domingo, 23 de março de 2014

Apesar de Obama, uma revolução energética nos EUA

O extraordinário recrudescimento na exploração de gás natural e petróleo nos EUA, tornado possível pelo desenvolvimento do fracking (fracturação hidráulica) e da perfuração horizontal, vem ocorrendo em terrenos na posse de privados e dos estados federados. Ao invés, nos terrenos federais, o que se tem verificado é a redução dos níveis de produção. E, ironia das ironias, tudo isto sem prejuízo de, em simultâneo, se ter verificado uma acentuada redução nas emissões de dióxido de carbono um poluente alimento das plantas. Obama reclama para si créditos por estes resultados (entre os quais as novas centenas de milhar de empregos) pretendendo com isso fazer passar a ideia falsa que as "novas renováveis" tenham tido algum impacto significativo nesta evolução. Uma dúzia de minutos fascinantes. (Via Carpe Diem)

5 comentários:

Incitador disse...

Informação a confrontar com o que se escreve, por exemplo, aqui:

http://ourfiniteworld.com/2014/01/13/why-eia-iea-and-randers-2052-energy-forecasts-are-wrong/

BC disse...

O video padece de excesso de entusiasmo mas globalmente está correcto. Os EUA estão a viver um novo período dourado graças ao fracking. A questão que se coloca é se as reservas são tão grandes quanto se suponha inicialmente pois já li que houve explorações que “secaram” bastante mais cedo do que o inicialmente previsto.

Eduardo Freitas disse...

Caro Incitador,

Se há um padrão histórico, bem documentado, sobre previsões de esgotamento de recursos naturais a curto/médio prazos é o relativo às matérias-primas de origem fóssil ligadas à produção de energia.

A primeira personalidade nos tempos modernos a pronunciar-se aprofundadamente sobre o tema foi o reputado economista, da escola marginalista, Stanley Jevons em The Coal Question - An Inquiry Concerning the Progress of the Nation, and the Probable Exhaustion of Our Coal-Mines. Nos dias de hoje, Jevons continua a ser uma referência (talvez mesmo "a" referência) para toda a escola do peak oil.

De então para cá, o sucessivo "empurrar" no tempo do momento efectivo do "esgotamento" do carvão, petróleo ou gás tem sido notável. Por um fenómeno incompreensível e paradoxal para muitos, as "reservas provadas" dessas matérias-primas não têm cessado de crescer em simultâneo com o crescimento da sua utilização! Já muitos poucos se lembram das previsões do Clube de Roma (ou então, se se lembram, fazem por esquecê-las de tal modo grosseiras foram as suas previsões catastrofistas).

No artigo para que aponta (se bem que, à superfície, pareçam ser outras as abordagens a este problema) contrapõem-se previsões baseadas em modelos matemáticos que, evidentemente, nada mais fazem que produzir projecções que são função dos pressupostos que presidiram à sua construção. Tudo excessivamente parecido à busca (?) do conhecimento, via modelos, presentes nas previsões climáticas e, ainda mais extensivamente, nos modelos económicos keynesianos (tanto "pré" como "pós" ou "durante").

E, perdoar-me-á, mas qualquer discussão sobre este assunto que nem sequer refira o grande economista contemporâneo no estudo dos recursos naturais - Julian Simon, o autor de The Ultimate Resource - nasce à partida no mínimo muito incompleto e, provavelmente, enviesado.

Saudações,

Eduardo Freitas

Maurício Porto disse...

Prezado Eduardo,

Permita-me discordar deste entusiasmo em relação ao fracking.
Peço-lhe que leia estes dois artigos escritos pelo geólogo Geraldo Lino.
Seguem os links:

http://www.alerta.inf.br/gigantes-petroleiras-desistem-do-gas-de-folhelhos-nos-eua/

http://www.alerta.inf.br/crescem-temores-com-fraturamento-hidraulico-nos-eua/

E mais este outro artigo da Editoria do Site do qual ele é um dos responsáveis:

http://www.alerta.inf.br/ainda-sobre-o-gas-de-folhelhos/

Um grande abraço,

Maurício Porto.

Eduardo Freitas disse...

Caro Maurício,

Desde logo, muito obrigado pelos links que indicou que procurei ler com atenção. Longe de ser um especialista na matéria, creio todavia não aportarem novidades relativamente ao que já tinha lido sobre a matéria e que, numa palavra, me parecem variações do "princípio da precaução".

A minha convicção, porque não pode deixar se ser apenas uma convicção, assenta no seguinte:

1) O fracking é uma tecnologia que é utilizada há mais de 60 anos pelo que julgo de estranhar que a preocupação, de ambientalistas e reguladores, só tenha surgido a partir do momento em que passou a ser utilizado em conjunto com a perfuração horizontal;

2) Os resultados obtidos, no domínio do volume de produção do gás natural e do petróleo, foram tão significativos que a narrativa do próximo "esgotamento dos recursos fósseis" foi abalada de forma séria;

3) Em consequência, o "consenso" na promoção das "novas renováveis" foi também severamente posto em causa pelo que não seria de admirar que só por isto os ambientalistas sejam acérrimos detractores destas tecnologias;

4) Não creio que a EPA seja considerada uma amiga de energias fósseis;

5) A actividade de perfuração e exploração dos furos onde estas tecnologias vêm sendo aplicadas é, em boa parte, e desde o início da "revolução", conduzida por pequenas/médias empresas.

Em resumo: revejo-me nestas observações/comentários de Warren Meyer que me parecem sensatas.

Mas é, evidentemente, uma opinião sujeita a alteração caso surjam argumentos que me convençam. Afinal de contas, "science is never settled".

Um grande abraço, Maurício!

Eduardo Freitas