quarta-feira, 14 de maio de 2014

Porque é que a maioria dos intelectuais odeia o capitalismo?

Neste artigo de opinião do Prof. João Caraça - um cientista de nomeada no domínio da Física - o autor, apesar de cometer alguns erros de palmatória (por exemplo, quando toma o PIB num ano como medida da riqueza nesse ano) acerta no alvo quando escreve, socorrendo-se de Marx: "Se a religião era o ópio do povo no século XIX, bem podemos considerar o crédito barato como a droga mais dura do nosso tempo." Porém, parece evidente que não é nos bancos centrais que o Prof. João Caraça está a pensar quando propõe enviar os perpetradores do crédito barato para a cadeia!

E aqui surge o pretexto para recorrer ao sempre eloquente Thomas Sowell:
«A maior parte dos intelectuais fora da área da Economia mostra pouquíssimo interesse em aprender os fundamentos básicos da teoria económica. Todavia, não hesitam em produzir afirmações radicais sobre a economia em geral, as empresas em particular, e as muitas questões que giram à volta do que é designado por "distribuição do rendimento".»
Thomas Sowell in "Intellectuals and Society"
E de voltar a insistir, secundando O Insurgente, através da veemência magistral de Jesús Huerta de Soto (que invoca Bertrand de Jouvenel), para procurar responder à pergunta que serve de título ao post: ignorância, soberba, ressentimento e inveja (e lá voltamos a Sowell). 7 minutos que valem a pena. Para quem preferir ler um texto, em português europeu, construído a partir deste vídeo, pode ir até aqui.

8 comentários:

Diogo disse...

Henry Ford – um capitalista a falar de vários capitalismos:

Henry Ford (1863 – 1947) foi o americano fundador da Ford Motor Campany e pai das modernas linhas de montagem e da produção em massa. O seu automóvel Modelo T revolucionou o transporte e a indústria americana. Ford foi um inventor prolífico e registou 161 patentes. Na qualidade de dono da Companhia Ford tornou-se um dos homens mais ricos e mais conhecidos do mundo.

Em 1918, Ford comprou um pouco conhecido semanário: «The Dearborn Independent». Segue-se um excerto do primeiro artigo [The Dearborn Independent, 22 Maio de 1920]:


Existe no mundo de hoje, ao que tudo indica, uma força financeira centralizada que está a levar a cabo um jogo gigantesco e secretamente organizado, tendo o mundo como tabuleiro e o controlo universal como aposta. As populações dos países civilizados perderam toda a confiança na explicação de que «as condições económicas» são responsáveis por todas as mudanças que ocorrem. Sob a camuflagem da «lei económica» muitíssimos fenómenos foram justificados, os quais não se deveram a nenhuma lei económica a não ser a do desejo egoísta humano operado por meia dúzia de homens que têm o objetivo e o poder de trabalhar a uma vasta escala com nações como vassalas.

Embora qualquer coisa possa ser nacional, hoje ninguém acredita que a finança seja nacional. Ninguém acredita hoje que a finança internacional esteja em competição. Existem algumas instituições bancárias independentes, mas poucas verdadeiramente autónomas. Os grandes senhores, os poucos cujos espíritos abarcam claramente o plano em toda a sua extensão, controlam numerosos bancos e companhias fiduciárias, e um é usado para isto e outro usado para aquilo, mas não existe antagonismo entre eles, não sancionam os métodos uns dos outros, não há competição nos interesses do mundo dos negócios. Existe tanta concordância nas políticas das principais instituições bancárias de cada país como existe nas várias secções do Serviço Postal dos Estados Unidos – e pela mesma razão, são operadas pelas mesmas fontes e com os mesmos objectivos.

