Assisti, observando uma recatada distância, aos vigorosos protestos das entidades domésticas "produtoras de ciência" que se sentiram injustamente excluídas da fatia do orçamento do estado a que julgavam ter "direito" alegando deficiências no processo de avaliação encomendada pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia. O meu propósito não é o de questionar a bondade (ou falta dela, de tal processo - não tenho competência para tal. Todavia, não consigo - é superior a mim mesmo - deixar de achar estranhíssima a escala de avaliação utilizada ainda que saiba que ela é internacionalmente utilizada: "Insuficiente", "Razoável", "Bom", "Muito Bom", "Excelente" e "Excepcional". Mas com uma tal escala é de estranhar, neste país de excelência, que mais de 55% das 322 instituições avaliadas ocupem os três últimos graus da escala, por sinal aqueles que conferiam o "direito" ao bolo orçamental relevante? E ainda há quem se admire com a inflação nas classificações dos alunos ("grade inflation") dos bancos da escola primária até à universidade? Enfim.
Vem este longo intróito a propósito da recente decisão tomada pelo governo britânico de dotar o Met Office (uma agência estatal do Reino Unido) de um novo supercomputador, com o custo de 125 milhões de euros, para melhorar a qualidade das previsões meteorológicas e da "evolução do clima" a 100 anos de distância (!). Isto, cinco anos depois de os contribuintes britânicos terem pago 40 milhões de euros por um outro supercomputador invocando os mesmíssimos motivos. Um breve fact-checking referente à qualidade das previsões "climáticas" do Met Office - um dos mais notáveis centros de difusão alarmista do aquecimento global - nos últimos 10 anos, permite legitimar sérias dúvidas da sua razoabilidade, embora saiba que, nos tempos que correm, é uma heresia passível de excomunhão irrevogável duvidar da bondade de todo e qualquer "investimento em ciência". Para o efeito, irei socorre-me da excelente memória de Christopher Booker:
«Em 2004, [o Met Office] previu que o mundo em 2014 aqueceria 0.8ºC e que em 4 dos 5 anos após 2009 seria batido o recorde alcançado em 1998, "o ano mais quente de sempre". Em 2007, o computador do Met Office previu que aquele seria "o ano mais quente de sempre", justamente antes de as temperaturas globais terem baixado 0.7ºC, o equivalente a todo o aumento verificado no século XX. O Verão iria ser "mais seco que a média", precisamente antes das piores cheias de sempre.
Imagem daqui
De 2008 a 2010, os modelos previram consistentemente "Invernos mais quentes que a média" e "Verões mais quentes e secos que a média": três anos em que a maior parte do hemisfério norte registou recordes de frio e neve; no Reino Unido, salientando-se o prometido Verão de "churrasco" de 2009, verificaram-se Verões mais chuvosos e frescos do que o habitual. Um triunfo particular foi alcançado, em Outubro de 2010, quando foi anunciado que o Inverno iria ser "2ºC mais quente que a média", justamente antes do mais frio mês de Dezembro verificado desde que se iniciaram os registos em 1659.
Em Novembro de 2011, as previsões fornecidas pelos modelos computacionais apontaram para que as temperaturas subissem nos 5 anos subsequentes até cerca de 0.5ºC da média verificada entre 1971-2000, uma previsão tão embaraçante que, um ano depois, foi removida do website do Met Office (...) Em 2012 disseram, uma vez mais, que a Primavera iria ser "mais seca que a média", justamente antes de um mês do Abril mais chuvoso de que havia memória. Em Novembro do ano passado, o computador previu que os meses de Inverno seriam "mais secos do que o habitual" - sucederam-se os três meses mais chuvosos alguma vez registados. E hoje, podemos aferir o sucesso da previsão de 2004 (...) quando as temperaturas não registam nenhum acréscimo desde há 18 anos atrás nem ocorreu nenhum ano mais quente que o de 1998.
Evidentemente que a principal razão por que o Met Office se tornou em algo muito pior do que numa mera piada nacional é o facto de os seus modelos estarem programados para reflectir que o principal factor determinante da evolução climática seja a crescente [concentração de CO2 na atmosfera].»
1 comentário:
Este ano houve temperaturas na zona de Bristol que nunca se tinham lá visto(Testemunhos presenciais).
Claro que as corporações por vezes pensam com o umbigo , e no caso relatado é mesmo vergonhoso e ridiculo a posição e argumentação dos "compadres"
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