«Estão-se a multiplicar motins pelos países em vias de desenvolvimento. Tunísia, Algéria, Omã e mesmo o Laos estão vendo surgir protestos violentos em resposta à tremenda subida dos preços dos bens alimentares.
Na expressão de Abdolreza Abbassian, economista chefe da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, "[e]stamos a entrar em território perigoso".
O que se está a passar?
Uma tempestade resultante de um aumento da procura, de más colheitas por parte de alguns dos maiores exportadores mundiais (Argentina, Rússia, Austrália and Canadá) mas, e sobretudo, devido à acção da Fed a bombear moeda.
Se não acreditam, deêm uma olhadela ao gráfico abaixo que evidencia o andamento do índice das mercadorias agrícolas (Rogers Agricultural commodities index):
Como se verifica, só quando a Fed anunciou o seu programa QE lite é que se verificou uma explosão dos preços agrícolas bem acima da tendência de longo prazo. E caso houvesse dúvidas, o anúncio do QE 2 levou-os a níveis absolutamente estratosféricos.»
(Tradução minha de excertos do The Darker Side of Inflation… is Death no Zero Hedge)
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Nota: repare-se que nos países em vias de desenvolvimento o peso das despesas em alimentação no total dos rendimentos chega a atingir os 80 a 90% (contra 10 a 20% nos países desenvolvidos). Não obstante, esta fortíssima alta nas commodities (agrícolas ou não) não isenta os países desenvolvidos dos seus efeitos. Exemplo disso mesmo é o que se está a verificar nos EUA relativamente a toda a cadeia a juzante da produção de milho, onde a obrigatoriedade federal de adicionar etanol aos combustíveis (e a recente decisão da EPA de elevar a mistura de etanol de 10 para 15% nos combustíveis) constitui um factor adicional de escassez que tem como consequências, entre outras, o acéscimo substancial dos custos nas rações de animais, no preço da carne, etc.
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