Tenho trazido à consideração dos leitores a temática da reformulação do sistema monetário internacional. Assinalei também alguns dos contornos que este tema possui (aqui e aqui). Publica-se agora a tradução da entrevista realizada por Koos Jansen a James Rickards a propósito da publicação do seu livro - "The Death of Money" (lançamento internacional a 3 de Abril e sem tradução portuguesa prevista) - que tem, como pano de fundo, a situação difícil do sistema monetário e financeiro internacional e as possibilidades da sua evolução, articulando com precisão o papel das grandes potências económicas (presentes e futuras), a função disciplinadora do ouro e alguns dos argumentos da Escola Austríaca de economia.
A tradução é da minha responsabilidade, bem como algumas observações ou sublinhados.
A tradução é da minha responsabilidade, bem como algumas observações ou sublinhados.
James Rickards e "A morte do dinheiro" - 14 de Março de 2014
Koos Jansen – Considera que haverá um colapso do sistema monetário global, acompanhado de caos social e problemas nos bancos face ao que os políticos não estão a fazer ou farão tarde demais?
James Rickards – O meu livro mais recente – The Death of Money – é, justamente, acerca da morte do dólar. Um colapso monetário global e o colapso do dólar são uma e a mesma coisa. O dólar é a chave do actual sistema, ora se o mundo deixar de ter confiança nessa chave, então, o sistema como o conhecemos entra em derrocada.
Se ocorrerão distúrbios a acompanhar esse colapso? Bem, penso que eles já estão a acontecer. Veja-se a Ucrânia, a Crimeia. A China está a enviar navios para o largo das ilhas que disputa com o Japão. Podemos ver também tensões e conflitos associados à primavera árabe por causa disso. É inegável que há sinais preocupantes em diversas regiões. Considero que os políticos vão continuar a prosseguir políticas erradas, não julgo que façam as reformas e ajustes necessários: o desemprego continua alto, o crescimento continua anémico e o perigo de deflação está à espreita. Estes fenómenos potenciam a instabilidade social, as disparidades no rendimento e riqueza. Assistiremos ao agudizar destes problemas durante o definhar do sistema.
Os bancos centrais e os governos já disseram que os maiores bancos e instituições finaceiras não podem cair. Isto impedirá, igualmente, que as correcções aconteçam. Quais são as consequências que conhecemos dessas decisões? Bom, isso convida a práticas irresponsáveis e a posturas parasitárias por parte dos banqueiros. Isso permite que eles cresçam e que destabilizem o sistema. Julgo que não veremos, para já, falências de grandes bancos, no entanto, quando o colapso acontecer alguns deles vão cair. É a própria política dos grandes demais para cair que conduz ao agravamento das disfunções no sistema e isso levará ao colapso.
KJ – Este colapso será mais severo que o anterior?
JR – O ponto que gostava de salientar, neste novo livro, é que o sistema monetário internacional já colapsou três vezes nos últimos cem anos. Em 1914, 1939 e 1971. E assim voltará a acontecer, não é nada de novo. E quando acontecer não será o fim do mundo. O que significa é que as grandes potências comerciais e financeiras se reúnem e procedem ao recomeço do sistema em novos moldes. Há, inclusive, um nome para isso: são as regras do jogo. Essa não é uma expressão cunhada por mim, ela já tem cem anos. Desse modo, as maiores potências vão reescrever as regras e o problema é o seguinte: na última crise, a FED inseriu liquidez no sistema. Dezenas de triliões de dólares em linhas de swaps foram estabelecidas entre a FED e o ECB, foram garantidos todos os depósitos, bem como os fundos nos EUA. Isso permitiu que as coisas não piorassem, mas a FED aumentou o seu balanço de 800 mil milhões para 4 triliões de dólares. Assistimos a uma crise de liquidez em 2008, mas não tivemos outra desde então. O que acontece se tivermos uma amanhã? A FED já não tem mais munições; eles não podem aumentar o balanço até aos 12 triliões de dólares.
É por isso que considero que a próxima crise será maior do que a anterior e será maior do que a FED, pois eles já destruíram o seu balanço. A única hipótese que resta é o FMI.
