domingo, 2 de outubro de 2011

A ecotópica supressão do risco (1) – o DDT

O suíço Paul Hermann Müller sintetizou, em 1939, o Dicloro-Difenil-Tricloroetano, conhecido pela sigla DDT, viria a ser reconhecido com o Nobel da Medicina em 1948 pelos portentosos efeitos que este pesticida vinha proporcionar no combate a doenças epidémicas calamitosas como o tifo ou a malária, cujo veículo de transmissão por excelência são os mosquitos, por isso conhecidas por doenças vectoriais (transmitidas por insectos).

O DDT, que começou a ser usado pelo exército americano ainda durante a II Guerra Mundial para combater os piolhos nos seus soldados, passaria a ser usado em grande escala no combate à malária a seguir a 1945 em dezoito países. Em 1955, numa altura em que 10% da população mundial sofria ainda de ataques de malária, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou guerra à malária. Como resultado, em 1967, a malária tinha sido erradicada de todos os países desenvolvidos. Na América do Sul e na Ásia os resultados foram também extraordinários: a utilização do DDT permitiu salvar, calcula-se, 500 milhões de vidas (Academia Nacional das Ciências dos EUA, 1970). No antigo Ceilão (actualmente Sri Lanka), por exemplo, os 2,8 milhões de casos anuais passaram a dezassete! Em África, porém, o programa de erradicação circunscrever-se-ia a apenas três países tropicais por razões eminentemente financeiras.

É então que, em 1962, Rachel Carson publica o livro Silent Spring que constitui o marco inicial do conceito de “ecologia” nos EUA. A tese central do livro conta-se em poucas palavras: ao se envenenar uma criatura (o mosquito) aquelas outras que se alimentam dela, naturalmente, envenenadas também ficarão. Os efeitos serão imprevisíveis, até para a espécie humana. Dada a impossibilidade de quantificar, em termos rigorosos, o risco, o melhor seria, talvez, desistir da utilização do DDT.

Em 1971, cavalgando o medo iniciado por Carson, a EPA (Environmental Protection Agency), iniciou um conjunto de audições para averiguar da relação entre benefícios e riscos de utilização do DDT. Os resultados finais das audições, em Abril de 1972, como enunciados pelo seu responsável, o juiz de Direito Edmund Sweeney, apontaram para que o DDT não constituísse risco cancerígeno para a espécie humana. Porém, apenas dois meses depois, o presidente da EPA, num acto meramente administrativo, baniu a substância com o pretexto que o DDT “constituía um potencial risco cancerígeno para os humanos”.

A evidência científica cedeu às pressões ecologistas e, naturalmente, os governos (não directamente assolados pela malária, isto é, os ocidentais) curvaram-se perante os eco-teócratas. Que tenham morrido desnecessariamente dezenas de milhões de pessoas pela proibição do DDT, até que em 2006 a sua utilização foi novamente possível, é algo que lhes é indiferente. Eles odeiam a espécie humana, especialmente com a dimensão populacional existente. Apesar de muito poucos o enunciarem explicitamente, o seu lema é: Wanna help planet? 'Let's all just die!'.

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