terça-feira, 24 de março de 2015

Em defesa, também moral, dos combustíveis fósseis

Mesmo quando não se concorda integralmente com Matt Ridley, é sempre um prazer lê-lo. Erudição, fluência narrativa e uma insuperável elegância são traços que o caracterizam. A acrescentar também, evidentemente, o optimismo "racional" que o próprio reivindica num tempo de onde ele me parece arredado e que eu próprio, devo confessar, nem sempre consigo adoptar. No texto que constituí a minha proposta de hoje, Ridley não foge ao seu registo habitual e - que diferença, caros leitores, para os alarmistas de profissão e conveniência! - constrói o caso que justifica o título do post (que mais não é que uma paráfrase do do seu artigo) com sistemático rigor de onde não está ausente um saudável "cepticismo metodológico" ou, pelo menos, a humildade de quem sabe poder não ter razão. Uma referência adicional para sublinhar a importância que também atribuo ao recente livro de Alex Epstein - The Moral Case For Fossil Fuels - que Ridley menciona e que já ocupou durante uns dias a vitrina das leituras aqui no blogue.

Continuação de uma boa semana.

22 de Março de 2015
Por Matt Ridley


Nos anos recentes, o movimento ambientalista avançou três argumentos para justificar o abandono dos combustíveis fósseis: (1) que, em qualquer caso, dentro em breve se esgotarão; (2) que as fontes alternativas de energia irão arredá-los, pelo preço, do mercado; e (3) que não podemos arcar com as consequências da sua queima para o clima.

Matt Ridley
Nos dias que correm, nenhum dos três argumentos parece gozar de boa saúde. Na verdade, uma avaliação mais realista da nossa energia e situação ambiental sugere que, nas próximas décadas, iremos continuar a depender esmagadoramente dos combustíveis fósseis que têm contribuído de forma tão dramática para a prosperidade e progresso do mundo.

Em 2013, cerca de 87% da energia que o mundo consumiu proveio dos combustíveis fósseis, um número que, de forma notável, se manteve inalterado face a 10 anos antes. E que se divide, aproximadamente, em três categorias de combustível e três categorias de utilização: o petróleo, usado principalmente nos transportes, o gás no aquecimento e o carvão na geração de electricidade.

Ao longo deste período, o volume global de consumo de combustíveis fósseis aumentou dramaticamente, mas segundo uma tendência ambientalmente encorajadora: uma quantidade cada vez menor de emissões de dióxido de carbono por unidade de energia produzida. O maior contributo para a descarbonização do sistema energético tem vindo da substituição do carvão, de alto teor de carbono, pelo gás, de baixas emissões de carbono, na produção de electricidade.

A nível global, as fontes de energia renováveis como a eólica e a solar quase nada contribuíram para a redução nas emissões de carbono, e o seu modesto crescimento limitou-se a compensar o declínio da energia nuclear que não produz emissões. (O leitor deve saber que eu tenho interesses indirectos no carvão pelo facto de ser proprietário de terras no norte da Inglaterra em que se faz extracção do minério, mas, não obstante, eu aplaudo a substituição do carvão por gás nos anos recentes.)
O argumento segundo o qual os combustíveis fósseis se irão esgotar rapidamente morreu, pelo menos por uns tempos. O colapso do preço do petróleo ao longo dos últimos seis meses é o resultado da abundância: uma consequência inevitável dos altos preços do petróleo nos últimos anos, o que estimulou a inovação na fracturação hidráulica, perfuração horizontal, sismologia e tecnologias de informação. Os EUA - o país com os mais antigos e mais desenvolvidos campos de exploração de hidrocarbonetos - encontrou-se mais uma vez, surpreendentemente, no topo da liga dos produtores de energia, rivalizando com a Arábia Saudita no petróleo e com a Rússia no gás.

O génio do shale saiu da lâmpada. Mesmo que os baixos preços actuais venham a expulsar alguns produtores de custo elevado - no Mar do Norte, Canadá, Rússia, Irão e no offshore, bem como na América - os perfuradores do shale (frackers) podem regressar logo que os preços recuperem. Como Mark Hill, da Allegro Development Corporation, defendeu na semana passada, os frackers estão a passar actualmente pela sua própria versão da lei de Moore: a rápida queda, no custo e no tempo, que leva a perfurar um poço, juntamente com um rápido aumento no volume de hidrocarbonetos que são capazes de extrair.