KJ – Considera possível que os SDR´s venham a ser a nova moeda suportada pelo ouro, como é mencionado no livro de Willem Middelkoop “The Big Reset”? E será que as moedas nacionais vão flutuar em torno desses SDR´s?
JR – Sim, há essa possibilidade. O ouro e o petróleo terão preços em SDR´s. Estes serão utilizados para a balança de pagamentos entre países, a criação de reservas e, provavelmente, nas balanças financeiras das grandes empresas. Desse modo, a Siemens, a GM ou a IBM terão declarações financeiras denominadas em SDR´s, porque são empresas globais.
KJ – Mas os SDR´s serão suportados por uma paridade fixa?
JR – Pode ser e isso é que torna as coisas interessantes. Claro que os líderes globais não querem isso. O que eles querem é um SDR´s em papel para substituir o dólar em papel. A questão é esta: será que as pessoas vão alinhar nisso? Os nossos líderes poderão ter de voltar ao ouro, não por que o queiram, mas porque precisam de restabelecer a confiança. Das hipóteses que se seguem, uma acontecerá. O projecto dos SDR´s que vão substituir o dólar já está a ser desenvolvido. Se as elites tiverem tempo – e eles precisam de dez anos –, então, eles produzirão os SDR´s em papel. Se o colapso acontecer antes, então, eles terão de se virar para o ouro. Caso insistam nos SDR´s em papel é possível que tenham de recorrer à lei marcial ou a um neo-fascismo.
KJ – Está familiarizado com a tese “ouro livre” (freegold)?
JR – Conheço, mas não sou um especialista.
KJ – Aceita a interpretação dos fenómenos económicos elaborada pela Escola Austríaca?
JR – Na minha opinião, a Escola Austríaca tem muito a oferecer, mas não possui uma explicação completa das dinâmicas do mercado de capitais. Considero-me um teórico da Complexidade e é nesta perspectiva que compreendo o mercado de capitais. A teoria tem 55 anos como ciência e é complementar à teoria austríaca, porque concorda com Hayek de que o sistema económico possui demasiados agentes autónomos, com visões divergentes para poder ser gerido e planificado centralmente. Se Mises tivesse nascido 40 anos mais tarde, teria abraçado a teoria da Complexidade.
KJ – Se fosse presidente que sistema monetário implementaria?
JR – Sou favorável ao que chamo de “rei-dólar”. Sou um americano da velha escola. Não desejo necessariamente o padrão-ouro e não quero, seguramente, os SDR´s. O que quero é o dólar como moeda de referência. Julgo que a América tem o potencial de ser uma força para o bem no mundo e, por conseguinte, o dólar como moeda padrão seria uma coisa boa. O problema é que a administração americana não concorda com isto. Eles querem um dólar fraco, não um dólar forte.
Willem Middelkoop – É por isso que começou a escrever livros? Porque se cansou de ver o modo como o dólar é gerido?
JR – Absolutamente.
JK – Não acaba por ser insustentável que uma moeda nacional seja usada como moeda de reserva internacional?
JR – Não tem de ser, embora possa ser. É o dilema de Triffin. O que Triffin disse nos anos 60 era que, caso um país emita uma moeda internacional, então tem de ter um défice nas contas correntes, porque essa é a única forma de o resto do mundo obter moeda suficiente para financiar o comércio mundial. Mas se um país mantiver défices durante muito tempo, irá à falência. Ora, após cinquenta anos, os EUA estão falidos.
Há, todavia, otro caminho: o do crescimento real sem impressão ou criação de moeda. O que há de mal com a estabilidade de preços? Porque temos de ter inflação? Deixem as pessoas ganhar os seus dólares, ou deixem os EUA manter o valor da sua moeda através de educação, inovação, crescimento, produtividade, boas políticas públicas, uma leve carga fiscal e um bom ambiente para os negócios. Estas são as maneiras de potenciar o verdadeiro crescimento, não a criação de moeda. E a resposta é crescimento verdadeiro.
KJ - Se o mundo deixar de ter confiança no dólar, será que Janet Yellen será forçada a aumentar as taxas de juro, como Paul Volcker fez nos anos 80?
