sábado, 22 de janeiro de 2011

David contra Golias: ganha a mente humana

Os computadores são vistos por muitos como fetiches chegando mesmo a ser-lhes atribuída uma inteligência (quando não uma temperamentalidade...) com que cada um de nós, pobres humanos, somos impotentes. Curiosamente, apesar deste fetichismo, é também frequente ouvirmos falar em "erro informático" para explicar situações tão diversas quanto atrasos nos pagamentos de ordenados, notificações abusivas por parte das Finanças, etc.

Nestas coisas do Clima e da Meteorologia (mas também da econometria [Economia matemática]) é igualmente frequente ouvirmos, por parte dos responsáveis pelas departamentos das Universidades e Institutos onde se estudam estas disciplinas, reclamar por maior poder computacional para que as previsões resultantes da aplicação dos seus modelos (representações [muito] simplificadas da realidade que é objecto de estudo) sejam melhores, isto é: que a previsão e a realidade se aproximem.

Vejamos, por exemplo, o caso do Met Office, situado no Reino Unido, um dos principais centros mundiais dedicados à previsão no campo da Meteorologia e do Clima. Em Maio de 2009, foi instalado o supercomputador no valor de 30 milhões de libras, sensivelmente equivalente a 100 000 PC's e com uma memória de 15 milhões de megabytes (*).

Actual supercomputador do Met Office

Sucede que os resultados desta supermáquina têm sido superpobres. Previu que os Invernos de 2009 e 2010 fossem amenos e a realidade efectiva foi um frio de rachar acompanhado de um espesso manto de neve; previu que o Verão de 2009 fosse um BBQ Summer (um Verão barbecue) e o resultado foram inundações, etc.

Sucede que, enquanto o Met Office previa um Verão ameno para 2010/2011 havia quem previsse um novo Inverno muito rigoroso. Piers Corbyn foi um deles. Bryan Leyland, outro. Os dados que usaram são públicos e a ferramenta de eleição, esta:

Portátil comum

Assim, da próxima vez que ouvir dizer que houve um erro informático, tenha a certeza de uma coisa: a máquina não se engana, os homens que a programaram, sim. Inversamente, não é o computador que "acerta" ou "prevê". O homem, sim. Só ele. A máquina, essa, faz só que lhe disserem que faça.
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(*) - Depois das "barracas" sucessivas do Met Office, claro que os seus responsáveis as atribuem ao insuficiente (!) poder computacional de que dispõem (mais 20 milhões de libras/ano).

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