E a revolução do shale ainda não se globalizou. Quando isso suceder, o petróleo e o gás das formações rochosas porosas darão ao mundo amplas reservas de hidrocarbonetos durante décadas, talvez séculos. À espreita, nos bastidores de novos avanços tecnológicos, está o hidrato de metano, uma fonte de gás no leito marítimo numa quantidade tal que excede em quantidade todo o carvão, petróleo e gás do mundo no seu conjunto.
Portanto, aqueles que prevêem a exaustão iminente de combustíveis fósseis limitam-se a repetir os erros da comissão presidencial dos EUA que em 1922 opinava que "a produção de gás já começava a diminuir. A produção de petróleo não poderá continuar por muito tempo ao ritmo actual". Ou o presidente Jimmy Carter, quando anunciou na TV em 1977 que "poderemos consumir todas as reservas provadas de petróleo no mundo inteiro até o final da próxima década".

O facto de os combustíveis fósseis serem finitos não passa de uma falsa questão. O oceano Atlântico é finito, mas isso não significa que haja risco de esbarrar na costa francesa caso se saia da barra de um porto no Maine. Os búfalos do Oeste americano eram infinitos, no sentido de que tinham a capacidade de se reproduzir, e todavia estiveram perto da extinção. Constitui uma verdade irónica que os recursos não renováveis nunca se tenham esgotado, ao passo que com os recursos renováveis - baleias, bacalhau, florestas, pombos-passageiros - tal aconteceu com frequência.

O segundo argumento para abrir mão dos combustíveis fósseis é que os novos rivais os irão expulsar em breve do mercado devido ao factor preço. Mas não é isso que está a acontecer. A grande esperança reside há muito na energia nuclear, mas mesmo que venha a haver uma corrida para construir novas centrais nucleares ao longo dos próximos anos, a maioria irá limitar-se a substituir as centrais já antigas que irão encerrar. A produção de energia nuclear do mundo caiu dos 6% do consumo mundial de energia em 2003, para os 4% de hoje. As previsões apontam para que regresse aos 6,7% em 2035, de acordo com a Energy Information Administration.

O problema do nuclear é o custo. Em resposta às preocupações de segurança dos ambientalistas, os políticos e reguladores acrescentaram requisitos de mais betão, aço e tubagens, e ainda mais juristas, papelada e tempo adicionais. O efeito foi o de fazer das centrais nucleares lentos elefantes brancos de onde a experimentação e a concorrência estão ausentes para que os custos se pudessem reduzir. O nuclear, hoje, só é capaz de competir com os combustíveis fósseis quando é subsidiado.

Quanto às energias renováveis, a hidroeléctrica é a maior maior e a mais barata, mas é a que tem a menor capacidade de expansão. As tecnologias relativas à energia das ondas e das marés continuam incomportáveis no custo e não são nada práticas, e a maioria dos especialistas acha que essa condição não irá mudar tão cedo. A geotérmica é, por enquanto, um actor menor. E a bioenergia - isto é, a madeira, o etanol produzido a partir do milho ou da cana-de-açúcar, ou o diesel a partir do óleo de palma - está a revelar-se um desastre ecológico: incentiva a desflorestação e a subida vertiginosa dos preços dos alimentos com efeitos devastadores entre os pobres, e, por unidade de energia produzida, cria ainda mais dióxido de carbono que o carvão.

A energia eólica, apesar de todo o dinheiro público gasto na sua expansão, representou - surpresa! - 1% do consumo energético em 2013. A solar, apesar de toda a excitação, nem sequer chegou a isso: se se fizer o arredondamento ao número inteiro mais próximo, é responsável por 0% do consumo de energia.

