Um extracto da crónica de Helena Matos, hoje no Público, intitulada "Daqui fala o povo, pá", a propósito do que aqui se noticia:
Como, parafraseando Pacheco Pereira, percebo o desespero de Eduardo Catroga!"Em 2011 os portugueses, a braços com uma crise muito séria, já nem riem perante o absurdo da cobertura mediática de acções como a efectuada em diversos centros de emprego pelo movimento "É o povo, pá": a meio da noite, jornalistas e fotógrafos esperavam a chegada de uns mascarados que colavam uns cartazes onde afirmavam. "Não queremos subsídios. Queremos emprego."
Os mascarados distribuíram um documento aos jornalistas presentes que, apesar do adiantado da hora, ali estavam literalmente a servir de amplificação do evento. Assim, às conferências de imprensa do primeiro-ministro, que não são conferências, pois não são admitidas perguntas e muito menos serão de "imprensa", porque a captura de imagens é fortemente condicionada, juntam-se agora as performances dos activistas ditos anónimos - francamente, tendo em conta a pequenez de Portugal, parece-me tecnicamente impossível fazer uma acção destas no Porto sem que os jornalistas e os activistas não se reconheçam logo nos primeiros minutos. Performances essas que só têm efeito, caso os jornalistas apareçam. Donde seria mais correcto designar estes activismos como eventos nascidos de parcerias entre os activistas, que precisam de ser notícia, pois o activismo, ao contrário da militância, restringe-se ao ser notícia, e os jornalistas que precisam de fazer notícia e vêem nestas acções uma originalidade refrescante e por isso as noticiam com tamanha boa vontade."
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