JR – O problema é: como é que se aumentam taxas de juro quando estão 50 milhões de americanos nos programas sociais de senhas de comida (food stamps), 26 milhões de desempregados, 11 milhões de incapacitados permanentes. O meu ponto é o seguinte: dados os sinais graves de fraqueza económica, dados os impulsos deflacionários, dado o desemprego, como é que se podem aumentar taxas de juro? Seja como for, o mercado vai acabar por impulsionar esse aumento nos juros, de uma maneira que a FED não poderá controlar. Nesse momento, quem sabe, podemos assistir à reestruturação da dívida no mercado obrigacionista.
KJ – Mais programas de estímulos (QE)?
JR – Mais estímulos e a FED pode intensificar a repressão financeira. Porque é que os juros não subiram até aqui? Por causa dessa repressão fianceira. Se houver uma perda de confiança e o mercado fizer subir as taxas, a FED vai optar pela repressão, criando moeda. O que acentuará a erosão da confiança. Isso terá visibilidade no mercado de transacções internacional, terá visibilidade no preço do ouro e nas taxas de juro.
Muitas destas coisas acontecerão rapidamente, não se desenvolvem num só dia, mas podemos antecipar que algo vai acontecer quando o preço do ouro tiver oscilações na ordem dos cem dólares por dia. Vamos ouvir as pessoas dizer que é uma bolha, mas não é, claramente, uma bolha. Antes, representa um sinal de pânico. De seguida, podemos assistir a subidas de 500 dólares por dia. Repare que me refiro ao preço do ouro. Para mim, o ouro é uma constante. O preço do ouro é apenas o inverso do valor do dólar. Se o ouro sobe, o que se passa é que o dólar está a definhar. Se assistirmos a um salto importante no preço do ouro, o que isso nos diz é que o dólar está em declínio. Mesmo que a FED esteja a reprimir as taxas de juro, o ouro dirá quando o dólar vai estourar.
WM – É por isso que o preço do ouro tem de ser controlado.
JR – Sim, mas importa dizer algumas coisas acerca disso. A FED, neste momento, até quer o preço do ouro mais elevado. Não esqueçamos que, presentemente, o problema é a deflação, não a inflação. A FED quer inflação, ainda que controlada, mas não a consegue ter. Como é que se obtém inflação? Têm de se mudar as expectativas. Assim, permitir a subida do preço do ouro pode ajudar a aumentar essas expectativas quanto à inflação: estimula-se o consumo e o crédito. É isso que a Fed quer. Onde eles se enganaram é que pensaram que podem controlar as coisas com precisão. Foi o que fizeram em 2011 quando o ouro subiu aos 1900 dólares/oz. A FED temeu que chegasse aos 2000 dólares, que é uma importante barreira psicológica, e tiveram de intervir. Neste momento estou em crer que a FED não está a fazer o que quer que seja para suprimir o preço do ouro. A China, por seu lado, pode estar.
KJ – Esteve a China por detrás do declínio orquestrado do ouro em Abril de 2013? Ou foi uma colaboração entre a China e os EUA? Terá sido possível o seguinte cenário: a China apoia o dólar e, em troca, pode comprar ouro físico a preços incrivelmente baixos?
JR – Deixe-me dizer-lhe o que eu sei e o que não sei. Quando se é detective e se procura um criminoso, procura-se o motivo. Por isso, quem beneficiou com a queda do preço? A China – eles são provavelmente a parte interessada.
Tenho conhecimento seguro de que o SAFE – fundo de investimento que gere as reservas em nome do banco central chinês (PBOC) – comprou 600 toneladas de ouro físico entre Jubho e Julho de 2013. Sei disto através da Perth Mint (refinaria australiana – nt) e de alguns revendedores chineses. Neste momento o ouro está no balanço do SAFE, mas pode ser transferido para o balanço do banco central, como aconteceu em 2009.
Não posso afirmar que tenha sido a China a causar a queda no preço, ainda que suspeite disso. Todavia, tenho a certeza de que beneficiou disso. E continua a beneficiar da continuação deste preço baixo, porque quer comprar mais. Eles sabem que haverá inflação nos EUA e querem protecção face a esse risco. Essa é uma das razões por que estão a comprar ouro físico. A ideia de um renminbi ser apoiado em ouro, na minha opinião, não faz sentido.