Tanto a eólica como a solar estão inteiramente dependentes de subsídios para alcançarem a viabilidade económica que hoje têm. A nível mundial, as subvenções concedidas à energia renovável atingem actualmente cerca de 10 dólares por Gigajoule [unidade de medida de energia – NT]: estes montantes são pagos pelos consumidores aos produtores, pelo que tendem a ir dos pobres para os ricos, frequentemente para os proprietários rurais (eu sou um deles e posso testemunhar o que recebo para além de recusar muitas ofertas isentas de risco de eólicas e subsídios para a solar).
É verdade que alguns países subvencionam a utilização de combustíveis fósseis, mas fazem-no com uma subsidiação muito menor - a média mundial é de cerca de 1,20 dólares por Gigajoule - e na maior parte dos casos os subsídios são atribuídos aos consumidores (não aos produtores), pelo que tendem a ajudar os pobres, para quem os custos de energia constituem uma parcela desproporcional das suas despesas.

Os custos das energias renováveis têm vindo a baixar, particularmente no caso da solar. Mas mesmo que os painéis solares fossem grátis, a energia por eles produzida teria de competir com o combustível fóssil - à excepção de localizações com muito sol - devido a todos os custos de capital em equipamentos que são necessários para concentrar e fornecer a energia. Isso para não falar das grandes extensões de terreno sobre as quais as instalações têm que ser construídas e do custo de deter geradores convencionais suficientes para assegurar o abastecimento numa noite escura, fria, e sem vento.

Os dois principais problemas que as energias renováveis enfrentam residem no muito espaço que exigem e na muito reduzida produção de energia. Considere-se o Solar Impulse, o avião movido a energia solar que está agora a voar em torno do mundo. Apesar de sua enorme envergadura (similar à de um 747), a velocidade lenta e as paragens frequentes, a única carga que ele transporta é a dos próprios pilotos. Essa é uma boa metáfora para as limitações das renováveis.

Fazer funcionar a economia dos EUA exclusivamente com eólicas exigiria um parque eólico com uma extensão equivalente ao Texas, Califórnia e Novo México no seu conjunto - auxiliados por gás nos dias sem vento. Para o conseguir usando madeira, tal exigiria uma floresta que cobrisse dois terços dos EUA e fosse continuamente plantada e abatida.

John Constable, que irá chefiar um novo Instituto de Energia da Universidade de Buckingham no Reino Unido, assinala que o fio de energia que os seres humanos conseguiram extrair do vento, água e madeira antes da Revolução Industrial limitou em muito o desenvolvimento e o progresso. A labuta incessante dos trabalhadores agrícolas gerava um tão pequeno excedente de energia, sob a forma de alimento para os homens e animais de tracção, que a acumulação do capital, de máquinas por exemplo, foi dolorosamente lenta. Até aos finais do século XVIII, esta economia desprovida de energia era apenas suficiente para enriquecer a vida diária a uma fracção da população.

A nossa velha inimiga, a segunda lei da termodinâmica, é aqui o problema. Como o quarto de um adolescente geralmente ilustra, quando se deixam as coisas entregues a si mesmas, tudo no mundo se torna menos ordenado, mais caótico, tendendo para a "entropia", ou equilíbrio termodinâmico. Para reverter esta tendência e fazer algo complexo, ordenado e funcional requer trabalho. Requer energia.

De quanta mais energia se dispuser, mais intrincado, poderoso e complexo se poderá construir um sistema. Tal como o corpo humano precisa de energia para ser ordenado e funcional, o mesmo sucede com as sociedades. Nesse sentido, os combustíveis fósseis foram um avanço único porque permitiram aos seres humanos criar padrões extraordinários de ordem e complexidade - máquinas e edifícios - para melhorar as suas vidas.

O resultado deste grande impulso energético é o que a historiadora económica e filósofa Deirdre McCloskey designa de Grande Enriquecimento. No caso dos EUA, houve aproximadamente um aumento de 9,000% no valor dos bens e serviços disponíveis para o americano médio desde 1800, cuja quase totalidade é feita com, feita de, alimentada por ou movida a combustíveis fósseis.

