Daqui até às eleições, Sócrates e o PS irão afirmar, veementemente e em crescendo que, devido à "irresponsabilidade" do PSD, tornou-se mais provável, senão mesmo inevitável, o recurso à ajuda financeira do FSEF/FMI. Com essa ajuda externa (do FMI, já que, para o Governo, a ajuda do BCE há muito em vigor, e do FSEF não são "externas" (serão o quê?)), jurarão, as medidas de austeridade que virão a ser aplicadas serão muito mais gravosas que aquelas que aconteceriam caso o Governo se mantivesse.
Exercitando a memória recente deveria ser suficiente para recordar que este Governo, em doze meses, nos presenteou com quatro(!) pacotes de austeridade afirmando, em cada um, que as medidas previstas eram as suficientes e que não haveria necessidade de outras. O "êxito" conseguido no "controle" ao défice de 2010, após três PEC, irá traduzir-se, afinal, numa derrota, mesmo depois do truque do recurso ao fundo de pensões da PT. Quanto a 2011, no preciso momento em que apresenta o PEC IV, percebe-se que só a inclusão das empresas de transportes no perímetro de consolidação das finanças públicas, para além de atirar a dívida pública bem para além da dívida pública, tornará ainda mais difícil a obtenção do objectivo dos 4.6% do PIB para o défice orçamental. Ou seja, não só os sacrifícios pedidos são sistematicamente insuficientes, como não há perspectiva nenhuma de até onde "vai isto parar". Enfim, o descalabro é absoluto.
De todo se deverá minimizar o poder de uma propaganda assente na "defesa" perante o "inimigo externo". Será - é - um argumento falacioso mas que apela à emoção "bruta". Racionalmente, e não querendo assumir o default com todas as suas consequências, o recurso ao FSEF/FMI será sempre, afinal, bem menos ruinoso que continuarmos a nos financiar a taxas de juro suicidárias. Não haja ilusões, este PEC IV (não as miudezas de que é composto, mas os 0.8% do PIB que representam) já veio inteirinho de Bruxelas.
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