quinta-feira, 30 de agosto de 2018
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Citação do Dia (205)
"Há um temor errante no coração do homem de hoje e que ele depositou no mais fundo da sua consciência; todavia, como um fumo ele se evade, como um hálito fino como a luz, ele pretende subir à superfície. É um temor que sobrevive a toda a justiça feita, a toda a voz propagada; dissolve o pensamento mais provado, transforma a acção mais firmemente conduzida, para atravessar intacto até ao carácter mais implacável. Aquele que percebeu uma vez o temor, mover-se nessa região de trevas que todo o homem transporta em si próprio, nunca mais deixa de o reconhecer em todos os passos da sua vida. Nunca mais medita, escreve, contacta com os amigos, desfia ou tece intrigas, viaja, regressa, atraiçoa ou convence, sem ter esse companheiro resoluto e suave pousado na sua orelha direita, no contorno do seu dedo indicador, na pálpebra fechada, no lábio pronto a falar. Uma vez pressentido o temor, o homem precipita-se na sua autêntica condição com uma vocação tão ardente que o mundo a que se adaptou se desintegra e a realidade o assalta como algo de dinâmico e que se inicia pela primeira vez.
Alheio à significação do espaço como paisagem, se não como propriedade, desviado do ciclo elementar da vida com os seus acasos e períodos detalhados, habituado a dispor da distância, da imagem e do segredo, o homem encontra-se agora mais incapaz de compreender o temor. E, ao eliminar a dificuldade, ampliou também o domínio do temor; ao desprevenir-se dos seus azares, fez-se, ao mesmo tempo, campo de atracção duma cabala fulminante.
Assim, o traumatismo do temor atinge proporções prodigiosas numa colectividade que, por exemplo, se organizou em moldes rigorosos para destruir erros e defender direitos que ninguém se ocuparia em contestar numa sociedade natural. Mas, quanto mais uma actividade substitui uma fé, mais essa actividade, por legal e razoável que seja, está sujeita a ser vítima duma desintegração que só a interferência do temor explica. O que primeiro parecia um privilégio acabrunha como um castigo, o que se praticou como lei toma a aparência de sevícia. O homem vê-se naufragado do seu próprio movimento, não controla mais nem a razão, nem os sentimentos. Perplexo na sua realidade, ele depara com a face terrível, e no entanto salvadora do temor."
Agustina Bessa-Luís, "O Ramo de Ouro" in Ensaios e Artigos (1951-2007), FCG.
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
terça-feira, 7 de agosto de 2018
Delícias de uma noite de Verão
"Contra o totalitarismo das maiorias e do politicamente correto"
Está fresco de dois dias o episódio por que passaram Stefan Molyneaux e Lauren Southern na Nova Zelândia. Ambos iniciaram uma digressão mundial de encontros em várias cidades para promover as suas ideias, pondo-as à prova em frente de um público. Depois de terem estado na Austrália, deslocavam-se para a Nova Zelândia, onde o próximo evento já estava esgotado. No entanto, a trupe do politicamente correto (armada com a força mais descarada e ilegítima) conseguiu impedir a realização desse evento.
Mas que evento seria esse que levou (vejam bem o alcance da loucura) o primeiro ministro a pronunciar-se, justificando o cancelamento de um evento que celebra a liberdade de expressão?
Os promotores possuem uma carreira na internet na promoção e discussão das contradições do politicamente correcto, bem como da promoção dos valores da Liberdade e da Justiça. O que decidiram fazer foi concretizar esse seu trabalho indo aos diferentes destinos dos seus ouvintes e, olhos nos olhos, discutir e testar as suas ideias. Ir ao terreno, falar com as pessoas e, com elas, comparar pontos de vista. De modo civilizado. Exercendo a liberdade de expressão.
Até recentemente isso era de uma elevação moral inatacável, certo?
Parece que o é cada vez menos. E ainda haverá quem se surpreenda.
Sem mais demoras, os dois vídeos que hoje se propõem dizem respeito a duas entrevistas que ambos fizeram a duas estações de televisão. No primeiro caso, a entrevista ocorre antes do evento programado para a Nova Zelândia e a segunda depois do lamentável episódio de censura.
Para além dos detalhes que Molyneaux partilha (noutro local) acerca das atrocidades por que passou a sua equipa na Nova Zelândia e que são o espelho da degradação a que se está a chegar nas sociedades ocidentais, os dois vídeos focam-se no penoso (mas fundamental) exercício de evidência do grau de preconceito e distorção que graça pelos meios de comunicação convencionais. E atenção os vídeos não são editados por Stefan ou por Lauren, são as entrevistas elas mesmas. Sem filtro. O espectador atento poderá, depois de pasmar, detectar o mal que graça nestes meios.