Ainda assim, mais de mil milhões de pessoas no planeta têm ainda que conseguir acesso à electricidade e experimentar o salto nos padrões de vida que a energia abundante traz consigo. Isto não é apenas uma inconveniência para eles: a poluição do ar interior provocada pelos fogos de madeira mata quatro milhões de pessoas por ano. Na próxima vez que alguém, numa manifestação contra os combustíveis fósseis, vier transmitir-vos a sua preocupação para com o destino dos seus netos, mostrem-lhe uma imagem de uma criança africana a morrer hoje por inalação da sujidade densa de um fogo fumarento.

Observem-se, igualmente, as formas como os combustíveis fósseis têm contribuído para a preservação do planeta. Como o autor norte-americano e defensor dos combustíveis fósseis Alex Epstein salienta no seu livro, corajosamente à margem da moda, "O Caso Moral em Defesa dos Combustíveis Fósseis", o uso de carvão parou e depois inverteu a desflorestação da Europa e da América do Norte. A viragem para o petróleo parou a matança de baleias e focas no mundo em busca da sua gordura. Os fertilizantes fabricados com gás reduziram para metade a quantidade de terra necessária para produzir uma dada quantidade de comida, alimentando assim uma população crescente enquanto poupavam terra para a natureza selvagem.

Para desistir destes imensos benefícios económicos, ambientais e morais teria de haver uma razão muito boa. Aquela que é hoje mais frequentemente invocada é a de que estamos a destruir o clima do planeta. Mas será isso verdade?

Embora o mundo tenha certamente aquecido desde o século XIX, o ritmo desse aquecimento tem sido lento e errático. Não houve nenhum aumento na frequência ou gravidade das tempestades ou secas, nenhuma aceleração da subida do nível do mar. O gelo do mar Ártico diminuiu, mas o do mar Antárctico aumentou. Paralelamente, os cientistas estão de acordo que o dióxido de carbono extra no ar tem contribuído para uma melhoria no rendimento das culturas e um aumento de cerca de 14% na quantidade de todos os tipos de coberto vegetal no planeta desde 1980.

Que as emissões de dióxido de carbono devam provocar aquecimento não é uma ideia nova. Em 1938, o cientista britânico Guy Callender pensou que já podia detectar aquecimento em resultado das emissões de dióxido de carbono. Reconheceu, porém, que isso "provavelmente se iria mostrar benéfico para a humanidade" ao fazer deslocar para norte a área onde o cultivo era possível.

Somente nas décadas de 1970 e 1980 é que os cientistas começaram a dizer que o ligeiro aquecimento esperado em consequência directa da queima de combustíveis fósseis - aproximadamente um grau Celsius com a duplicação da concentração do dióxido de carbono na atmosfera - poderia ser muito amplificado pelo vapor de água daí resultando um aquecimento perigoso de dois a quatro graus por século ou mais. Esta assumpção de "feedback" de alta "sensibilidade" permanece incorporada em praticamente todos os modelos matemáticos utilizados até hoje pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU, ou IPCC.

E, no entanto, é cada vez mais provável que ela esteja errada. Como Patrick Michaels, do libertário Instituto Cato escreveu, desde 2000, 14 artigos científicos sujeitos a revisão científica pelos pares, publicados por 42 autores, muitos dos quais são contribuidores dos relatórios do IPCC, concluíram que a sensibilidade climática é baixa porque os efeitos líquidos de feedbacks são modestos. Eles chegam a esta conclusão baseados nas alterações observadas nas temperaturas, na captação térmica dos oceano e no equilíbrio entre emissões que aquecem e arrefecem (principalmente aerossóis de sulfato). Em média, estimam que a sensibilidade seja 40% menor do a que os modelos do IPCC se baseiam.

Se estas conclusões estiverem correctas, elas explicariam o porquê da superfície da Terra não ter aquecido tão rapidamente como previsto ao longo dos últimos 35 anos, numa altura em que - apesar dos níveis de dióxido de carbono terem aumentado mais rapidamente do que o esperado - o ritmo de aquecimento nunca atingido sequer dois décimos de um grau por década e ter abrandado virtualmente para zero nos últimos 15 a 20 anos. Esta é uma das razões que levou a que o mais recente relatório do IPCC não contivesse uma "melhor estimativa" da sensibilidade e que tenha baixado a sua estimativa de aquecimento de curto prazo.

A maioria dos cientistas climáticos continuam relutantes em abandonar os modelos e consideram que o "hiato" actual se limitou a adiar o rápido aquecimento. Um ponto de viragem para um perigosamente rápido aquecimento poderia estar ao virar da esquina, apesar de, por esta altura, já se deveria ter evidenciado. Portanto, seria prudente fazer algo para reduzir as nossas emissões, contanto que esse algo não prejudique os pobres e aqueles que estão a lutar para alcançar um padrão de vida moderno.

Deveríamos encorajar a substituição do carvão pelo gás na geração de energia eléctrica, proporcionar incentivos à eficiência energética, voltar a pôr a energia nuclear sobre os carris e continuar a desenvolver a energia solar e o armazenamento de electricidade. Deveríamos também investir em investigação relativa à absorção do dióxido de carbono do ar, através da fertilização do oceano ou pela sua captura e armazenamento. Todas estas medidas fazem sentido. E há todas as razões para promover investigação "aberta" para encontrar uma inesperada nova tecnologia de energia.

Aquilo que não irá funcionar é a única coisa que o movimento ambientalista continua a insistir: subsidiar os abastados capitalistas de compadrio para construir esquemas de energia renovável de baixa densidade, de baixo desempenho, de capital intensivo, ávidos de terras, ao mesmo tempo que se diz aos pobres para desistirem do sonho de enriquecer pela via dos combustíveis fósseis.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Eduardo,

Realmente não consigo concordar integralmente com Matt Ridley, quer pela retórica argumentativa em alguns pontos utilizada quer pelas soluções apresentadas, nomeadamente o investimento no nuclear.

Pedia também, se não for inoportuno, que comentasse
esta curta.

Eduardo Freitas disse...

Caro inphinitorumdotcom,

Começo por lhe pedir desculpa pela demora com que lhe respondo.

O vídeo para que apontou enumera o argumentário (em termos ligeiros) contra o CO2 e, consequentemente, contra a acção humana, apontando-o como "a" causa para os desequilíbrios no sistema Terra advindos da queima de combustíveis fósseis.

Sem abordar a opção da energia nuclear (contra a qual, adianto, não tenho nenhum impedimento de princípio), creio que o texto de Ridley oferece um comentário muito melhor sobre o conteúdo do vídeo do que aquele que eu poderia fazer.
Acrescentaria apenas três notas:

(1) - Em sistemas complexos não lineares não me parece possível sequer conceber uma modelização que consiga traduzir essa complexidade. Ou seja, mesmo que seja possível, como o é há muito e ninguém o nega, demonstrar que, ceteris paribus, a "derivada parcial" de uma dada variável (no caso, a variação da temperatura face ao aumento da concentração de CO2) seja positiva (embora de crescimento logarítmico), isso de pouco vale para conseguir prever o funcionamento de todo o sistema. De facto é na discussão da magnitude dos efeitos de feedback que está o pomo de discórdia, daí resultando uma grande disparidade na avaliação da "sensibilidade climática".

(2) - É a sucessão de casos à volta do IPCC e envolvendo boa parte daqueles que nele têm contribuído (um número bem mais reduzido do que muitos imaginam) que, para um leigo como eu, mais faz por fragilizar a tese dos alarmistas. Como ontem mesmo se voltava a aludir no WUWT, o permanente reescrever do passado para sustentar uma tese crescentemente contestada é uma prática que nada deve à ciência e que só poderá estar ao serviço de uma agenda política.

(3) – É simples "explicar” o passado depois de ele ter ocorrido. Por isso, não nos devemos impressionar quando após "ajuste" de uns tantos parâmetros, o modelo disponível conseguir produzir uma interpolação linear que assim continua a "confirmar" a tese original. Esta é uma prática no mínimo incorrecto e, muito provavelmente, uma fraude. Em ciências naturais, a validade de uma teoria está dependente da sua capacidade preditiva, não do acomodamento a posteriori de comportamentos não antecipados.

Saudações,

Eduardo Freitas