sexta-feira, 16 de maio de 2014

Mentir, mentir sempre

JS, um comentador habitual no Espectador Interessado, convida-nos aqui a analisar este artigo onde se expõe, de forma irrefutável, (mais) uma mentira de um banqueiro central. No caso, Mario Draghi. Bem, mas que tem isso de extraordinário? Façamos, por exemplo, o exercício de ouvir, vendo, um outro mago - um outro Maestro - pertencente àquela iluminada elite, exclusiva dos Grandes, infinitamente imbuída de um altruísmo incomparável:


De resto, não foi Jean-Claude Juncker, enquanto presidente do Eurogrupo, e que é hoje um outro candidato a candidato à presidência da Comissão Europeia, quem afirmou que "quando as coisas se tornam sérias, uma pessoa tem de mentir"? "Mentir, mentir sempre" é o mote dos maestros do planeamento central. Em particular, do monetário, sempre tão querido aos estatistas de todos os matizes e, muito em especial, aos que ribombam contra a crescente desigualdade da distribuição de rendimentos sem se aperceber que é aí mesmo que reside a causa daquilo que repudiam. O que tem tudo a ver com isto.

4 comentários:

LV disse...

Oportuno desafio que o leitor JS lançou. Obrigado pela partilha e pelo convite a pensar.
Até porque a cerimónia de consagração da situação se avizinha.
Para ajudar a compreender o ambiente por detrás das cortinas (não é só a admissão de Juncker de que mentir é o se deve fazer), mas a verdadeira tensão pessoal que, por vezes, podemos detectar nos actores desta peça colectiva. Tomando também do Zero Hedge a ligação (http://www.zerohedge.com/news/2014-05-11/angela-merkel-ledge-not-fair-i-am-not-going-commit-suicide, sigam-se também as ligações presentes no artigo), onde se descreve – por presentes na ocasião – a quebra psicológica de Merkel face ao que estava para vir. O episódio ocorre em Novembro de 2011 na cimeira do G-20. Antes da ajuda que veio da América para salvar o euro e o projecto político europeu como o conhecemos no final desse mesmo mês.
No artigo que JS nos endereça são vários os motivos de interesse. Vejamos:
- assim que Draghi responde às perguntas assinaladas no artigo (as que os leitores do ZH fizeram) fica claro que não há, na perspectiva destas inteligências (aqui cabe qualquer responsável político, tecnocrata ou burocrata europeu), qualquer legitimidade de fazer perguntas; os cidadãos, especialmente aqueles que mais cépticos são face à avenida de pensamento único que a europa sempre representou, não têm a legitimidade de confrontar suas excelências com questões acerca do que se passa verdadeiramente por detrás das cortinas e que afecta as suas vidas.
- é evidente na resposta de Draghi que a mentira é mais uma vez ferramenta útil quando o mesmo diz que não há plano B - recomendo vivamente o artigo da FT cuja ligação está no artigo que JS indicou, afinal o plano não era B, mas Z (qualquer referência a filmes com zombies?).
- é reiterada a atitude do “líder de gangue” que se encontra na disputa por territórios para dominar, expressa na passagem assumida com um tom de voz mais profundo (note-se) de que o ECB tudo fará (em breve se publicará algo acerca desta expressão); e aí de quem duvide desta determinação! Não verão estas inteligências que essas medidas terão custos sobre a vida de todos? Por conseguinte, para que aquilo a que chamam de projecto europeu seja democrático, não compreendem que têm de aceitar este escrutínio?
- o verdadeiro guião podemos desvelá-lo não nesta troca de perguntas, mas na reacção dos jornalistas; atente-se nas expressões que alguns revelam quando as duas questões ZH são enunciadas; a trama que mostra-se quando alguns esboçam um sorriso de desconforto, não é de estranheza face às perguntas (acredito que compreendem o seu alcance e natureza), mas de despeito face ao atrevimento de alguém confrontar – com simplicidade e serenidade – a autoridade e aquilo que ela, em nome de algo que os europeus só parecem dar respaldo por defeito, vai fazendo; é que esses ressentidos sabem da história e fazem o seu papel na manutenção das aparências de normalidade e é (também) o seu sustento que está em jogo.

Aceitaremos essas aparências? Desistimos de fazer perguntas?

Saudações a todos,
LV

JS disse...

Exacto. Com os políticos europeus, de topo, a mentirem, comprovadamente, e/ou a assumirem que mentem ... será ainda minimamente plausível votar em eleições europeias?.
Qual Europa?. Em quê?. Em quem?.
...
Para não falar na hiper europeia-ó-dependente folclórica classe política local
...
Realmente apenas um espectáculo para expectadores interessados.

LV disse...

Desculpem a insistência, mas a sanidade ganha com isso, seguramente.
Veja-se o seguinte vídeo e em dois minutos cabe boa parte (se não toda) do que importa discutir.
Aqui: http://www.youtube.com/watch?v=QdqiKLIQJH4

Eles andam a vender-nos um paraíso. Será que compramos?
LV

Eduardo Freitas disse...

Luís,

Este duo australiano - Clark & Dawe - é muito bom e no segmento indicado atingiram um dos seus momentos de excelência. Obrigado, Luís, por umas sonoras gargalhadas.

Entretanto, daqui a uns dias, há uma oportunidade para deixar claro o sentimento quanto aos novos "amanhãs que cantam". Não a deixarei perder.

Saudações