Imediatamente antes da Primeira Grande Guerra, a Alemanha comprou maciçamente algodão na América e grandes quantidades desse produto foram exportadas. Quando a Guerra chegou, a propriedade das enormes quantidades de algodão mudou, de um dia para o outro, de nomes Judeus em Hamburgo para nomes Judeus em Londres. Em pouco tempo o algodão começou a vender-se em Inglaterra a um preço inferior ao que era vendido nos Estados Unidos, o que teve como consequência baixar o preço do algodão na América. Quando os preços desceram o suficiente, o algodão foi todo adquirido por compradores já preparados de antemão, e então os preços subiram novamente para valores elevados. Entretanto, os mesmos poderes que tinham engendrado o, aparentemente sem motivo, fortalecimento e enfraquecimento do mercado do algodão, utilizaram a Alemanha como fonte de mão-de-obra barata. Alguns grupos controlam o algodão, emprestam-no à Alemanha para ser manufaturado, deixam lá uma pequena quantidade como pagamento pelo trabalho utilizado, e depois lucram na totalidade do mundo com a mentira de que o "algodão está escasso". E quando, refazendo o percurso de todos estes métodos anti-sociais e extraordinariamente injustos até à sua fonte, e se chega à conclusão que todas as partes responsáveis têm todas uma característica comum, será de espantar que o aviso vindo do outro lado do mar – "Esperem até a América despertar para a realidade Judia" – tem um novo significado?

(Continua)

Diogo disse...

(Continuação)

Certamente, as razões económicas já não conseguem explicar as condições em que o mundo se encontra hoje em dia. Nem sequer a explicação usual da "crueldade do capital". O capital tem-se esforçado como nunca para ir ao encontro das exigências do trabalho, e o trabalho chegou ao extremo de obrigar o capital a novas concessões – mas qual é a vantagem para cada um deles? O trabalho tem até agora acreditado que o capital era o céu por cima dele, e tem feito o céu recuar, mas vejam, existe um céu ainda mais alto que nem o capital nem o trabalho se deram conta nas suas lutas um com o outro. Esse céu ainda não recuou até agora.

Aquilo a que chamamos capital aqui na América é normalmente dinheiro usado na produção, e referimo-nos de forma errada ao fabricante, ao gerente do trabalho, ao fornecedor de ferramentas e empregos – referimo-nos a ele como o “capitalista”. Mas não. Ele não é o capitalista no verdadeiro sentido do termo. Porque, ele próprio tem de ir ao capitalista pedir o dinheiro que precisa para financiar os seus projectos. Existe um poder acima dele – um poder que o trata muito mais duramente e o controla de uma maneira mais implacável que ele alguma vez se atreveria a fazer com o trabalho. Essa, na verdade, é uma das tragédias dos nossos tempos, que o "trabalho" e o "capital" lutem um com o outro, quando as condições contra as quais cada um deles protesta, e com as quais cada um deles sofre, não está ao seu alcance o poder para o remediar, a não ser que arranjassem uma forma de arrancar à força o controlo mundial de um grupo de financeiros internacionais que forjam e controlam estas condições.

Existe um super-capitalismo que é totalmente sustentado pela ficção de que o ouro é riqueza. Existe um super-governo que não é aliado de governo nenhum, que é independente de todos eles, e que, no entanto, tem as suas mãos em todos eles. Existe uma raça, uma parte da humanidade, que ainda nunca foi recebida como uma parte bem-vinda, e que teve sucesso em alcandorar-se a um lugar de poder que a mais orgulhosa raça de gentios nunca reivindicou – nem sequer em Roma nos tempos do seu mais poder orgulhoso. Há uma convicção crescente nos homens de todo o mundo de que a questão laboral, a questão dos salários e a questão da terra não pode ser solucionada antes deste assunto de um governo super-capitalista internacional estar resolvido.

"Os despojos pertencem ao vencedor" diz um velho ditado. E, de certo modo, é verdade que se todo este poder de controlo foi adquirido e mantido por uns poucos homens de raça judia, então ou eles são super-homens contra quem é inútil resistir, ou são homens comuns a quem o resto do mundo tem permitido obter um grau de poder indevido e perigoso. A não ser que os Judeus sejam super-homens, os Gentios devem culpar-se a si mesmos pelo que tem sucedido, e devem procurar uma rectificação com uma análise da situação e um exame justo das experiências de outros países.

LV disse...

Diogo,

Escapa-me o alcance da longa passagem. Mas receio que tenha de ficar logo pela primeira linha: "Henry Ford – um capitalista …", é que me parece um equívoco considerar Ford um capitalista no sentido daquele que defende o mercado livre, porque ancorado no respeito por direitos naturais inalienáveis.
Foram muitos os empreendedores (das caminhos de ferro, ao transporte marítimo, petróleo e por aí fora) que dinamizaram muito os respectivos sectores de actividade, mas nem sempre no respeito pelo mercado livre. Não fossem eles grandes amigos e patrocinadores de quem chefiava as administrações políticas. E não é muito difícil dizer quem mandava em quem…
O que lhe parece que representa um problema maior:
- os empreendedores e as corporações (que só sobrevivem nas actuais circunstâncias) ou haver uma entidade que, a coberto de uma suposta legitimidade política, leva a cabo aquilo que interessa a essas corporações?

Saudações,
LV

JS disse...

Caríssimos Espectadores Interessados:
Por favor, cooperem de V/justiça, na análise de este "post".

http://www.zerohedge.com/news/2014-05-15/when-head-european-central-bank-lies-zero-hedge-record-presenting-europes-plan-z

Saudações JS.

Ps- Será que algum dos personagens mencionados neste "post" são judeus, de pedra e cal?. Aguardamos ansiosos esclarecimentos do comentador Diogo.

Diogo disse...

Caro LV,

O meu comentário, embora um tanto longo, parece-me que tem tanto de claro como de esclarecedor. É uma pena que não o tenha lido porque se trata de uma excelente lição de economia.

Quanto à sua resposta, não a percebi.

LV disse...

Diogo,

Confesso que o comentário que publicou ainda não o compreendi (nem se é integralmente da sua lavra ou se é uma citação).
Quanto a ser uma lição de economia… bem, pode ser uma forma de interpretar um tempo histórico, mas não uma lição de economia. Repare nas passagens:
- "Existe um super-capitalismo que é totalmente sustentado pela ficção de que o ouro é riqueza."; bom uma ficção? Ilusão… mas papel é mais ou menos ilusão? E que argumentos para suportar essa perspectiva?

- "E, de certo modo, é verdade que se todo este poder de controlo foi adquirido e mantido por uns poucos homens de raça judia, então ou eles são super-homens contra quem é inútil resistir, ou são homens comuns a quem o resto do mundo tem permitido obter um grau de poder indevido e perigoso."; bom esta passagem, então… que dizer? Devemos ser mais criteriosos na recolha de materiais para as lições de economia. Não acha?

A primeira resposta que lhe enderecei visava, apenas, sublinhar que não podemos esperar compreender o que é o mercado livre a partir da visão, exclusiva, destes magnatas.
Daí a pergunta que a encerrava.
Mas aceite este meu pedido: se pudesse que tese retirava do texto que publicou?

LV

Anónimo disse...

Porque é que os intelectuais e não só odeiam o capitalismo? Sugiro a Leitura da obra "The Anticapitalistic Mentality" de Ludwig von Mises. Tb. há tradução brasileira.

Fernão Magalhães disse...

Caro Diogo,
dado que falou de Henry Ford, gostaria de o recordar que Henry Ford foi um dos empreendedores que mais lutou contra o "crony capitalism", que perdeu a sua juventude a lutar por uma ideia que acabou por enriquecer a vidas a mais pessoas no mundo do que qualquer um outro intelectual o fez. Hoje não temos um capitalismo, temos um crony capitalismo que varre qualquer empreendedor para fora do sistema. Sugiro mesmo que leia a biografia de Henry Ford, que foi humilhado pela imprensa ao não saber responder a perguntas básicas sobre cultura, mas que teve do povo milhares de cartas de apoio. Sim o povo não vive num contos de fados, mas sim na realidade para a qual o Henry Ford contribuiu com a sua obra.

Obrigado ao Henry Ford e a todos aqueles que individualmente fizeram com que a nossa realidade de hoje esteja bem longe daquela que exitiu por muitos séculos de religião, feudalismo e
intelectuais....