar as consequências desse reconhecimento pois já não se trataria de reconhecer os individuais "génios", mas antes uma "genial" teoria.]

O fascínio "cientista" dos modelos de equilíbrio geral (como é o caso do mencionado por Monbiot), irremediavelmente inacessível ao comum dos mortais por impressionantes construções matemáticas (modelos) com muitas equações diferenciais a muitas variáveis (mas, note-se, sem constantes, exactamente as que as leis da Física estabelecem), esconde a vacuidade que os mesmos têm para a compreensão das relações de "causa" e "efeito" que presidem intemporalmente à expressão da Acção Humana (como hoje bem recordava Bob Wenzel):
It is only the passionate pro-socialist zeal of mathematical pseudo-economists that transforms a purely analytical tool of logical economics into an utopian image of the good and most desirable state of affairs.

Ludwig von Mises, Theory and History
(Também publicado no Estado Sentido)

Sem comentários: