Estranhas eleições estas.
Um candidato(?), de origem insular, cuja mais-valia é a de propiciar alguns momentos Tiririca a uma campanha que corria morna e desinteressante.
Um candidato(?) empenhado no cumprimento de um percurso auto-sacrificial em defesa do perímetro do Partido, cujo precursor foi Octávio Pato nas presidenciais de 1976.
Um candidato(?) cuja utilidade se esgotou em “relançar” um assunto morto e enterrado há anos, poupando esse encargo a quem verdadeiramente interessa a exumação do cadáver.
Um candidato(?) cosmopolita conhecedor in loco de climas escaldantes de seca e húmidos de chuva, em qualquer caso no meio de horríveis catástrofes humanas e que o dr. Mário Soares apoia sem poder afirmá-lo de forma audível.
Um candidato, esse sim com aspirações a challenger, cujo principal atributo reside no timbre da sua bela voz que lhe bem assiste nas sucessivas tiradas tonitruantes quase fazendo esquecer o vazio absoluto do seu conteúdo. Um candidato apoiado pelos partidos políticos que mais se opõem entre si, o que tem como consequência, por incrível que possa parecer, esvaziar ainda mais o vazio pré-existente.
Por fim, um candidato incumbente do qual podemos ter uma certeza: dele não virão quaisquer surpresas. Para muitos, aí reside o seu principal activo. Para outros, infelizmente, Cavaco não quer ser o De Gaulle português. E ainda que, no curto prazo, tal traduza um alinhamento com a anomia colectiva que nos entorpece, pagaremos todos por isso. Ainda assim, não vejo como não o apoiar.
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Nota: também publicado hoje no Delito de Opinião
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