A China tem 4 triliões de dólares em reservas, pelo que a sua preferência é um dólar estável. Se os EUA desvalorizarem o dólar em 10% isso representaria uma transferência de riqueza de 400 mil milhões de dólares da China para os EUA. A cobertura para esse risco é o ouro, se o dólar cair, o ouro vai subir.
KJ – A China sabe que os EUA precisam de desvalorizar o dólar?
JR – Correcto.
KJ – O SAFE compra o seu ouro através da plataforma de compras de Xangai?
JR – Eles têm vários meios.
KJ – Como será o poder distribuído na Ásia depois da reorganização monetária?
JR – Será baseado no ouro. Muitos analistas compreendem o ouro como uma parte importante das reservas, o que penso ser irrelevante. Nos EUA, o ouro representa 70% das reservas, mas os EUA podem imprimir moeda e não precisam de euros ou francos suíços. Uma outra forma de entender isto é comparar a quantidade de ouro face à dimensão da economia em termos de PIB. A Rússia está a par com os EUA. A China precisa de, pelo menos, 4500 toneladas para alcançar a paridade com os EUA.
No sexto capítulo do meu novo livro, escrevo acerca da Organização de Cooperação de Xangai. Não é bem um tratado, mas um conjunto de procedimentos para a cooperação entre países em toda a Ásia. Este é o primeiro lugar para se estabelecer a cooperação entre a Rússia e a China e a determinação da sua oposição conjunta face a Washington. Eventualmente, teremos dois impérios na Ásia. Por um lado, teremos a Rússia, a Europa de Leste e a Ásia Central. A China terá outro império que se estenderá pelo continente e a sua periferia.
KJ – Todas as exportações de ouro para a China são em barras de 1 quilo e pureza 9999. Os estados do Golfo estão a refinar as suas barras de 400 onças LGD (London Good Delivery) para as transformar em barras de 1 quilo e pureza 9999, igualmente. O que pensa disto?
JR – Do meu ponto de vista, essas especificações serão o novo padrão para entregas internacionais. Vamos olhar para trás, daqui a uns anos, e vamos estranhar a escolha das barras de 400 onças (12, 440 gramas). A história dessa opção é interessante. Essas barras foram feitas propositadamente para que o indivíduo comum não as pudesse ter – foram feitas a pensar nos bancos centrais e em indivíduos muito ricos. Em 1910, as pessoas pagavam bens e serviços em moedas de ouro e os bancos centrais quiseram, a pouco e pouco, acabar com as moedas de ouro, levando as pessoas a favorecer os certificados em papel. O que deu aos bancos centrais muita flexibilidade.
KJ – Será que o banco central alemão conseguirá reaver o ouro que tem nos EUA?
JR – O que muitas pessoas parecem não entender é que o banco central alemão não quer o seu ouro de volta. A razão pela qual os alemães o querem em Nova Iorque é poderem participar na manipulação do preço. Não esqueçamos que Londres e Nova Iorque são os mercados para o empréstimo e hipoteca internacional do ouro, Francoforte não. Por cada tonelada que se retire de Nova Iorque, há 10 toneladas de oferta sintética (em papel, em contratos de futuros – nt) que é necessário saldar. É por isso que eles vão levar oito anos para efectuar esse repatriamento e estão a fazê-lo em tranches. Não há muito empréstimo desta natureza na China. Os bancos centrais são capazes de suprimir o preço do ouro através dessas operações hipotecárias em Nova Iorque. Por exemplo, o SAFE pode pedir à JPMorgan que hipoteque algum do seu ouro, que está parcialmente guardado em Nova Iorque.
KJ – Estará a NSA envolvida em guerrilha financeira?
JR – Que eu saiba, não.
WM – Conheço alguns americanos abastados que estão a tomar medidas – obtenção de segundo passaporte e a movimentar o dinheiro para o estrangeiro. Vê o mesmo fenómeno?
