O Público constata e titula (edição impressa) que o "Número de reclusos atinge [em Portugal] o valor mais alto dos últimos cinco anos". É a notícia escolhida para desenvolvimento "em destaque". Na página dois, o título escolhido é "Forças policiais associam aumento de presos ao agravamento da crise", fazendo-se notar que os "furtos nos supermercados ascendem a 80 milhões de euros". No desenvolvimento escreve-se que o presidente dos polícias da PJ entende que "existe o perigo, com o avanço da crise, de que o que são furtos de bens essenciais (alimentos) se torne em algo mais violento, mais sofisticado e violento".
Até aqui, conversa habitual de pacotilha.
Na página 3 duas notícias, com destaque bem menor, claro. Numa, lê-se: "Crimes participados às polícias desceram 4,5 por cento no primeiro trimestre de 2011 (face ao período homólogo de 2010"; na outra, "Aumento da criminalidade geral rejeitado" sendo que, no corpo da mesma, citando-se Josefina Castro, directora-adjunta da Escola de Criminologia do Porto (ECP) que afirma "[p]arece que há uma relação entre desemprego e criminalidade, mas não se percebe bem em que sentido". Já Cândido Agra, director da ECB afirma que "[t]udo o quanto se diga sobre o aumento ou diminuição da criminalidade em tempos de crise é uma falácia" e que "não é linear que a crise, o desemprego e a pobreza resultem num aumento da criminalidade" pois, por exemplo, "[a] criminalidade aumentou a partir dos anos 60 no Ocidente em quase todos os países, enquanto se vivia um período de prosperidade".
Confesso ter ficado agradavelmente surpreendido com a humildade científica que estas declarações revelam. Vou procurar saber mais sobre a ECP.
Não sou sociólogo, mas continuo a ler e a reler, com muito afinco, Ludwig von Mises e os seus seguidores. Gostaria muito de conhecer estudos à escala mundial que relacionassem o proibicionismo (político, económico e cultural) e a evolução da criminalidade (função da lei vigente) e consequente população prisional.
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