sábado, 14 de junho de 2014

A bolsa ou a vida

Considerando a blogosfera nacional, há quem escreva com muita qualidade sobre a actual realidade financeira, económica e política. Essas análises podem partir de pressupostos ideológicos muito diversos, mas há um ponto fundamental que partilham. Mesmo se o fazem segundo discursos que dão, a esse elo, tonalidades e intensidades diferentes.
Estou a fazer referência à natureza intrinsecamente boa do estado e da acção dos seus agentes. O pequeno vídeo que a seguir se apresenta demonstra que, não obstante as delicadas arquitecturas de "controlo e balanço" das instituições políticas, estando os incentivos presentes pela própria natureza monopolizadora do estado, o Mal não pode deixar de ter lugar.
Um breve enquadramento do convidado de Bill Moyers: Neil Barosfky é procurador federal e foi escolhido por Obama para acompanhar o TARP. Arrisco que o convidado partilharia do consenso que assinalei atrás, mesmo se viu, por dentro, esse Mal.
Que trilogia é sugerida por este pequeno vídeo?

7 comentários:

Eduardo Freitas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Freitas disse...

Luís,

Entre as suas cartas - "The Letters of J. R. R. Tolkien" - há uma em que Tolkien, ao tentar responder às indagações do seu editor quanto ao simbolismo presente em "O Senhor dos Anéis", adianta: "... fazer do livro uma alegoria do nosso tempo... uma alegoria do destino inevitável que aguarda todas as tentativas de derrotar o mau poder através do poder."

Saudações

LV disse...

Eduardo,

De facto, recentemente fiz uma referência directa ao poder que tudo corrompe simbolizado no Olho de Sauron. E desconhecia essa dimensão de Tolkien, de explorador das raízes da luta pelo poder. Ainda que isso esteja claro nos filmes que se realizaram a partir da sua obra.
Neste artigo, estava, num registo mais realista, a referir-me ao "Padrinho". A trilogia que Coppola realizou a partir de Puzo.
Daí "a bolsa ou a vida" no título. Ou, num registo que prefiro mais: o ouro ou o chumbo.
A diferença é que, a partir da passagem que me deu a conhecer, o poder do estado derrota quem o exerce durante algum tempo. No entanto, trata-se de uma mudança de personagens, já que a estrutura, a trama do guião mantém-se. E é aqui que o vídeo é lapidar: mudaram-se os agentes (da administração de Bush para a de Obama), mas o Mal permanece. Talvez melhor disfarçado, mas mantém-se.

Saudações e boas leituras,
LV

JS disse...

Excelente "post" e "video".
A vida não está fácil para ninguém. No "social pyramid climbing" a vertente menos inclinada, a que tem elevador e tudo, inclui certos custos morais ... para quem se dá a esse luxo. Parece que ainda há quem tente a outra face, da montanha....
Saudações.

LV disse...

JS,

Veja-se aqueles que, por cá, andaram de "elevador" tantos anos (banqueiros nacionais) e agora (depois de evacuados do seu posto) dá-lhes para falar "do desplante" de quem ocupou o seu lugar. No elevador dos interesses de estado.
A vida não está, efectivamente, nada fácil.
Saudações,
LV

LV disse...

JS,

Esqueci-me de juntar a ligação para acompanhar o comentário anterior. Veja-se onde vai o falatório: http://observador.pt/opiniao/os-banqueiros-regime-aprenderam-falar/

LV

JS disse...

LV. Obg. Curiosa a fauna que, também por cá, no "democrático" pós-25-do-4, acorreu e tem povoado os palácios dos poderes. Sem dúvida um interessante espectáculo o que o sistema vigente gerou.
Diógenes, no entanto, há muito que teria, com desalentado gesto, apagado a lamparina.