JR – Sim, muitas vezes. Há multimilionários que estão a construir cofres nas suas propriedades, porque não confiam noutros destinos para as suas fortunas.
WM – O que é que isso lhe diz?
JR – Diz-me que estão a ver o que eu vejo, mas não estão dispostos a falar sobre isso. Estão a preparar-se para o que aí vem. Mas, para já, tiram proveito da actual situação.
WM – Que parte das suas actividades mais aprecia?
JR – Escrever. Por isso, escrevi dois livros e estou a começar o terceiro. Será, talvez, uma série de quatro livros. Veremos.
KJ – Aguardemos pelos livros, então. Muito obrigado pela entrevista.
7 comentários:
hussein está a fazer quanto pode para rebentar com o dólar a curto prazo.
a 2ª belle époque está a chegar ao fim
provavelmente dentro de 20 anos não haverá reformas para os milhões de idosos
entretanto os emergentes vão 'comendo' o que hussein coloca à sua disposição
a europa vai ser uma manta de retalhos
Floribundus,
A actual administração acelerou o processo de degenerescência do dólar (que aceitou da anterior equipa quando "salvou" os bancos), é um facto.
As reformas… ou há milagres económicos que sustentem - livremente e sem interferência de programas estatais de estímulo - mudanças relevantes na dimensão demográfica ou não haverá apoio à terceira idade como a conhecemos. A começar, justamente, pela Alemanha. Que é suposto ser o motor da Europa. Mas os milagres…
Se a Europa for uma manta de retalhos de regiões que decidem governar-se a si mesmas desafiando a paixão totalitária do governo único europeu, então, talvez haja esperança.
Saudações,
LV
Sim, "The Death of Money" e depois?.
Uma evolução possível será:
Por um lado uma "moeda volátil", local/nacional, ou seja, vigorando em pequenas regiões económicas.
Utilizada para as rotineiras trocas quotidianas, fisicamente baseada num misto de cartão de crédito/débito e "bitcoin wallet".
"Electrónica". Um regresso às "moedas locais".
No entanto sempre taxável, coercivamente, pelas Autoridades Tributárias locais, por decreto, por força de Lei, como já se viu, tentativamente, com o Bitcoin.
O preço da respeitabilidadee ... e da legalidade.
...
(Para as transações globais, entre as maiores unidades económicas (USA/Europa Oeste, Russia/Europa Leste, China/Asia ???) ... sendo que o "dono" é sempre o mesmo, e a "luta" é entre eles, ... eles "organizar-se-ão" em com SDR, Ouro, Crude, até ao aparecimento de uma forma de energia que rivalise com o crude. Sim, o dolar não vai mais longe.)
...
Um re-arranjo, re-invenção, das "moedas", a forma de realizar trocas comerciais.
Irá flexibilizar, e circunscrever, com vantagens, as trocas a "pares" em estatura "status" económico.
Um interessante, e expedito, regresso às moedas nacionais. O Escudo, a Peseta, o Franco ... , sujeitas a um simples câmbio electrónico?.
...
Globalmente será ainda a continuada "competição" entre os detentores de "Conhecimento" e os detentores de "Energia" (barata), e para felicidade dos successful players..
JS,
Deduzo que a hipótese SDR´s não lhe agrade. Não parecendo, estamos de acordo. Parece-me mais um esforço centralizador - por isso mau -, ainda que a uma escala maior.
Talvez a seu favor a tentativa de estabelecer paridades das moedas a bens físicos que têm inegável valor nas sociedades/economias actuais. Por outro lado, há a hipótese de albergar à mesa do poder mais países. Olhando para o G-20, alguns dos seus líderes não inspiram confiança, é certo, mas sempre são mais vozes.
A ideia que me parece estar nas suas palavras relativamente a moedas é que uma moeda internacional podia ser sustentada em ouro (por exemplo) e transaccionada na rede Bitcoin. É isso? Óptima ideia. Mas não excluo que as pessoas têm de poder escolher. As moedas que usam, justamente.
Li algures que já se assistiu à separação do estado e da igreja, no passado. Teremos de forçar a separação entre estado e moeda. Uma boa parte do esforço pela defesa da Liberdade terá de passar por aí. Mesmo que depois se adoptem e estabilizem apenas uma ou duas hipóteses monetárias. Mas a liberdade de escolher tem de existir.
