Aos poucos vou-me reconciliando com os economistas profissionais portugueses relativamente à qualificação que fazem da política energética dos governos de José Sócrates. Agora foi a vez do Prof. Abel Mateus, meu antigo Professor, distintíssima personalidade que confirmou todas as suas qualidades de rigor e independência no mandato que fez à frente da Autoridade da Concorrência.
Em entrevista à Radio Renascença, Abel Mateus, desassombradamente, afirma quanto ao propalado efeito das ventoinhas na melhoria do saldo comercial:
«ainda hoje estive a olhar para a balança energética de Portugal, onde se diz que houve grandes poupanças, eu não vejo nada... o défice energético, em termos de importação de produtos, líquidos e gasosos, não se reduziu em Portugal... Quando se diz - e acho que o primeiro-ministro disse - que as eólicas já nos poupavam não sei quanto, não vejo onde está essa poupança.»...«O Governador [do Banco de Portugal, Vítor Constâncio] fez várias vezes afirmações no sentido que não nos devíamos preocupar com o endividamento externo porque era a mesma coisa de nos estarmos a preocupar com o endividamento do Atentejo relativamente a Portugal. Aqui houve, do meu ponto de vista, por um lado talvez ignorância, por outro lado, uma certa imprudência em relação ao tratamento destas questões».
Abel Mateus, por outro lado, para além de criticar a não criação pelo Governo de condições que permitam endereçar o principal problema de concorrência nos mercados petrolíferos em Portugal - que é o monopólio da refinação - por parte da Galp, alude também ao “papão” que se criou relativamente à vinda do FMI defendendo que o país “teria muito a beneficiar” com a vinda do fundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário