sábado, 28 de abril de 2018

Vislumbre do Mal

"Então para si, só conta o lado moral da questão?"

Esta pequena pérola mostra em segundos o que, durante décadas, muitos evitam ver e outros tentam esconder. Evitar reconhecer as ramificações, as derivações e as esferas por onde se projectam o poder dos estados e de interesses especiais no seio dele (neste caso, claro, através dos meios de comunicação convencional) torna-se mais difícil. Deveria ser suficiente para promover uma "reacção popular" (notem-se as aspas) semelhante às que vamos assistindo globalmente acerca de questões de natureza e origem mais duvidosa.
Este vídeo é uma revelação da natureza de todo o sistema de poder. Em particular nos países que asseguram para si o estatuto de excepção no exercício do poder global, exibindo-se como paradigma de sociedades livres e justas.
Não reconhecer a extensão deste Mal é, só por si, participar dele.

Sem mais demoras, convidamos os leitores a ver o vídeo.


quinta-feira, 26 de abril de 2018

E a Primavera a começar


As narrativas multiplicam-se e os curadores europeus começam a mostrar as suas dúvidas acerca da saúde disto tudo.
Uma tese que li (de Alex Gurevitch e através de subscrição) aponta para um cenário diferente do que as imagens sugerem. Mas a diferença é relativa ao tempo em que se desenrolam os principais episódios. Logo atrás da prosperidade vendida pelos meios convencionais, há razões para suspeitar que a recessão está já aí. Aliás, Gurevitch afirma que dar conta dela é já estar nela.
E o seu raciocínio parece simples: nos EUA, as taxas subirão um pouco mais face à volatilidade que os índices bolsistas vão revelando e aos medos inflacionistas. O que agravará a situação e, de seguida com o mesmo desplante, os magos decidirão baixar as taxas novamente.
Segundo o mesmo autor, a Zona Euro mostra sinais ainda mais preocupantes. E o ponto de partida é ainda mais crítico (o BCE ainda está no modo fácil, digamos).

Há algum tempo que vamos assinalando a "orientação das percepções" e os seus mecanismos, como aqui.

E a Primavera a começar.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Um expresso. De instantâneos.



Começar a semana com uma visita ao catálogo de instantâneos. A realidade segue imparável nas mãos dos curadores.

Já por aqui se falou de construções em contraplacado, não já?

quarta-feira, 11 de abril de 2018

A desvalorização do cão que ladra


A China e o seu perpétuo presidente têm produzido eficazes respostas às iniciativas de Trump acerca da guerra comercial em curso. O que é irónico.
À superfície, pelo menos, podemos ver um país comunista a dar "lições de economia" ao país que o senso comum associa a ideais capitalistas. Curioso.
Será por isso que se têm multiplicado outros episódios de "projecção de força"?
Será?
E que dizer do cão que ladra?

quarta-feira, 4 de abril de 2018

São círculos, senhor.


O novo truque, ou jogo de palavras, que o ministro das finanças sacou da manga é eficaz. Eficaz, pois o escrutínio dos argumentos que suportam o "racional" (notem-se as aspas) da justificação de que a carga fiscal dos portugueses não subiu está ausente. Grande excepção o artigo de Ricardo Arroja.
Só discordaria do título. Não é um cisma aquilo que, julgo, Arroja quer evidenciar. Aquilo que o artigo bem mostra é a natureza da acção e discurso políticos, no que toca a estas ou quaisquer outras matérias. E a dissimulação, o entorse e a manipulação têm lugar central naqueles domínios.
Para mim basta a simples simples constatação do seguinte:

Ainda que a argumentação de Centeno fosse consistente, o que espanta é a ausência da consciência (de muitos, pelos vistos) de que a massa salarial dos portugueses podendo aumentar, também pode, pelo contrário, diminuir. Efectivamente, essa é uma variável sensível e exposta a conjunturas, desempenhos e articulações muito complexas que ninguém está em condições de garantir.
De natureza diversa, a carga fiscal (uma constante), que por decreto se determina e pela força se impõe, tende a ser estrutural, duradoura e inflexível na sua aplicação.

Apenas este detalhe deveria ser suficiente para rejeitar mais este truque dos curadores de serviço. Muito aquém do conhecimento e acutilância que Arroja expõe no artigo que escreve, esta simples estupefacção que aqui se indicou, julgo, seria suficiente para mostrar o abuso na acção e no discurso políticos.

Não há muito se assinalou a circularidade destes truques. Mas essa é a natureza do jogo a que somos obrigados a assistir.
No lado de dentro do círculo. De fogo.