Quanto à Competição, seja no campo da energia ou outro, que mal há nisso? Não são apenas os "successful players" que ganahm com isso, somos todos a beneficiar dessa competição.
O problema está em um agente - o estado - ser (co)autor de regulação da entrada nessa competição (grandes interesses escrevem a meias essas regras para se defenderem). Essa distorção é que penaliza todos os que não são "friendly players".
Saudações,
LV
Sim. Com a morte anunciada do Dolar, tal como ele anda, algo vai acontecer.
O fenómeno "Bitcoin" mostrou que pode haver trocas comerciais, pessoa-a-pessoa, sem intermediário.
Apesar de todas as curiosas (e explicáveis) falcatruas em curso, ficou o conceito.
Trocas, comércio, sem uma "moeda" de referência, sem um intermediário, um "terceiro", uma entidade bancária -como no caso do cartão de débito- e, por conseguinte, na generalidade dos casos, sem o controlo para efeitos fiscais, do Estado, deste, nosso, deles, Estado. :-)
Algo vai, está para acontecer.
Uma descentralização "monetária", por um fenómeno de virtualização da moeda !?.
Candidatos respeitáveis ?.
Porque não um "Bitcoin-IMF"?.
Ou um "Bitcoin-Porto"?.
Ou um "Bitcoin-Soros" se lhe aprouver?.
Ou um "Bitcoin-Renminbi" com cotação em ouro?.
"Faite vos jeux".
Cá por mim, não creio que escolhesse ser pago, pela minha entidade patronal, em "Bitcoin-Escudo", mas isso é cá um parti-pris meu.
LV. Permita-me que clarifique com uma situação prática. Gradualmente as entidades patronais e os candidatos a emprego, podem acordar uma forma de pagamento mista.
Uma parte X em moeda currente Euros e/ou Dolars, etc. creditados localmente ou "overseas".
Outra parte Y em "Bitcoin-AAA", e/ou "Bitcoin-BBB", à escolha do candidato.
Em privado, e pode já estar a acontecer....
A remuneração X, a usual, estaria sujeito à legislação fiscal em vigor nesse território.
O montante Y seria creditado, via chave pública, e estaria portanto fora da alçada da (exagerada) legislação local.
Quem diz relações empregador/empregado pode dizer fornecedor de bens ou serviços / cliente.
As moedas "Bit" seriam gradualmente de uso currente competindo com os "defeituosos" Dolars, Euros....
Basta ver as novas gerações com os "smartfone" permanentemente na mão ...
Uma cotação tipo "SDR" confrontaria, aferindo, as diferentes "moedas Bit". "Bitcoin-AAA", "Bitcoin-BBB" etc, como agora já acontece com as moedas fiat.
Uma "economia paralela" (mas não exclusiva), imune às políticas vigente nos Estados clássicos, supra-nacional, em desenvolvimento?.
JS,
Julgo que o que propõe seria uma excelente hipótese. Outra maneira de o dizer seria admitir a tecnologia associada às (várias) criptomoedas como um meio de pagamento (alternativo à banca e ao confisco) e na origem uma conta num cofre/armazém (fora da banca) onde o cliente tivesse metal físico (ouro, prata, platina, paládio ou outro bem físico que tivesse valor) como dinheiro.
A facilidade com que é possível proceder, usando a internet, aos pagamentos através de BTC´s é uma mais-valia que terá futuro. Mas há algo que falta às criptomoedas, na minha opinião, e a solução pode ser a sua ligação a dinheiro honesto e sólido como os metais preciosos. Que dinâmica seria uma sociedade assim.
E não me custa supor uma hipótese como a que avança: uma moeda internacional - SDR´s - e outras regionais, sectoriais, por aí adiante. Aliás, há quem esteja a discutir o cenário de os EUA terem de emitir um dólar "interno" e outro "externo" para cumprir diferentes obrigações e contingências. Outro sinal da decadência do dólar, portanto.
Saudações,
LV
Enviar um comentário