Aqui interessa-nos mais destacar o obscuro exercício do poder não legitimado que os meios de comunicação convencionais exercem nas respectivas sociedades. Na promoção de certas ideias (e perseguição insidiosa de outras!) e de certas visões do mundo que - simplificando - distorcem a verdade histórica e não têm qualquer preocupação com a coerência filosófica.
Nem tão pouco com os valores centrais da tradição Ocidental, de que estranhamente estas entidades se reclamam.
Estaremos atentos ao que, por baixo, está a ganhar temperatura e pressão? Mesmo?
Saudações aos nossos Leitores.
Está fresco de dois dias o episódio por que passaram Stefan Molyneaux e Lauren Southern na Nova Zelândia. Ambos iniciaram uma digressão mundial de encontros em várias cidades para promover as suas ideias, pondo-as à prova em frente de um público. Depois de terem estado na Austrália, deslocavam-se para a Nova Zelândia, onde o próximo evento já estava esgotado. No entanto, a trupe do politicamente correto (armada com a força mais descarada e ilegítima) conseguiu impedir a realização desse evento.
Mas que evento seria esse que levou (vejam bem o alcance da loucura) o primeiro ministro a pronunciar-se, justificando o cancelamento de um evento que celebra a liberdade de expressão?
Os promotores possuem uma carreira na internet na promoção e discussão das contradições do politicamente correcto, bem como da promoção dos valores da Liberdade e da Justiça. O que decidiram fazer foi concretizar esse seu trabalho indo aos diferentes destinos dos seus ouvintes e, olhos nos olhos, discutir e testar as suas ideias. Ir ao terreno, falar com as pessoas e, com elas, comparar pontos de vista. De modo civilizado. Exercendo a liberdade de expressão.
Até recentemente isso era de uma elevação moral inatacável, certo?
Parece que o é cada vez menos. E ainda haverá quem se surpreenda.
Sem mais demoras, os dois vídeos que hoje se propõem dizem respeito a duas entrevistas que ambos fizeram a duas estações de televisão. No primeiro caso, a entrevista ocorre antes do evento programado para a Nova Zelândia e a segunda depois do lamentável episódio de censura.
Para além dos detalhes que Molyneaux partilha (noutro local) acerca das atrocidades por que passou a sua equipa na Nova Zelândia e que são o espelho da degradação a que se está a chegar nas sociedades ocidentais, os dois vídeos focam-se no penoso (mas fundamental) exercício de evidência do grau de preconceito e distorção que graça pelos meios de comunicação convencionais. E atenção os vídeos não são editados por Stefan ou por Lauren, são as entrevistas elas mesmas. Sem filtro. O espectador atento poderá, depois de pasmar, detectar o mal que graça nestes meios.
Aqui interessa-nos mais destacar o obscuro exercício do poder não legitimado que os meios de comunicação convencionais exercem nas respectivas sociedades. Na promoção de certas ideias (e perseguição insidiosa de outras!) e de certas visões do mundo que - simplificando - distorcem a verdade histórica e não têm qualquer preocupação com a coerência filosófica.
Nem tão pouco com os valores centrais da tradição Ocidental, de que estranhamente estas entidades se reclamam.
Estaremos atentos ao que, por baixo, está a ganhar temperatura e pressão? Mesmo?
Saudações aos nossos Leitores.
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Citação do Dia (204)
"As minhas posições políticas inclinam-se cada vez mais para a Anarquia (filosoficamente compreendida, isto é, a abolição de qualquer controlo e não o anarquismo de homens barbudos a lançar bombas). Ou então para uma Monarquia sem fundamento constitucional. Eu prenderia qualquer pessoa que usasse a palavra Estado (em qualquer sentido que não fosse a referência abstracta à Inglaterra e aos seus habitantes, uma coisa que não tem poderes, direitos ou consciência).(...) Se pudéssemos regressar a usar nomes pessoais, isso faria muito bem. Governo é um substantivo abstracto que significa o processo de governo e deveria ser uma ofensa escrevê-la com letra maiúscula ou usá-la na referência ao povo.
Se as pessoas criassem o hábito de se referirem aos ´conselheiros do Rei Jorge, ou o Winston e o seu grupo`, isso faria maravilhas pelo clarificar do raciocínio e reduziria a assustadora vitória do ´poder dos Outros`. "
J.R. Tolkien, "Letter to Christopher Tolkien, 29 November 1934"
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