- Sócrates ameaça com o Armagedeão que representará a concretização do recurso à ajuda externa. Trata-se de mais uma mistificação grosseira da realidade quando, acaso não fosse o BCE a fornecer liquidez à banca e a socorrer-nos no mercado da dívida, há muito que teríamos tido de recorrer ao EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira). Como António Borges dizia, em Outubro último, continuamos de joelhos perante o BCE, rezando para que o Banco Central Europeu não mude a sua política.
- Aliás, visto em perspectiva, Sócrates não tem feito outra coisa desde Maio passado, na cavalgada incessante de PEC em PEC obtendo do mercado sinais de crescente descrença da nossa capacidade em resolver os desequilíbrios da nossa economia (e pagarmos o que devemos) aumentando os juros exigidos para a colocação da dívida logo a seguir a cada PEC. Arrastadas pelos mercados, as agências de rating têm-se limitado a efectuar meros actos de notariado atestando a cada vez menor qualidade da nossa dívida.
- Não há nenhum motivo para supor que "desta vez seja diferente", cenário aliás que nem o próprio Sócrates admite, razão pela qual decidiu promover a aceleração da crise política. Como já aqui referi, foi Sócrates quem escolheu o timing da "crise" e qual a encenação sob a qual vai decorrer ("[n]ão estou disponível para governar com o FMI"). Pretende, no mínimo, "perder por poucos" caso em que asseguraria a sua sobrevivência política a prazo. Se a margem de derrota for significativa será talvez provável que, num acto de magnanimidade, seja levado a afastar-se.
- A situação em que nos encontramos está muito próximo do desespero e um sinal evidente disso mesmo são notícias como esta, de hoje mesmo. Porém, os portugueses, na sua generalidade, ainda não perceberam a gravidade do que atravessamos até porque, desde Manuela Ferreira Leite, só Cavaco Silva tem feito a pedagogia necessária: falar verdade.
- Ora, só falando verdade, e retirando todos os esqueletos do armário, na presença de um rosto e de uma equipa sérios, com um plano igualmente sério, que a curto e médio prazos não deixará de ser muito doloroso, será possível ultrapassarmos a dificílima situação em que nos encontramos e que tem em Sócrates - não tem como fugir disso - o grande responsável.
- A bem de Portugal, o PS tem que substituir Sócrates. Logo depois de o eleitorado lhe ter imposto uma derrota clara. Vai ser preciso ter o PS como parte da solução sob pena de não se conseguir fazer o que é indispensável: o recuo significativo do Estado dos níveis absurdos a que se chegou.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Que os desejos se possam transformar em realidade
Axioma: José Sócrates é, de há muito, parte do problema e nunca fará parte da sua resolução.
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